quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A placa que caiu

A queda da placa que anuncia o “Complexo de Empresas Públicas de Xapuri”, nome pomposo para designar o conjunto formado pela cerâmica municipal e pelas fábricas de carvão e vassouras ecológicas, ocorrida na tarde desta quinta-feira, pode ser considerada como um fato sintomático da situação que esses empreendimentos enfrentam na atualidade, pela falta de seriedade e de compromisso com que estão sendo gerenciados.

Das três “empresas”, apenas duas realmente existem, e dessas apenas uma tem razão de existir. Explico: a tal fábrica de carvão não passa de lorota do prefeito. O que de fato há são apenas alguns fornos que não estão sendo utilizados para nada. A fábrica de vassouras até que é uma boa idéia, emprestada pelo gabinete do senador Geraldo Mesquita, mas nas mãos de quem não possui hábito nem intenção de bem administrar, fadada está ao mesmo destino que teve a placa que lhe anunciava. Das três, a cerâmica é a única alternativa viável para gerar emprego e renda dentro das condições do município, desde que fosse, também, gerenciada com zelo e responsabilidade, o que não é o caso.

Com menos de dois meses de funcionamento há rumores de que a fábrica de vassouras pode fechar. Os sussurros partem de lá mesmo, da boca dos funcionários contratados e que até agora não viram um mísero centavo resultante da sua força de trabalho. Alguns, inclusive, já largaram o serviço, desacorçoados das promessas vazias de que teriam um salário ao final de cada mês. Das quase 10 centenas de vassouras produzidas, boa parte foi doada pelo prefeito a visitantes ilustres. Como a renda dos funcionários depende da venda das vassouras, eles estão a chupar o dedo enquanto o prefeito faz o seu marketing pessoal.

Funcionários da Cerâmica Municipal, que também estão com seus salários atrasados, informam que o prefeito propôs a eles queimar uma caieira de tijolos para com a sua venda poder pagar os trabalhadores da fábrica de vassouras. A proposta não foi aceita pelos oleiros que não sabem o que está sendo feito dos tijolos que são assados ali. Segundo alguns, que não se identificam por temer represálias, os tijolos são vendidos “por fora”, ou seja, o dinheiro não entra na conta do município. O assunto ainda corre à boca miúda, nas esquinas e mesas de bar das redondezas, mas deve acabar se transformando em denúncia.

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