terça-feira, 27 de março de 2007

Lei do silêncio

Procurado nesta terça-feira (27) pelo repórter Joseni Oliveira para falar sobre a situação dos médicos que atuam no município, com relação à cobrança do registro pelo Conselho Regional de Medicina do Acre, o secretário municipal de saúde, Jéferson Matos, admitiu não poder prestar informações de interesse público, por força da portaria baixada pelo prefeito Wanderlei Viana em janeiro passado, que proíbe a funcionários e secretários conceder entrevistas a qualquer veículo de comunicação sem a sua prévia autorização.

Antes de ser um atentado ao princípio constitucional do direito à informação, a atitude tresloucada configura flagrante ato de desrespeito à liberdade de expressão e constrangedora exposição da imagem dos secretários, que amendrontados pelo autoritarismo desvairado do dirigente maior do município, optam por se calar diante da ameaça de serem exonerados de forma sumária dos seus valiosos cargos, dos quais parecem ser totais dependentes, e onde parecem estar mais por questões de retorno financeiro (proventos), que mesmo pela defesa da missão de prestar bons serviços à população.

É lamentável ver pessoas reconhecidamente sérias e respeitáveis, como é o caso do atual secretário de saúde, que já contribuíram tanto com o serviço público no município, se submeterem a esse tratamento degradante. Nada justifica esse absurdo. E a intimidação que gera subserviência não se limita apenas ao âmbito do poder municipal. Dias atrás até o gerente de endemias da Funasa, Élson Fadúl, preferiu não informar a população sobre o alto índice de insfestação predial pelo mosquito da dengue registrado na cidade. Apesar de não ser funcionário do município, o agente é subordinado à prefeitura, responsável pelas ações básicas de saúde.

A população de Xapuri está sendo cerceada no seu direito de se informar sobre o que acontece na cidade e na sua administração. Os únicos meios de informação utilizados pela prefeitura são uma TV que não informa, só acusa e insulta, um panfleto do tipo ventania, de teor difamante, cujo autor provavelmente se esconde de falcatruas do passado, e um blog, com perfil oculto, mas que possui algumas anotações subscritas por um jornalista vindo da capital (Arquibaldo Antunes), devidamente contratado para tentar justificar o injustificável. A expectativa é a de que com esse investimento em um profissional do ramo da notícia para assessorar a prefeitura, as informações comecem a chegar aos ouvidos do povo sem maquiagens.

Quem não deve não teme.

Nenhum comentário: