domingo, 22 de março de 2009

Xapuri: 104 anos da cidade de Chico Mendes



A mais mundialmente conhecida cidade acreana está completando hoje seu 104º aniversário de fundação sem muitos motivos para comemorar. Dona epítetos gloriosos como "Berço da Revolução Acreana" e "Princesinha do Acre", Xapuri vive do passado. A revolução já tem mais de 100 anos e o seu melhor período de progresso e desenvolvimento, que lhe rendeu a nobre alcunha, remonta da primeira metade do século passado, talvez.





Até Chico Mendes, derradeiro de uma lista de grandes vultos que a cidade se acostumou a produzir - e este o grande responsável por toda a notoriedade que Xapuri possui no Brasil e no mundo -, já faz parte de um tempo que parece muito distante, apesar de fazer pouco mais de 20 anos, apenas, que seu corpo e seus ideais foram enterrados no longínquo dezembro de 1988.

"Terra do já teve" é outra designação, essa pessimista, da realidade de Xapuri. A cidade já teve, realmente, muita coisa que hoje já não existe. Cinema, desfile de escolas de samba, comércio esplendoroso, um futebol recheado de craques, uma das melhores instituições educacionais da região Norte - o colégio Divina Providência -, entre outras tantas que já se vêem nos dias atuais.

Assolada por sucessivas administrações que oscilaram entre o ridículo e o catastrófico, a cidade aparenta haver parado no tempo. Os visitantes, quando retornam ao lugar, sempre encontram a mesma coisa, e quando há mudanças visíveis, geralmente estas são para pior. A última administração, de Vanderley Viana, institucionalizou o caos e meteu a atual, de Bira Vasconcelos, numa camisa de onze varas.



Em pouco menos de 3 meses de trabalho, a nova gestão ainda não conseguiu se desvencilhar da herança maldita recebida junto com a faixa de prefeito. Enrolada em dívidas anteriores, algumas absurdas, como, por exemplo, R$ 30 mil em diversas linhas telefônicas usadas por assessores do ex-prefeito, a prefeitura tenta se organizar para engrenar um conjunto de ações impactantes que nudem o visual da cidade, que ainda tem a cara de Vanderley Viana.

Quando assumiu o cargo de prefeito, em janeiro deste ano, Bira Vasconcelos apregoou que Xapuri passara, já, por três revoluções: a Revolução Acreana, chefiada por Plácido de Castro; a revolução ambiental, liderada por Chico Mendes; e a revolução da ética, que teria o levado à vitória nas últimas eleições. Sugiro, então, que seja feita mais uma revolução: a da transformação da cidade em um lugar que corresponda minimamente à fama e à grandeza da história que possui.

Esse, sem dúvidas, será o grande presente que a população espera receber nos próximos aniversários da nossa cidade. Parabéns a Xapuri e à sua gente honesta e trabalhadora, que labuta todos os dias para ver tempos melhores em um futuro não muito distante. Apesar da consciência de que muitas das parasitas que sugam a vida de Xapuri continuam presentes, acredito ainda ser maioria a parcela da população que comunga desse mesmo objetivo.

Um comentário:

xapuriense disse...

“a maior revolução do nosso tempo é a de que os seres humanos, ao mudarem as atitudes internas de suas mentes, podem mudar os aspectos externos de suas vidas” (William James)

Xapuri, que completou 104 anos no ultimo 22 de março, foi berço da revolução acreana e, por muito tempo, reconhecida com méritos como a “princesa do Acre”. Hoje, infelizmente, a “princesa virou plebéia” e os cidadãos xapurienses encontram-se em compasso de espera, novamente. Agora a espera é por “Bira”, Prefeito petista que assumiu no início de 2009. De longe, me parece que os cidadãos se acomodaram. Esqueceram o passado de lutas e, atualmente, vivem a esperar que os outros resolvam seus problemas (governos principalmente).

Eu defendo que Xapuri não pode mais esperar, por ninguém. Chega!! É preciso mudar as coisas e, para isso, o primeiro passo é modificar atitudes. Só assim o futuro dos xapurienses poderá ser reinventado. Defendo que Xapuri necessita iniciar, urgentemente, um processo de construção de sua “visão positiva de futuro”. É hora de para de reclamar, esquecer o Wanderley, o “já teve”. O momento é de iniciativa. Pena que o processo de criação de visão necessita de lideres (visionários) e Xapuri está carente dessas criaturas.

Incomodado com a situação sugerir em artigo recente, publicado no blog “Xapuri Agora”, um modelo de administração societal para a “velha princesa”. Uma maneira de administração com radical participação popular, onde as práticas comuns da gestão privada teriam pouca importância e o foco seria no cidadão, não no cliente. Infelizmente, muitos não entenderam a mensagem. Nessa maneira de gerir a “coisa pública”, inventada por teóricos ligados a partidos de esquerda (se é que existe isso), um planejamento verdadeiramente participativo seria o ponto de partida. Como seria bom se “Bira” saísse do escritório e convocasse a população para que os próprios cidadãos decidissem sobre o futuro da cidade, com certeza estariam mais comprometidos. “Bira” não pode repetir erros passados de passar a decidir sozinho (ou com poucos “iluminados”) todas as coisas pela população.

Concordo com Raimari quando sugere que seja feita mais uma revolução: “a da transformação da cidade em um lugar que corresponda minimamente à fama e à grandeza da história que possui”. Só acho que para a revolução acontecer, a população deverá ser protagonista, não os Governos.

Carlos Estevão Ferreira Castelo
Possui as seguintes paixões na vida: Família, Xapuri e o Botagogo.




















Para reforçar o argumento relato o seguinte caso: certa vez, um amigo nordestino que trabalha no SEBRAE/RN resolveu visitar Xapuri, ora bolas, era a terra de Chico Mendes que ele admira muito, principalmente pelo que tinha ouvido falar do “grande líder dos seringueiros”. Após rápidas pedaladas e muito papo (convidei-o para conhecer a cidade de bicicleta) meu confidenciou que a situação da “velha princesa” parecia com uma cidade nordestina que havia visitado.

intrigado com a comparação solicitei para que fosse mais específico, foi então que contou-me a seguinte: disse que certa vez, visitando a trabalho duas cidades nordestinas, verificou que o grau de desenvolvimento em ambas era bastante diferente. Em uma, o comércio crescia e existia indústria, as famílias possuíam mais renda e o dito “desenvolvimento” parecia acontecer. A cidade até exportava frutas para a Europa. Na segunda cidade, que ficava “do outro lado do rio”, a situação era completamente diferente. Pouca renda e muita pobreza, comércio fraco, indústrias nem pensar. A cidade dependia quase que exclusivamente de transferências do Governo. Para ele, a situação era intrigante principalmente porque somente um rio separava as duas localidades. O que poderia está acontecendo para graus de desenvolvimento bastante diferentes? Investigando, meu amigo percebeu que no lado mais pobre, localizada no Estado da Bahia, todos esperavam o “painho ACM” resolver as coisas. Eram completamente dependentes do velho político. Na outra, diferentemente, os cidadãos eram os protagonistas. Portanto, sem um “painho” para resolver, tomavam a iniciativa e realizavam. Guardadas as devidas proporções, a situação pode trazer grandes lições para Xapuri.