quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Made in Xapuri

Apesar do alto grau de confiança conquistado pelo ex-governador Jorge Viana junto ao povo do Acre no decorrer dos seus oito anos de mandato, era comum ouvir de muitas pessoas, até mesmo de correligionários do partido do governo, comentários pessimistas sobre o futuro de alguns dos empreendimentos idealizados pelo Governo da Floresta, como as fábricas instaladas nas proximidades de Xapuri. A oposição (se é que existiu oposição no Acre nos últimos anos) tachou os altos investimentos nessas indústrias de projeto eleitoreiro, que sofreria uma desaceleração líquida e certa depois da eleição do candidato do governador. Alguns seguidores e simpatizantes do governo, não raro, (mesmo que não se assuma isso em hipótese alguma) chegaram a duvidar que os planos de industrialização do estado com base nos princípio de desenvolvimento sustentável e valorização do trabalho, da cultura e da vocação extrativista do acreano pudesse se tornar um dia um fato consumado. Para esses, mesmo acreditando no desprendimento e nas boas intenções do governo, esse sonho era bonito demais para ser de fato real.

Quanto ao suposto projeto eleitoreiro, parece que a oposição se enganou. Pelo menos quanto à profecia de que os objetivos do governo seriam desvirtuados depois que a Frente Popular conseguisse a inédita continuidade pelo terceiro mandato de um grupo político no estado. Antes da conclusão do segundo mês de mandato do governador Binho Marques, a tal fábrica de pisos já acenou com a abertura de 150 postos de trabalho iniciais. Nessa semana que está transcorrendo, a fábrica de camisinhas, através de seus coordenadores, anunciou que durante o mês de maio a indústria será mesmo inaugurada pelo presidente Lula, em fase experimental de produção, ou seja, durante o ato de inauguração, as pessoas presentes ao evento vão poder ver pela primeira vez o processo de produção de um dos artefatos mais utilizados da atualidade em todo o mundo, fabricado com látex nativo. São mais 120 empregos diretos que estão surgindo, inicialmente, para minimizar a angústia de muita gente que sonha conseguir um emprego em uma cidade acometida de uma grave crise econômica, quase terminal, que há muito tempo não oferece oportunidades de trabalho que não sejam relacionadas de forma direta às fontes governamentais que, quando surgem, quase sempre são tratadas como moeda eleitoral.

Com relação aos pessimistas com o futuro desses projetos de desenvolvimento, não se pode tirar deles o direito de duvidar da incerteza daquilo que estar por vir. Mas é necessário aprender que só vence a guerra quem luta. E o povo do Acre há muito tempo, com algumas raras exceções, desistiu de lutar, combalido por uma sucessão de governos insanos, desastrosos, que transformaram o estado em uma terra de ninguém, onde imperava a lei do mais forte, do ponto de vista político e econômico. Infelizmente, a herança desse pensamento perverso e mesquinho ainda sobrevive em cidades como Xapuri, que atravessa um período obscuro na sua vida política e administrativa. Se os frutos dos empreendimentos do governo serão realmente doces no futuro, eu também não sei dizer. Mas posso garantir que essas iniciativas estão fazendo o povo do Acre, de maneira especial, de Xapuri, reaprender a lutar e a sorrir com as oportunidades que começam a surgir.

O futuro a Deus pertence, mas ele depende da forma como nós cuidamos do nosso presente agora. Xapuri, sem a menor sombra de dúvidas, vai estar produzindo muito brevemente, não apenas camisinhas e tacos de madeira, mas, também, produzindo pessoas dignas de conduzir os seus destinos e construindo um futuro melhor para as gerações que estão por vir.

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