sábado, 18 de abril de 2009

100 dias



A equipe de governo do prefeito Ubiracy Vasconcelos está reunida desde ontem, na pousada Villa Verde, do italiano Michelis, para avaliar os 100 primeiros dias da nova administração de Xapuri. Essa é a primeira vez que Bira Vasconcelos avalia o trabalho que, segundo ele mesmo admite, não provocou grandes mudanças na situação desastrosa em que a cidade foi abandonada pelo último prefeito.

É uma grande verdade que Vanderley Viana também recebeu a cidade em mau estado das mãos de Júlio Barbosa que, por sua vez, também herdou um desastre de José Menezes e daí por diante. Verdade ainda maior é que faz muito tempo, mas muito tempo mesmo, que Xapuri não sabe o que é uma boa administração. Quando não há bandalheira, há desleixo quando não ocorrem os dois juntos.

Em minha opinião, a maior importância deste encontro de avaliação e projeção de possíveis ações para os próximos meses e anos é a possibilidade de se fazer uma forte reflexão sobre um modelo de gestão adequado para a realidade de Xapuri, uma pequena cidade amazônica como tantas outras, mas com muitas diferenças e particularidades que merecem atenção especial em qualquer planejamento de governo.

Berço da Revolução Acreana e do movimento liderado por Chico Mendes, seja ele ambiental, agrário ou social (ou mesmo uma mistura de tudo isso), Xapuri não corresponde, por meio da situação estrutural da cidade, da consciência política e ambiental de sua população, além de outros outros motivos e fatores, à toda importância histórica e à conotação ecológica que possui.

Aqui, se valoriza cada vez menos a história e se desconhece cada vez mais o verdadeiro sentido de ecológico ou ambiental. Do ponto de vista da ética, nem se fala. Ouvi críticas contra o prefeito porque este determinou que um processo de contratação provisória de funcionários fosse realizado de forma democrática e transparente. Xapuri já foi, até ontem, a terra do nepotismo descarado.

A atual administração está, nesse momento, debaixo de uma chuva de críticas e reclamações. A maioria, injusta e sem fundamentos, atirada por aqueles que se omitiram de abrir as bocarras para dizer um "ai" durante os últimos quatro anos ao mesmo tempo em que mamaram nos úberes da viúva. Muitas das críticas, no entanto, são justas e devem ser vistas como contribuição pela equipe de governo.

Vou citar dois exemplos de situações que todos achavam que deveriam ter sido solucionadas de forma imediata, já em janeiro, mas que foram deixadas para depois ou então resolvidas de forma equivocada. A primeira é o internacionalmente conhecido buraco das proximidades da Casa de Chico Mendes, que continua do mesmo que jeito que estava no ano passado. A segunda é a rua do Ibama (João Antônio de Carvalho) que, depois de uma intervenção errada, ficou pior que antes.

Na situação em que a cidade está, esburacada e com uma rede de esgotos precária, onde existe, não se pode fazer nada na euforia ou na pressão, seja da população ou da oposição, sem que se tenha nas mãos um planejamento bem elaborado. Bira, que é sensato e comedido em sua maneira de agir, se deixou levar pelas críticas e cobranças e fez errado. Ele admitiu isso em conversa comigo nesta sexta-feira.

"Acredito ser possível que, a partir de agora, com o final do rigoroso 'inverno amazônico' e com a prática do planejamento sério que tanto defendo, e que já está acontecendo neste fim de semana, as mudanças que todos esperam comecem a acontecer. De forma lenta, mas dentro das reais possibilidades do município, e, mais importante do que isso, dentro do que reza a lei. Eu não vou me enrolar", garantiu ele.

"Passados os 100 dias, daqui pra frente nem a chuva será mais desculpa", disse, finalizando a conversa, um sorridente Bira Vasconcelos, apesar da crise, da pressão e, enfim, desta grande encrenca em que se meteu que é o desafio de tentar transformar a tão famosa e decadente Xapuri num lugar melhor para se viver.

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