quinta-feira, 24 de abril de 2008

Vista aérea de Xapuri: falta uma ponte


Na parte de cima, a área central da cidade, envolta pelo Rio Acre; no canto superior direito, está a foz do Rio Xapuri. Na parte de baixo, o bairro Sibéria, separado do restante da cidade pelo primeiro rio (Acre). A construção de uma ponte ligando as duas partes é uma das principais reivindicações da população local na atualidade. A comunidade da quente Sibéria acreana se ressente do isolamento imposto pelo rio e das dificuldades para quem é obrigado a fazer o trajeto diário entre o bairro e o centro da cidade, principalmente os estudantes.
O assunto tem sido motivo de polêmica entre grupos políticos, mas nenhuma discussão concreta se estabelece sobre a justificativa ou viabilidade de uma obra deste porte. Durante a inauguração da Fábrica Natex de Preservativos Masculinos - que seria uma possível justificativa para a construção da ponte, pelo fato da maior parte dos postos de recolhimento do látex estarem do outro lado do rio - moradores do bairro se manifestaram a favor da ponte com faixas e cartazes na chegada da comitiva do governador Binho Marques ao aeroporto de Xapuri.
O movimento, liderado pelo líder comunitário João Jorge Cosmo da Silva aborreceu algumas lideranças petistas no município que consideram que o presidente da associação de moradores do bairro se aproveita do tema para se promover politicamente. João Jorge garante que ao participar de um encontro na zona rural de Xapuri, no ano passado, o senador Tião Viana teria se comprometido em colocar o assunto na pauta de discussões com o governo estadual. O senador nunca se pronunciou publicamente sobre esse fato.
Em Xapuri, a maior parte das pessoas consultadas sobre o assunto da ponte, independentemente do local da cidade onde residam, são favoráveis à sua construção sem, no entanto, saber explicar no que a mesma traria vantagens para o desenvolvimento do município. Se traria apenas facilidades para a travessia de pessoas e da escassa produção rural ou se realmente se constitui numa necessidade vital. Atualmente, o governo do estado trabalha na conclusão de uma rampa para o embarque e desembarque de veículos entre as duas margens do rio, cuja travessia é feita através de uma balsa.
A grande verdade é que a ponte é mesmo uma realização necessária e a sua construção é uma questão de tempo para se tornar imperiosa. Resta saber o que esse tempo representa em termos reais, concretos. Se dias ou meses (o que é impossível); se anos ou décadas. É um tema que tem que ficar bem distante das pendengas políticas paroquianas e ascender a um nível de discussões sério e racional, desprovido de opiniões absurdas e idéias mirabolantes como a que veiculou o apresentador do tal Jornal Xapuri (ele de novo), Josimar Tavares, assessor de comunicação do prefeito Vanderley Viana.
De acordo com o que afirmou o negativamente imaginativo apresentador em seu programa televisivo, a passarela para pedestres construída em Rio Branco pelo ex-governador Jorge Viana foi resultado do desvio de recursos do projeto que já havia sido aprovado para a construção da ponte de Xapuri. Pode parecer brincadeira de minha parte, mas a informação foi transmitida aos xapurienses tal qual descrevo aqui. Impossível saber se absurdos como esses são fruto de mera ignorância ou de pura má-fé, não descartando a ocorrência das duas alternativas.
Opiniões esdrúxulas, informações mal veiculadas e manifestações sem sentido só dificultam que este assunto tão importante para Xapuri ganhe a dimensão séria que realmente merece. Para se tornar uma proposta coerente e visível aos olhos do governo a idéia deve primeiro ser discutida exaustivamente no âmbito local, entre os diversos setores da sociedade, para se transformar em uma demanda geral e unânime, e não de apenas um segmento ou grupo político. É consenso, no entanto, que no atual momento Xapuri não vive um momento político favorável a uma discussão desse nível.
Talvez com a efetivação de algumas mudanças a curto prazo, do ponto de vista do atual nível de gestão municipal que Xapuri possui, os debates acerca do desenvolvimento do município passem a caminhar de forma mais promissora. A atual ausência de diálogo e bom senso na condução da política municipal ditam a regra de atraso e estagnação social e econômica a que estamos submetidos na atualidade. Os tempos, no entanto, já estiveram mais difíceis e mais distantes de uma solução eficaz.

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