terça-feira, 13 de março de 2007

2008: O jogo eleitoral já começou

Já percebe-se claramente pela movimentação e boatos dos bastidores da política local que as eliminatórias para o jogo eleitoral de 2008 já se iniciou. Esquemas já estão sendo montados e times escalados. Atento a isso tudo, o eleitor também já prepara suas táticas de avaliação dos futuros pleiteantes aos tão cobiçados cargos de prefeito e vereador. Ao que tudo indica, em uma análise superficial, o grau de exigência dos eleitores deve subir bastante nessas eleições. Muitos fatores antenaram mais o povo nos acontecimentos da vida política de forma geral. Luz para todos, antena parabólica e televisão no campo, a invasão das lanhouses (em toda esquina já tem uma). Todo mundo ligado. Todo mundo está por dentro de tudo.

Então, senhores jogadores, fiquem atentos.

Dez em dez xapurienses acreditam que as próximas eleições municipais serão determinantes para a mudança dos destinos da cidade que para muitos encontra-se historicamente refém de más administrações e do domínio de grupos políticos que não conseguem corresponder aos anseios populares, nem refletir na prática de suas gestões os ideais e tradições do povo que aqui vive. Depois de dois anos e alguns meses do atual projeto de administração, Xapuri vive um momento de descrédito no presente e de incerteza no futuro. De certo mesmo, só a convicção que muita coisa tem que mudar para que o futuro seja diferente do que aí está. Chegamos a um ponto em que mesmo reconhecendo que a administração que antecedeu a esta não foi nenhuma maravilha, somos obrigados a afirmar que em muitos aspectos ela deixou saudades.

É bem verdade que a administração, do ex-prefeito Júlio Barbosa, não deixou a cidade lá essas coisas. É verdade também que o último mandato de Barbosa não fez jus aos mesmos méritos dos avanços obtidos durante os primeiros quatro anos da gestão petista no município, que encontrou a cidade praticamente destruída, o povo sem esperança e os funcionários com 7 meses de salários em atraso. Mas Júlio Barbosa fez renascer a esperança dos xapurienses quando se elegeu prefeito, modernizou administração municipal, informatizou, reorganizou, criou um plano de salários e carreiras, enfim, era muito difícil naquela época encontrar alguém insatisfeito com o governo petista, principalmente depois que Jorge Viana chegou ao Palácio Rio Branco. Foi aí que Xapuri realizou um dos seus maiores sonhos: o ramal do entroncamento se transformou na Estrada da Borracha (os outros são a construção da ponta da Sibéria e o asfaltamento da Estrada da Variante). Era o fim de mais de 30 anos de sofrimento na lama, no período chuvoso, e na poeira, durante o chamado verão amazônico. Foram, sem sombra de dúvidas, os melhores anos vividos pelo humilde e trabalhador povo desta terra dentre a muitos outros de sofrimento.

No entanto, no mandato seguinte, como é comum ocorrer, em se tratando de administração pública, permitiram-se alguns descuidos, ocorreram desgastes, acomodação política, disputas de poder, envaidecimentos, vista grossa do Governo do Estado e centralização das decisões. Juntando-se a isso tudo, um incêndio mal explicado no setor de finanças da prefeitura, fato que utilizado incansavelmente pela oposição, fez com que a popularidade e a credibilidade adquirida no decurso de quase 6 anos ruíssem aos poucos, resultando naquilo que pode se considerar um dos piores desastres políticos da história recente da cidade: a ressurreição de um cadáver político, que fez renascer junto com ele, das entranhas do ostracismo e da também defunta Ditadura Militar, os fantasmas mais assustadores de um passado recente que, como em um pesadelo que não se finda, somos obrigados a sobreviver entre sustos e sobressaltos.

Com a proximidade cada vez maior das próximas eleições, a população do município se vê diante de um momento crucial para a definição do seu destino nos anos próximos vindouros. Xapuri tem sede de progresso, de liberdade, de paz e do resgate de seus valores históricos e culturais mais nobres e valiosos. E para isso, precisa fazer escolhas certas. A cidade não se pode mais dar ao luxo de apostar em incógnitas ou de fazer (ou refazer) experiências malucas, a exemplo do pleito passado. O povo de uma forma geral, os estudantes, comerciantes, funcionários públicos e donas de casas precisam participar desde já do processo que vai definir as opções que se apresentarão como postulantes ao cargo maior do município. Todas as decisões tomadas pelos grupos políticos atuantes na atualidade, relacionadas à sucessão municipal tem de ser pautadas em deliberações populares. Que se façam pesquisas de opinião junto à população. Que se pergunte ao eleitor o que ele acha desse ou daquele "prefeitável". Os candidatos devem possuir o perfil indicado pelo povo e não serem impostos ao eleitor, que sem opção confiável, pode reincidir em erros passados.

Os futuros governantes e parlamentares municipais devem estar investidos dos mais puros e sinceros sentimentos amor a essa terra e de fortes aspirações na trasformação da realidade atual em fiel comunhão com os desejos do povo. Não suportaremos mais prefeitos egoístas, aventureiros, prepotentes e pedantes. E muito menos, vereadores incapazes de fazer valer o seu poder fiscalizador e, acima de tudo, de propor e exigir realizações para o bem comum. O que se vê hoje é uma grande vergonha. Pode-se dizer que Xapuri não possui, na essência da função, de fato, Poder Legislativo. A figura importantíssima do vereador, representante legítimo dos interesses do povo, está apagada do cenário por causa dos conchavos, dos favores, do fisiologismo, dos empregos provisórios de sobrinhos, esposas, filhas e, em alguns casos, por causa da pura e gratuita falta de vergonha na cara mesmo.

É inadmissível a forma subserviente como os vereadores atuais se comportam diante do executivo. Esta, talvez, seja a principal mazela que assola a nossa sociedade do ponto de vista político-administrativo. Junto com isso está o clientelismo, o assistencialismo e outros 'ismos'. É hora de se fazer política como gente grande. Afinal, quem se abstem desse direito autoriza aos outros a fazer política por si. E a política é o instrumento fundamental para as mudanças que estão por vir. Acredite.

Política e politicalha*

"A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento. Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traz ainda todo o desprezo do objeto significado".

"Não há dúvida que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa

"Política e Politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de administrar o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis"

"A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada".

*Rui Barbosa

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