sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Caex reage à crise

A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri quadruplica volume de castanha comprada em 2008 com relação à safra passada e ensaia recuperação da crise que quase a leva à bancarrota.

A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Caex), criada em 1988 ainda sob a coordenação do líder sindical Chico Mendes, com objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha e da castanha a figura indesejável do atravessador, está começando a mostrar os primeiros resultados contra uma crise que quase a leva à falência nos últimos dois anos.

O presidente da Caex, Luís Íris de Carvalho, anunciou nesta quinta-feira (11) o recorde no volume de compra de castanha - um dos esteios da empresa, junto com a borracha - obtida pela entidade em 2008. Até o momento, a Cooperativa já comprou, direto do produtor, 26 mil latas de castanha, volume que já garantiu à empresa uma renda de R$ 25 mil com a comercialização da produção.

Na safra passada, o volume comprado pela Caex não passou das 6 mil latas de castanha. Dificuldades financeiras e dívidas herdadas da administração passada da instituição foram as principais razões do mau desempenho do ano passado, segundo Luiz Íris, tanto com relação à compra da castanha quanto da borracha.

Há dois anos a Cooperativa não acessa os recursos do Programa de Compra Antecipada da Castanha que são disponibilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em virtude da não prestação de contas de exercícios anteriores. A Caex tenta sanar uma dívida com o órgão federal de mais de 1 milhão de reais.

A crise afetou também o mercadinho da Cooperativa que chegou a ficar praticamente sem nenhuma mercadoria nas prateleiras e com a folha de pagamento dos funcionários atrasada por vários meses. Hoje, o comércio está em recuperação, com um estoque de R$ 27.600,00 e com um faturamento mensal de R$ 3.700,00 e pagamentos em dia.

As notícias também são positivas para o produtor. O preço da lata de 10 quilos da castanha, que andou na casa dos R$ 8,00 no início do ano está girando agora em torno dos R$ 15,00.

A usina de beneficiamento Chico Mendes também está apresentando resultados positivos. Com uma capacidade de processamento de 30 mil latas de castanha por mês, a usina presta ainda serviços de beneficiamento para a Cooperacre de dois em dois meses, o que gera um lucro de R$ 12 mil ao mês.

Empregando no momento 38 funcionários, a usina Chico Mendes é gerenciada, atualmente, pela Sociedade Castanheira da Amazônia que é formada, além da Caex, também pelas empresas R. Bertolino – Castanha Beija-flor e a Cooperacre - Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre.

A previsão de Luís Íris de Carvalho é de que até o final deste mês todo o estoque de castanha comprada pela Cooperativa seja vendido para o mercado nacional. De acordo com ele, a próxima meta da Caex é obter bons números também com relação à compra da borracha, que começa agora em setembro, com a previsão de compra de 15 toneladas mensais.

Um comentário:

xapuriense disse...

Texto produzido sobre Xapuri, apenas com a emoção. Nem a revisão foi feita.

Xapuri, antes conhecida como a “princesinha do Acre”, hoje virou uma pobre plebéia. Isso é fato. O mais grave é a constatação que Xapuri foi a cidade do interior que, nos últimos anos, reuniu as melhores e maiores oportunidades para se desenvolver. Entretanto, parece ter perdido o bonde da história. A titulo de ilustração da real situação do município destaco uma informação recente que tive acesso, fornecida por autoridade policial: as “bocas de fumo” aumentaram de duas para vinte e quatro. Isso mesmo, vinte e quatro (em uma cidade com pouco mais de 14.000 habitantes). Há coisas que só acontecem com meu botafogo e com Xapuri. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

A sensação que tenho quando estou em Xapuri é de que a população perdeu totalmente as esperanças no futuro. Em função disso, muitos estão mudado para a capital ou estão indo fixar residência em Brasiléia. No meu caso, estou chegando ao absurdo de evitar ir até Xapuri nos finais de semana, mesmo sob protestos de dona Aurélia e seu Estevão que ainda moram por lá. É que quando anoitece e vejo minha cidade totalmente deserta, me dá um aperto no peito que não tem como descrever. Uma melancolia, sei lá.... A cidade parece fantasma, ninguém circula pelas ruas, não existe opções de lazer, um bom restaurante ou pizzaria, nada. Apenas as drogas licitas e ilícitas oferecidas aos jovens xapurienses sem esperança. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

Esporte e cultura para a população, nem pensar. Até o tradicional campeonato xapuriense de futebol parou de acontecer. Sem falar nos desfiles de “sete de setembro” que acabaram por completo. Findou também a famosa “boateca” para a moçada jovem, que sempre acontecia aos domingos como uma espécie de aperitivo para a “boate”, logo após a missa das 19h00min. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

A infra-estrutura está precária, a administração atual parece ter perdido totalmente o senso de estética como afirmou o bom xapuriense Zé Cláudio Mota Porfírio em recente artigo no “Pagina 20”: “...é ruim ver o calçamento em frente à Igreja de São Sebastião, uma obra de arte, ter sido destruído; assim como é triste ver aquela porcaria que ficou a praça do Terminal Rodoviário, hoje um aglomerado de botequins de mal gosto”. Por incrível que pareça em Xapuri os espaços públicos estão sendo privatizados, como a Praça da “Coronel Brandão” onde um boteco foi erguido exatamente no local de um canteiro de flores. O “mercado dos colonos”, em frente da maçonaria, é outro exemplo: nos finais de semana um botequim funciona em suas dependências. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

O comércio está na UTI, o extrativismo tradicional sem perspectivas, as famosas fábricas construídas pelo Governo que gerariam milhares de empregos e renda ainda não funcionaram pra valer (a de “pisos” faliu antes de iniciar a produção e a de “camisinhas” ainda patina com as “desculpas verdadeiras” do Governo de que falta autorização da ANVISA). Até o festival de praia, no dia que acontece faz um frio danado. Como disse, existem coisas que só acontecem com Xapuri e com o Botafogo. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

O mais grave é que, em Xapuri, comumente escuto as pessoas reclamando muito do Prefeito atual, do anterior, da Zona Franca Boliviana, da Zona de Livre Comércio de Epitaciolânida, do Governo do Estado que esqueceu da cidade após a eleição de Wanderley Viana, etc.,. Ou seja, a situação do município para a maioria da população é culpa de tudo e de todos, menos deles próprios que, acomodados, esperam que alguém resolva as coisas. É hora de virar o jogo, antes que seja tarde.

Para virar o jogo, e depois vencer de goleada, o primeiro passo é a população mudar de atitude. Em seguida, deve-se iniciar o processo de construção coletiva daquilo que chamo “visão positiva de futuro”. Mas para isso é preciso lideres, matéria-prima escassa atualmente “pelas bandas de lá”. Que saudades de Chico.

Carlos Estevão Ferreira Castelo

publicado no blog www.carloscastelo.blospot.com