quinta-feira, 19 de abril de 2007

Agressão não é civilidade

Flaviano Schneider (Jornalista)

Não sei se intencionalmente, o jornalista Elson Martins, na edição de ontem de A Gazeta, apresentou o pior argumento contra a prospecção de petróleo e gás no Acre: o ataque gratuito, quase ofensivo ao senador Tião Viana. "Petróleo não é progresso", diz ele. No mesmo tom, eu afirmo: agredir não demonstra civilidade.

Elson alega que o senador "embora inteligente" não presta atenção à sabedoria dos habitantes da floresta; que a floresta é apenas um discurso para o senador, para obter sucesso; que o senador está sempre ‘catando’ propostas estranhas e ameaçadoras ao meio (só não explicou que meio, se é o meio ambiente, ou se é em nosso meio).

Eu que o tenho na conta de um guerreiro ponderado, o vejo exaltado e nada propenso ao diá-logo. Ora, Elson, você é amigo, irmão nosso, tem uma salinha agradável para trabalhar. Por que você não convidou o Tião para um cafezinho e apresentou a ele seus argumentos. Assim, poderia ter conversado com ele e ouvido os argumentos dele também. Poderia ter seguido o exemplo do Padre Paolino que, embora tenha reservas em relação ao petróleo, jamais agrediu o senador. O que fizeram os dois: reuniram-se numa noite dessas e debateram demoradamente os prós e os contras. Em nenhum momento, o Padre Paolino demonizou o Tião como você fez, por ter trazido à tona o assunto da prospecção. Ninguém saiu diminuído do diálogo entre eles.

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Alguns comentários no post original:

Anônimo disse...

Altino,

Sem levar em consideração que 90% do artigo é pura propaganda política e puxasaquismo, o que é uma marca do atual jornalismo acreano, esta frase foi a que mais me chamou a atenção: "Ora, Elson, você é amigo, irmão nosso, tem uma salinha agradável para trabalhar."Olha, enquanto jornalista pagos com nosso dinheiro estiverem enclausurados em salinhas agradáveis de gabinetes, o Acre vai continuar dando passos para trás.

Dá um imenso nojo, por exemplo, olhar as principais manchetes de todos os jornais acreanos e ver estampadas as "ações" de senadores, deputados, prefeitos... parece coisa da Sucupira de Jorge Amado.

Platão disse...

Concordo, concordo, concordo, concordo com todos. Vamos tomar Daime juntos, os prós e os contra. Depois uma pêa de Kambô lá nos Katukinas pra receber cura. Em seguida caissuma pra matar a sede. Só assim veremos o melhor caminho. Agora, interessante que esse debate ocorra com a esquerda no poder. Se fossem os conservadores, não haveria debate com índio, religião, sindicato. O debate seria na rua em passeatas tendo a frente os políticos da esquerda, os mesmos que hoje defendem a exploração mineral na Serra do Dividor ou na terra dos Ashaninkas. O Acre é muito legal.

Anônimo disse...

Acompanho à relativa distância - do Amazonas - essa pendenga toda. Gostaria de estar aí, no Acre, vivendo toda essa ebulição de perto. Aliás, gostaria muito é de morar no Acre. Estou equidistante dos dois lados envolvidos na questão da "prospecção". Acho que ambos têm suas razões. Mas sinto que a "oposição" ao projeto está por demais exaltada, escrevendo com o fígado, fora de si, até. Não concordo com o tom do artigo do Flaviano, chapa branquíssima, mas ele está certo ao falar que a honra e o caráter do senador estão sendo questionados. Todo um trabalho jogado por terra em razão deste projeto. Se falta debate, transparência, de um lado, está faltando civilidade, cortesia, racionalidade, do outro. Os do contra estão por demais histéricos. É ísso.

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