quinta-feira, 30 de julho de 2009

Raimundo Melo

Morreu nesta quarta-feira, em Rio Branco, aos 77 anos de idade, o servidor público federal aposentado Raimundo Francisco de Melo, pioneiro no serviço de radiodifusão e radiotelegrafia em Xapuri. Ele foi o criador da “Raimelo”, emissora de caráter comunitário que animava as noites da cidade após as missas de domingo, na década de 60. Melo foi também candidato a prefeito de Xapuri no ano de 1986, presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB – no município e membro da Loja Maçônica Bandeirantes do Acre Nº 01, onde seu corpo está sendo velado. O sepultamento ocorrerá nesta quinta-feira, às 17 horas, no cemitério São José, nesta cidade.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Porte de armas

Secretaria de Segurança acata recomendação do MPF

Altino Machado

A secretária de Segurança Márcia Regina acatou uma recomendação do Ministério Público Federal. Está na edição do Diário Oficial do Estado desta terça-feira a portaria que estabelece normas de segurança pública relacionadas ao ingresso e à permanência de pessoas com porte autorizado de armas em eventos públicos.

Desde 2004 um decreto federal restringe o porte de armas de fogo em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de eventos de qualquer natureza.

A Secretaria de Segurança decidiu que, nos eventos realizados em ambientes fechados ou com revista pessoal para o ingresso, deverá ser disponibilizado, pela organização do evento, local adequado à guarda das armas dos detentores de porte de arma para defesa pessoal.

A guarda das armas deverá ser precedida do preenchimento de documento de identificação do portador e da arma, no qual serão consignadas todas as características essenciais, bem como informações relativas à quantidade de munição existente. Os locais de guarda das armas deverão ser dotados de sistema de segurança.

A restrição não se aplica aos integrantes das Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros.A secretária revogou a portaria nº 1.035, de 4 de outubro de 2007, que proibia a entrada de qualquer pessoa, inclusive policiais, portando arma, em locais que promovam eventos culturais, esportivos ou artísticos.

A portaria gerava conflitos entre a Polícia Federal e a Polícia Militar, além de abertura de procedimentos de persecução criminal. Ela podia ser considerada crime de usurpação da função pública porque não cabe à Secretaria de Segurança Pública regulamentar porte de arma de agentes públicos ou autoridades federais.Que tudo isso sirva para conter a crescente violência no Acre.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Certificação de Unidades Produtivas

Miriane Teles, Assessoria Sismat

Valmir Aquino, filho de seringueiro, tem uma colocação há oito anos em um assentamento em Xapuri. A propriedade com 40 hectares tem produção diversificada e sustentável de frutos, madeira legal e seringa. Suas terras estão inclusas no Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Floresta.

Na última sexta-feira, técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, da Secretaria Municipal de Xapuri e representantes da Câmara de Vereadores se reuniram na propriedade de Aquino para apresentar a Política de Valorização do Ativo Ambiental, enfocando o programa de Certificação de Unidades Produtivas. A intenção é apresentar o programa para a comunidade e os benefícios que o plano pode oferecer para os pequenos produtores do estado.

A Certificação de Unidades Produtivas é um programa que compõe a Política de Valorização do Ativo Ambiental. Ele tem sua execução a longo prazo, na qual o produtor faz uma adesão voluntária e à medida que implementa em sua propriedade práticas sustentáveis se certifica nos níveis: básico, intermediário e pleno. A Certificação valoriza o produto, dá alternativas ao produtor, assim como apoio técnico, o que garante que o governo beneficie com políticas públicas e, consequentemente, gere melhoria da qualidade de vida.

"Nós viemos até aqui, porque a propriedade do seu Valmir a nível de município é uma referência, enquanto os moradores do entorno estão criando gado e tendo roçados, ele está enriquecendo capoeiras e trabalhando com adubos orgânicos. Um exemplo que mostra claramente que dá para manter os recursos naturais e produzir. Um exemplo bem orientado pode fazer a diferença em uma região" explica o técnico do departamento de Difusão Ambiental da Sema, Adriano Santos.

Além de apresentar a política, os técnicos conheceram a propriedade e opções produtivas que podem vir a ser desenvolvidas naquele terreno em particular. E então houve uma troca de experiências entre as práticas do produtor, as técnicas da equipe e as possibilidades das políticas públicas.

"Eu não conhecia a política de valorização do ativo, e eu vi que me cadastrando ao programa de certificação vou ter benefícios" afirma o produtor. Com o interesse da localidade, os técnicos vão dar continuidade à demanda, fazendo um trabalho em adjunto.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O frei, a floresta e o reino da Dinamarca

Jorge Viana

O mundo inspira novos ares, ou pelo menos tenta se inspirar para a busca de algo novo no Reino da Dinamarca. É que o concerto das nações já vive as preparações da Conferência do Clima em Copenhague. Ou a 15 Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que acontece em dezembro próximo para consolidar um novo acordo mundial em substituição ao Protocolo de Kyoto.

Rumo a Copenhague, cada um se prepara como deve e pode. Em abril passado, 175 nações se reuniram em Bonn, Alemanha, abrindo oficialmente as discussões e deixando claro que a restrição das emissões de gases estufa terá o maior destaque na agenda. Antes, no fim de janeiro, o Fórum Social Mundial, em Belém do Pará, já colocava em questão a justiça climática. E lembrando que Tolstoi avisava a quem interessasse ser universal para falar da sua própria aldeia, um encontro com frei Leonardo Boff no Acre me faz recordar quanto o Brasil pode contribuir para a conquista de um acordo climático mais avançado em Copenhague.

Desta vez Leonardo Boff veio ao Acre proferir palestra sobre ética e ecologia. Em Rio Branco, fui vê-lo falar para um teatro repleto de pessoas de todas as idades. Confesso que me emocionei ao vê-lo do alto de seus 70 anos de idade falando com a mesma vitalidade de 30 anos atrás. Mais que lembranças, isso me recobrou toda esperança que o frei Leonardo ajudou minha geração a descobrir na juventude.

Aqui se diz que quem bebe água do Rio Acre sempre volta. Nos anos 80 Leonardo Boff navegou pelas águas do Acre e do Purus, conduzido pelo quase santo padre Paolino Baldassarri para beber sabedoria na fonte dos ribeirinhos acreanos. Então ele fez questão de reencontrar algumas amizades daquela época, quando ele e seu irmão Clodovis, a convite do bispo D. Moacyr Grechi, ajudaram na criação e multiplicação das Comunidades Eclesiais de Base, que deram vida ao forte movimento social na floresta e contribuíram para o surgimento de lideranças hoje globais como Chico Mendes e Marina Silva.

Leonardo Boff é um dos poucos intelectuais brasileiros que sabem porque a temática ambiental, muito antes de ganhar o mundo, já pautava o movimento social do Acre. Claro que, quase 30 anos atrás, a ecologia não tinha a formulação complexa de hoje em dia, com as mudanças climáticas e o aquecimento global assustando a todos. Mas é de Chico Mendes o pioneirismo da defesa da floresta para os povos que nela habitam, raiz da idéia de justiça social com sustentabilidade que hoje justifica as teses ambientalistas mais avançadas em todo o planeta. E foi a seringueira Marina Silva, chegando por mérito ao Senado e ao Ministério do Meio Ambiente, quem, com apoio do presidente Lula, transformou em políticas públicas a valorização das florestas e a redução das emissões provenientes das derrubadas e queimadas, levando o Brasil a fazer a parte que lhe cabe para as metas de Kyoto.

Há muito da sabedoria dos povos da floresta no alerta profético de Leonardo Boff para que o mundo mude seus padrões de consumo sob pena de esgotamento dos recursos de que a Mãe Terra dispõe e oferece. Reencontrá-lo no Acre, 30 anos depois dos primeiros encontros, falando com a mesma vitalidade para a nossa nova juventude, é renovar nossa esperança, é confirmar a necessidade de resistir, é dizer de novo da precisão de navegar.

Tenho orgulho de pertencer a uma geração de acreanos que entendeu que defender a floresta era nosso jeito de ajudar na construção de um mundo melhor para todos. Quando chegamos ao governo, trocamos a frieza do verbo "administrar" pelo compromisso do verbo "cuidar", e a florestania como forma de promover a sustentabilidade holística nas dimensões ambiental, econômica, social, cultural, política e ética.

Frei Leonardo Boff contribui para isso, então acredito que ele também possa contribuir para que essa nova juventude encontre o seu jeito de melhorar o mundo. Acho isso muito importante, porque tenho viajado por muitos países e visto o vazio de sentido na vida dos jovens, principalmente nos países mais desenvolvidos, onde até o número de suicídios entre jovens é algo assustador. E se a história universal ensina que a juventude se alimenta de causas, também acredito que a defesa do planeta é a única ideia capaz de motivar os jovens nesses tempos de tantos conflitos e saturação das perspectivas individuais.

Gosto de ver Leonardo Boff vindo encontrar nossa juventude e fico feliz que ele tenha no Acre uma de suas fontes de inspiração, logo ele que compreende e faz compreender com tanta clareza as torturas que sofre e as curas por que clama a Mãe Terra. Isso nos remete novamente a Tolstoi e à universalidade das nossas aldeias. Para se qualificar no debate das mudanças climáticas, o Brasil precisa agregar os conhecimentos dos povos da floresta à sua participação na Conferência do Clima em Copenhague. Só assim pode ajudar o mundo a respirar algo de novo no reino da Dinamarca.

Jorge Viana foi prefeito de Rio Branco (1993-1996) e governador do Acre (1999-2006).

Fonte: jornal O Globo

domingo, 26 de julho de 2009

Nunca é tarde para ler romances de amor

Romar Belling

Poucas paisagens talvez sejam tão impenetráveis à imaginação humana quanto a da Amazônia. Não bastasse o gigantismo natural da floresta, com seus segredos e seu pouco caso em relação a tudo o que o homem queira chamar de dominado, há a questão óbvia do difícil acesso. E por difícil acesso compreenda-se a própria tentativa de nomear, em língua padrão, o que nem sempre é nomeável, remetendo, de algum modo, ao instante fundador, quando navegantes precisavam encontrar parâmetro a fim de explicar ao destinatário (no assim dito mundo civilizado) o que, afinal, havia sido visto em terras estranhas.

Com a Amazônia ainda é assim. Por mais que o ser humano, em sua tentativa de aproximação, tenha avançado pelas bordas da floresta, afugentando paisagens e habitantes, ela permanece incógnita. E se para botânicos, aventureiros, viajantes, especialistas de todas as áreas, descrever ou entender esse colosso verde tem sido desafio dos mais hercúleos, não seria tarefa menor na literatura.

Até para a imaginação algumas coisas têm limites, e isso depois de o homem ter zanzado pelo universo nas asas da ficção científica. A Amazônia (como os confins dos oceanos) ainda apavora. Poucos escritores, mesmo dentre aqueles que têm a floresta no sangue, sentiram-SE encorajados a tomá-la como tema. O amazonense Márcio Souza está entre eles. Fala da Amazônia para um Brasil que, em vertigem, permanece um tanto distante daquele que constitui seu maior patrimônio natural.

Mas é conveniente render-se a outro autor, estrangeiro, a fim de embeber-se na magia amazônica. A sugestão, nesse caso, é o chileno Luis Sepúlveda (foto). A via de contato? Nada menos que uma pequena novela, de leitura rápida, e que convidará a várias (sempre enriquecedoras) releituras. Um Velho Que Lia Romances de Amor (Ática, 94 p.) começa como se imagina que deva principiar uma jornada Amazônia adentro: tateando, com respeito, pincelando a alma com a imponência da selva do lado equatoriano. E não poderia ser mais apropriado o ponto de partida: o vilarejo de El Idilio.

Uma citação real do livro é o seringueiro Chico Mendes, de quem Sepúlveda foi amigo. Como lembra na apresentação, em dezembro de 1988, na mesma época em que a novela estava sendo lida pelo Júri no Prêmio Tigre Juan, em Oviedo, na Espanha (e que afinal recebeu), o ambientalista era assassinado em Xapuri, no Acre. A circunstância fez com que o autor dedicasse a obra a Chico Mendes. No campo político, o escritor foi (e ainda é) militante: integrava, por exemplo, a guarda pessoal do presidente Salvador Allende quando da deposição deste, em setembro de 1973. Mais do que dono de privilegiada imaginação, Sepúlveda detém outro mérito nesses tempos atuais: em se tratando de história, como se diz, ele é testemunha. Esteve lá.

O AMOR É UMA LEITURA O universo no qual mergulham os personagens de Um Velho que Lia Romances de Amor, liderados pelo soturno Antonio José Bolívar Proaño (o velho), não admite arrogâncias, requer não menos que entrega absoluta. Isso significa: familiaridade com a solidão, com a desesperança, com o desencanto em relação à devastação ambiental na maior riqueza natural do planeta e em relação à aridez do coração humano.

Ao ingressar na floresta, como lembra Sepúlveda, nas malhas de seu fazer literário, é preciso começar tudo de novo. O contato com o mundo exterior fará cada vez menos sentido, perderá completamente as bases. A sutileza da obra está justamente no fato de que a transição, a mediação, o último refúgio de integridade entre esses dois mundos se dará pela via da leitura.

É lá nos confins da Amazônia que um velho, para preservar seu afeto e sua identidade, começa simplesmente a ler. E lendo, preenche lacunas (de amor, de ternura, de esperança) que, no contexto, nada mais poderia recuperar, e que a civilização há muito havia sufocado. É, sem dúvida, uma maravilhosa metáfora que revela o poder da leitura na massa da própria literatura (espécie de espelho de múltiplos reflexos).

E o que é mais significativo: justamente num ambiente onde, ao que tudo indica, a leitura de nada parece servir na prática. Mas é por ela que se resiste. Onde houver um leitor, sobrevive (renasce, revigora-se) aquilo que remete ao inabarcável, ao imponderável, ao indomável, à floresta de desejos, de medos e de sentimentos que, no final das contas, cresce em cada um de nós.

Trecho

“Como fazia parte do primeiro turno, o velho apanhou a lamparina.
Seu companheiro de vigília o olhava, perplexo, percorrer com a lupa os signos ordenados no livro.
– É verdade que você sabe ler, compadre?
– Um pouco.
– E o que está lendo?
– Um romance. Mas fique quieto. Se você fala a chama se move, e as letras ficam dançando.
O outro se afastou para não incomodar, mas era tal a atenção que o velho dispensava ao livro que não suportou ficar à margem.
– De que trata?
– Do amor.
Diante da resposta do velho, o outro se aproximou com renovado interesse.
– Não me goze. Com fêmeas ricas, fogosas?
O velho fechou o livro de repente, fazendo vacilar a chama da lamparina.
– Não. Trata-se de outro amor. Do que dói.
O homem ficou decepcionado.”

Natural de Ovalle, no Chile, Luis Sepúlveda está em vias de completar 60 anos em 4 de outubro. Reside em Gijón, na Espanha. Um Velho que Lia Romances de Amor foi lançado no Brasil pela Ática, em 1993. Em 2005, ganhou o selo da Relume-Dumará (132 p.). A ele seguiram-se Mundo do Fim do Mundo (145 p.), de 1997, e Diário de um Killer Sentimental (125 p.), de 2006, ambos pela Relume-Dumará.

Fonte: A Gazeta do Sul

sábado, 25 de julho de 2009

Cantinho do "Ai, ai, ai"



O espírito de seu França, o "Ai, ai, ai", histórico torcedor do time do América de Xapuri, falecido na década de 80, deve ter estado no estádio Álvaro Felício Abraão na tarde deste sábado. Lá daquele cantinho onde sempre estava nos dias de jogo, próximo a um dos corners do campo, certamente viu o esporte que ele tanto amou voltar a respirar em Xapuri. Viu também ressurgir o seu América, a equipe mais tradicional do município, que chegou a ser abandonada assim como abandonado esteve o esporte local nos últimos anos.

Para dar início ao resgate do campeonato xapuriense, com a realização do torneio início neste sábado, a prefeitura fez, com aprovação da câmara de vereadores, um investimento de R$ 12 mil, que foram distribuídos entre as equipes da primeira e da segunda divisão, e de cerca de R$ 15 mil, que foram utilizados na restruturação do estádio, que hoje está equipado com banheiros para o público, rampa de acesso a cadeirantes e novos bancos de reserva e espaço reservado para o trabalho do quarto árbitro.



Com a bola rolando, a equipe da Amax - Associação dos Militares e Amigos de Xapuri - levou a melhor. Venceu a equipe do Nova Aliança pelo placar de 1x0 e levou a taça do torneio início do campeonato da primeira divisão, que terá a participação de 6 equipes. Neste domingo, será realizado o torneio início da segunda divisão, com 12 equipes. Na foto acima, o goleiro Leônidas Badaró, do Limoeiro, sofrendo gol de pênalty. Abaixo, a equipe campeã deste sábado. Os campeonatos começam no próximo final de semana.



Clique nas fotos para ampliar.

Chico Mendes "super-star"

É comum nos dias de hoje que muitas pessoas que não comungam dos ideais defendidos em vida pelo sindicalista Chico Mendes tentem gratuitamente desqualificar sua biografia, tachando-o de produto da mídia e até mesmo de seringueiro preguiçoso. Sempre que publico algo a respeito do herói que deu sua vida para salvar o Acre da sanha criminosa dos que queriam a todo custo acabar com a floresta, recebo comentários que procuram negar a Chico Mendes assim como alguns fanáticos tentam negar o holocausto.

Eis que o grande João Garrinha me envia um recorte de jornal com uma nota publicada no dia 10 de março de 1988 - 9 meses antes do assassinato de Chico - no jornal O Rio Branco, assinada pelo saudoso jornalista e advogado Aloísio Maia, que também não comungava dos ideiais do sindicalista, mas que sabia da importância do homem e da causa que ele rompeu fronteiras para defender. Vai, a seguir, a íntegra do texto que deixa claro que Chico Mendes não precisava ter morrido para ter reconhecida a sua importância para o Brasil.

Chico Mendes "super-star"

"Se o professor José Mastrângelo fizer uma pesquisa de opinião pública para sabermos qual o acreano mais importante nos dias de hoje, tenho certeza que o Chico Mendes ganhará disparado o primeiro lugar.

Temos acreanos importantes espalhados pelo Brasil e até mesmo pelo mundo afora, como o Dr. Adib Jatene, Dr. Miguel Ferrante, Senador Jarbas Passarinho, jornalista Armando Nogueira, idem Edílson Martins, o cantor e compositor Sérgio Souto, uma cantora na Europa - a Nazaré Pereira - e tantos outros, cujos nomes não me ocorrem no momento. Mas Chico Mendes é o nosso "super-star".

O nome de Francisco Mendes, seringueiro de Xapuri, um dos pioneiros na defesa dos direitos do homem do campo, das matas, dos índios e da ecologia, ganhou dimensão internacional. Jornais das Américas e da Europa divulgam o nome de Chico Mendes, com respeitosa referência aos trabalhos desenvolvidos por ele.

Organizações internacionais convidam o Chico Mendes para reuniões e simpósios, e no ano passado, o próprio asfaltamento da BR-364 (trecho Porto Velho-Rio Branco), poderia ter sido interrompido, com a suspensão dos repasses dos recursos estrangeiros, se o Chico Mendes botasse o dedo em cima.

E qual a arma, a força do Chico Mendes? Humildade, apenas humildade, alicerçada no devotado amor a uma causa. Um idealista autêntico.

Há cerca de 4 anos, na redação de O Rio Branco, encontrei os jornalistas Luiz Carlos Moreira Jorge e o escritor José Chalub Leite lendo uma carta assinada pelo Chico Mendes. Eles me mostraram a carta: "uma denúncia contra um fazendeiro que tinha proibido a passagem de burros de carga por um determinado varadouro. Um seringueiro não obedeceu e os empregados do fazendeiro impediram a passagem do seringueiro, espancando o burro!"

Eu perguntei: - Vocês vão publicar? Eles não responderam, mas no outro dia a notícia estava publicada com destaque no jornal.

Desde então passei a observar o Chico Mendes, chegando à conclusão que ele é um dos raríssimos "idealistas autênticos" que temos aqui. E se o professor Mastrângelo fizer a pesquisa, o Chico Mendes será o nosso "super-star".

Pessoalmente, não comungo dos ideais do Chico Mendes, mas, nos dias de hoje, com a institucionalização da corrupção, com a dignidade político-administrativa nos últimos arquejos - ele é ou não é um "super-star"?

Suspeita de gripe suína em Xapuri

Uma estudante de 18 anos está hospitalizada no hospital Epaminondas Jácome com sintomas semelhantes aos relatados em pacientes de gripe A. Recém-chegada de uma viagem a Brasília, onde participou de um congresso, a jovem está sendo acompanhada como caso suspeito da nova gripe. A direção do hospital informou que todas as medidas indicadas para um caso como esse já foram tomadas e que uma equipe da vigilância epidemiológica estadual estaria se dirigindo a Xapuri para acompanhar de perto a ocorrência. 

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Juiz impede Fetacre de intervir no STR de Xapuri

A intenção da Fetacre - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Acre - de intervir no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri sofreu um revés na tarde desta sexta-feira. O Juiz Federal do Trabalho Substituto da Vara de Epitaciolândia, Patrick Menezes Colares, indeferiu ação impetrada pela entidade com o objetivo de garantir a realização da eleição de uma junta diretora para administrar o sindicato por um período de seis meses, marcada para o próximo domingo, dia 26.

O juiz do trabalho concluiu que a Fetacre não possui legitimidade para intervir em eleição de ente sindical de primeiro grau. De acordo com o despacho do magistrado, o próprio estatuto da Fetacre não prevê qualquer forma de intervenção nas filiadas, exceto a possibilidade de suspensão ou exclusão de seus quadros. A Federação tenta intervir no Sindicato de Xapuri por não reconhecer a reeleição da sindicalista Dercy Teles de Carvalho Cunha, ocorrida no dia 30 de maio deste ano.

No último sábado, dia 18 de julho, em Assembléia Geral Extraordinária, a reeleição de Dercy foi ratificada por mais de 100 trabalhadores rurais. Na mesma assembléia, foi reformado o estatuto da entidade que permitia dupla interpretação quanto à norma usual de ter direito a voto apenas os associados em dias com suas contribuições. Durante o último processo eleitoral, a chapa opositora à Dercy conseguiu na justiça a garantia de voto aos sócios inadimplentes, decisão que causou polêmica e tumulto no dia da eleição.

Associados adimplentes e inadimplentes votaram em urnas separadas e Dercy Teles venceu em ambas. A partir daí uma verdadeira guerra pela direção do Sindicato se iniciou. A chapa perdedora recorreu à Fetacre com base em uma obscura decisão da comissão eleitoral responsável pelo processo de escolha da nova direção anulando o resultado final da eleição sob a alegação de fraude. Dercy Teles ajuizou ação na justiça do trabalho exigindo que o presidente da comissão, Aldenor Ferreira, apresentasse provas da ocorrência de fraude registrada em ata. Na primeira audiência, Aldenor não se apresentou.

A presidente da Fetacre, Maria Sebastiana Oliveira de Miranda, ainda não se pronunciou sobre a decisão do juiz, mas autorizou o encaminhamento de nota à Rádio Educadora 6 de Agosto cancelando a divulgação do edital de convocação para a assembléia do próximo domingo. Segundo Edmilson Araújo, que me enviou a nota da Fetacre por e-mail, Maria Sebastiana estava na tarde desta sexta-feira participando de um encontro no município de Plácido de Castro, com o telefone "fora de área de serviço".

Por telefone, agora há pouco, Dercy Teles comemorou a decisão do juiz.

- Deus está do lado dos justos. Tenho sido vítima de muitas perseguições por causa do trabalho em defesa dos interesses dos trabalhadores rurais de Xapuri. Nos últimos dias, fui levianamente acusada de incentivar a pecuária na Reserva Extrativista Chico Mendes e de eu mesma ser pecuarista na área, sendo que nem na área da Reserva eu vivo, e cabeça de gado, não possuo nenhuma, desabafou ela.

Heliporto em Xapuri

Um jornalista de nome Roberto Mancuzo, da cidade de Presidente Prudente (SP), em excursão pela Amazônia passou por Xapuri neste mês de julho e registrou em seu blog as seguintes baboseiras:

Sobre Chico Mendes:

"O homem é praticamente um mito, que se criou logo após sua morte em 1988 e foi logo tomado de assalto pela cultura midiática. Fez-se uma imagem tão forte, que sua história de luta sindical contra a exploração ecoou pelo mundo. Mas também, como muitos outros personagens midiáticos (Che Guevara é o caso mais famoso) é contestado. Para muitas pessoas, a boa imagem do seringueiro, símbolo de resistência à exploração econômica predatória, mártir e que fez o mundo olhar para este pedaço do Brasil, não é assim tão perfeita".

Sobre Xapuri:

"Fato é que Xapuri entrou no mapa após a morte dele e tenta sobreviver disso, a partir dos turistas que visitam o local (20 a 30 por dia e 40 aos finais de semana). Um detalhe: apesar da miséria, por conta de turistas estrangeiros e políticos que gostam de aliar seu nome com o do Chico Mendes, a cidade tem um pequeno aeroporto e até um heliporto..."

Comentário: Ora bolas, Mancuzo... Se o próprio Cristo foi contestado, imagine Chico Mendes, um homem comum, seringueiro, dono de qualidades e defeitos como qualquer humano, mas que foi, sim, verdadeiramente um símbolo de resistência por ter tido a coragem que poucos na história do Brasil se atreveram a ter, dando sua vida por uma causa.  Quanto a Xapuri, acho que a coisa mais sensata que conseguiu dizer foi que a cidade possui um Heliporto. Só faltou informar onde mesmo está localizado. Aqui, ninguém sabe.

Florestania às avessas

Isac Guimarães

O acompanhamento do processo conflituoso que vem marcando a eleição para a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais-STR de Xapuri – trabalhadores em grande parte ocupantes da Reserva Extrativista Chico Mendes – tornou imperativa alguma forma de participação que viesse, minimamente, a tornar públicos os processos atualmente em curso no município onde viveu, lutou e morreu Chico Mendes. O propósito é, evidentemente, contribuir na tarefa de chamar atenção para a gritante e escandalosa contradição que tem marcado a atuação do Governo do Estado do Acre no que diz respeito à alegada valorização dos trabalhadores da floresta e ao fortalecimento de suas atividades, bem como ao modelo de desenvolvimento posto em prática, apontado como sustentável.

Enfatizo a contradição porque é, para dizer o mínimo, contraditório um grupo político construir toda uma estrutura de poder apoiado numa reclamada tradição de luta dos movimentos sociais de seringueiros, capitalizar politicamente a imagem e as vozes de lideranças como Chico Mendes e dizer que os princípios e valores que regem tal estrutura de poder são os mesmos desses movimentos, ao passo que a prática mostra exatamente o contrário. Como é possível ser herdeiro de uma experiência e, ao mesmo tempo, envidar todos os esforços para confinar, aniquilar, isolar, quando já não foi possível cooptar o que resta de suas manifestações e de seus agentes, como vem acontecendo com Dercy Teles e Osmarino Amâncio? Como se tem visto, é exatamente isso que vem ocorrendo, o que nos alerta para o elevado grau de cinismo a que chegou a comunicação política naquele estado. Aliás, como sabemos, isso não é exclusividade do Acre que, na verdade, segue a trilha de uma longa tradição nacional de cinismo na comunicação política (independentemente ou, para dizer melhor, contrariamente ao que ocorre na prática) o que, por sua vez, é indissociável das bases autoritárias de nossa formação sociopolítica. E por que a ênfase na comunicação política? O que seria a tão propagandeada florestania senão uma grande arquitetura discursiva construída pelo marketing político e pela propagada através de uma difusão midiática massiva apoiada no rigoroso controle dos meios de comunicação locais?

Mas voltando ao sindicato e às lideranças hoje perseguidas e isoladas no contexto do Governo da Floresta (denominação oficial adotada no governo do Acre), é fundamental nos perguntarmos sobre o porquê de tamanha discrepância entre discurso e práticas. Que interesses tão fortes estariam em jogo? A resposta pode estar justamente no modelo de desenvolvimento que se busca consolidar e que essas lideranças, fieis aos princípios que pautaram sua luta nesses últimos 30 anos, se recusam a legitimar por entenderem não ser o melhor para os trabalhadores e para a conservação da floresta, da qual dependem sua existência, a permanência de suas atividades e evidentemente sua identidade como sujeitos e como trabalhadores. Parece ser exatamente este o ponto chave de toda a disputa e das manobras covardes que vêm ocorrendo em Xapuri. Contrariamente ao que se possa imaginar sobre a importância de um simples sindicato de trabalhadores rurais no interior de um estado do interior do Brasil (de acordo com um comentário que li um dia desses num blog da Amazônia), o STR de Xapuri é de importância estratégica. No contexto dessa disputa por legitimidade do modelo embalado como sustentável, o sindicato dos trabalhadores de Xapuri é um instrumento dos mais convenientes: primeiro pelo que representa enquanto marco histórico da luta dos seringueiros daquele município contra o desenvolvimentismo calcado na madeira e na pecuária, nos governos da ditadura. Dispor do sindicato forneceria aos atuais agentes do poder estatal e econômico – de maneira enviesada, evidentemente – aquela relação com a herança dos movimentos que ninguém mais consegue perceber e que está cada vez mais difícil sustentar em público. Porém a serventia maior dessa entidade está no fato não só de permitir maior facilidade na atribuição de falas convenientes a ícones como Chico Mendes, por exemplo, mas no fato de poder dispor do “apoio” legitimador dos sujeitos que hoje ainda vivem e trabalham na floresta. Apoio este que, além de eliminar certos embaraços políticos, facilitaria a exploração madeireira implantada via políticas públicas como carro chefe desse projeto dentro das Reservas Extrativistas, numa dinâmica em que o próprio seringueiro tende a se tornar o madeireiro.

Com se vê, o STR de Xapuri (assim como o da vizinha Brasiléia) não é um “simples sindicato” e suas lideranças atuais – esses, sim, contemporâneos e companheiros de Chico Mendes – são ameaça ao projeto oficial, pois são os poucos representantes ainda atuantes daqueles sujeitos que figuram como objeto das falas oficiais presentes no discurso da florestania, mas que nele recusam se enquadrar.

Como uma das principais testemunhas das disputas aqui mencionadas, seria proveitoso tornar pública uma fala (áudio) de Dercy Teles feita no primeiro Simpósio de Linguagens e Identidades da Amazônia Sul Ocidental, realizado na Universidade Federal do Acre. Numa das programações constava uma mesa intitulada SERINGUEIROS E AGRICULTORES ACREANOS NO CENÁRIO DO MANEJO MADEIREIRO: QUEM FALA E DE ONDE FALA, composta por Miguel Jorge Martins (agricultor do Benfica), Osmarino Amâncio (seringueiro e agricultor da Resex Chico Mendes) e Dercy Teles (presidente do STR de Xapuri). O evento em si já prometia algo bastante interessante graças ao fato, incomum até então na UFAC, de três trabalhadores rurais serem ouvidos por uma platéia predominantemente acadêmica, lugar onde essas vozes geralmente não ressoam para além dos gravadores das pesquisas de campo de certos pesquisadores e nas publicações dos relatórios de pesquisa, mesmo assim lidos por um público muito restrito.

Iniciada a programação, falou Miguel de sua experiência no campesinato, muito boa fala, por sinal, e depois foi a vez de Dercy, que ali fiquei sabendo ter sido a primeira mulher a presidir um sindicato no Brasil, ainda na década de 80. Sem qualquer anotação, com a serenidade, a clareza e a firmeza dos que sabem o que dizem, Dercy começou sua análise do sindicalismo rural no Acre desde os anos dos maiores conflitos até os desafios atuais, quando, segundo ela, se caiu na armadilha de acreditar que os valores do movimento teriam chegado ao poder e que, portanto, não era mais necessário movimento, o que implicou a quase falência dos sindicatos e a desmobilização completa dos trabalhadores. Para Dercy, se os seringueiros hoje migram para a madeira e para a pecuária como atividades produtivas, primeiro, é porque há um estímulo oficial e, segundo, porque não há o necessário e prometido apoio às atividades tradicionais que, por precisarem da floresta para se reproduzir, são as menos impactantes.

Embora tenha acontecido há cerca de um ano e meio atrás, essa fala de Dercy já deixava bem claro o que está em jogo hoje na disputa pelo STR de Xapuri, apontando as motivações e salientando que não se trata de um processo recente, restrito a essa eleição.

Segue o áudio da fala dessa líder sindical que, juntamente com Osmarino, representam as últimas manifestações do que foi um movimento criativo, autêntico e que mudou temporariamente a dinâmica do avanço do capital sobre a floresta amazônica. Essa luta está se travando novamente agora.

Link para o áudio, de 29 minutos: http://www.4shared.com/file/118849859/52b88cd4/Dercy_Teles_-_Simpsio_Ufac.html?s=1

Isac Guimarães é Acreano, atualmente pós-graduando em comunicação pela Universidade Federal Fluminense.

Dona Júlia Gonçalves Passarinho

A Banda de Música Municipal D. Júlia Gonçalves Passarinho é um dos grandes patrimônios da cultura de Xapuri. Pena que há muito tempo esteja relegada ao desprezo e ao abandono por parte das autoridades municipais. A "Dona Júlia", como é carinhosamente tratada pela população, revelou grandes músicos que se destacaram e se destacam pelo Acre e Brasil afora. O blog História Multimídia de Xapuri conta um pouco da história da banda cujo nome homenageia a genitora do ex-ministro da república Jarbas Passarinho. 

De volta, mais uma vez...

Nesta sexta-feira de temperatura atípica na região recomeço, depois de algum tempo, a postar aqui neste modesto blog, que se transformou em referência de informação sobre a cidade mais famosa do Acre, a Xapuri de Chico Mendes, da caxinguba e da marcha à ré.

Lisonjeado estou com as reclamações recebidas de quem visitou a página nos últimos tempos e não encontrou atualizações. E grato pelas críticas, algumas azedas, mas às quais sempre fiz questão de garantir o espaço que recomenda meu bom espírito democrático.

O Xapuri Agora continua sendo um canal independente de debate sobre a nossa realidade. E a cada um dos leitores que se acostumaram a buscar aqui as novidades e as informações sobre essa boa terra, vai o convite para colaborarem com o blog. Sejam bem-vindos!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Juiz manda prender delegado

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O delegado de polícia Mardílson Vitorino teve prisão determinada pelo juiz de direito da comarca de Epitaciolândia, Edinaldo Muniz dos Santos, na tarde desta segunda-feira (20) por manter presos três supostos ladrões que estariam aterrorizando a população daquele município.

Mardílson Vitorino é responsável também pelas delegacias de Capixaba e Xapuri, terra natal do juiz Edinaldo, que informou serem ilegais as prisões efetuadas pelo delegado sem dispor de mandados judiciais. Os detalhes da informação estão no site do jornal O Alto Acre.

Archibaldo escreve:

Raimari,

Vc era um sujeito tão ativo na época do Vanderley Viana, escrevia todos os dias, criticava, cobrava, fazia o papel que o jornalista precisa fazer, enfim. Mas foi o famigerado PT voltar ao poder que o blogueiro ranzinza virou uma flor de ternura, o escrevinhador prolífero ficou preguiçoso e as extensas matérias de cunho denunciativo deram lugar à lengalenga de que a Internet está cheia. É uma pena que isso seja notado a apenas poucos meses da troca de comando no município, e saiba que o leitor não é bobo, o que significa que outros também notarão ou já notaram a sua metamorfose.

Saiba, porém, que não escrevo por mal, para espicaçá-lo com críticas miúdas, etc. Desejo apenas fazê-lo notar que seu blog perdeu em substância, que sua escrita ferina já descamba para o elogio fácil e acéfalo. Talvez vc esteja satisfeito com a medalinha de honra ao mérito que o Aníbal Diniz pregou (ou deveria ter pregado) em seu peito após as eleições municipais.

E antes que vc faça juízo de valor do que vai acima, adianto que não o quero mal, palavra. Sou-lhe até muito grato pelo tempo que gastei lendo-o, algumas vezes com irritação, outras com prazer (pois não sinto prazer em ler apenas o que está de acordo com o que penso, mas tudo o que me obriga a pensar sobre o que acho certo ou errado).

Sei que a sua formação ideológica o proibirá de publicar meu comentário, não importa. Escrevo a vc em caráter até pessoal, para lembrar-lhe que a reputação, assim como a correção, não pode ser cíclica como são os mandatos políticos. A questão, portanto, é que o PT vai passar, e alguns passarão com eles. Espero que vc fique.

Grande abraço,

Archibaldo Antunes.

Meu comentário: Estava com saudades das provocações do Archibaldo tanto quanto do tempo em que escrevendo aqui ele defendia com unhas e dentes a desastrada administração do prefeito Vanderley Viana ao mesmo tempo em que atribuía a mim apelidos nada delicados. Lembro-me que certa vez ficou furioso por chamá-lo de "viúva desvalida" de certo político. No caso de Viana, Archibaldo acordou a tempo, passou gordura de veado nas canelas e não esperou para chorar mais um defunto. Mas, lembranças do passado à parte, Archibaldo tem razão em alguns pontos. Afastei-me da rotina de publicar aqui diariamente, tarefa que pretendo brevemente retomar mas que razões de cunho extremamente pessoal estão impedindo no momento. Archibaldo, assim como dezenas de leitores que estão reclamando da falta de atualizações no blog, não tem obrigação de adivinhar minhas razões e problemas, por isso aceito as cobranças e prometo melhorar a frequencia de novos assuntos na página. Só não aceito a pecha que o jornalista insiste em me atirar. Talvez, Aníbal já tenha condecorado seu peito com muitas "medalinhas". No meu, garanto, jamais pregou alguma.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Como no tempo da ditadura

Mensagem da presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Dercy Teles de Carvalho, sobre a expulsão do seringueiro Nonato Venâncio Flores, o Caboquinho, enxotado nesta segunda-feira (20) da Reserva Extrativista Chico Mendes por força da fiscalização do ICMBio, com auxílio da Polícia Federal:

"Escrevo para denunciar o fiscal do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) conhecido como Zé Carlos. Ele abusou e humilhou o seringueiro Raimundo Nonato Venâncio Flores, conhecido por Caboquinho, que em dezembro próximo passado adoeceu e, por morar só, foi realizar tratamento de saúde em Porto Velho (RO), onde tem familiares, retornando em março deste ano. Ao chegar em Xapuri foi informado de que sua casa havia sido arrombada pelo fiscal, que deixou as portas abertas com todos pertences do seringueiro dentro.

Caboquinho conta que antes de ir pra colocação, foi chamado pelo fiscal pra dizer que não botasse mais os pés na colocação, alegando que o fato do mesmo ter se ausentado por três meses caracteriza abandono de posse e o local passará a ser a sede do ICMBio. O seringueiro argumentou que iria voltar por ser aquele seu local de trabalho e moradia desde 1992. Segundo Caboquinho, ao dizer isso Zé Carlos o ameaçou dizendo que se voltasse iria sair de lá preso e moído de pau pela Polícia Federal. Mesmo assim o seringueiro não se intimidou e foi pra sua colocação.

Ao chegar lá, encontrou as portas arrebentadas, dando por falta dos seguintes pertences: duas botijas de gás, quatro machados, dois terçados, dez rastelos, cinco trenas, quatro regadores, quatro enxadas, cinco boca-de-lobos, oito pratos, dez talheres e uma foice. Mesmo assim continuou trabalhando no local sem reclamar do ocorrido a ninguém.

Na semana próxima passada, o seringueiro foi surpreendido em seu local de trabalho pelo fiscal, que estava acompanhado de policiais militares, mandando que o seringueiro desocupasse a colocação. O seringueiro resistiu. Porém, Zé Carlos o ameaçou dizendo: "hoje tu não sai, mas eu vou voltar aqui com a Polícia Federal e vou te mostrar como você tem que desocupar. Você é um invasor, essa terra é da União". E ofendeu o seringueiro com palavras de baixo calão.

Realmente o fiscal cumpriu o que havia prometido. Nesta segunda-feira, 20 de julho, o seringueiro estava limpando o sítio em volta da casa em companhia dos senhores Evaristo Maciel da Silva e José Maria Evangelista, quando o dito fiscal chegou em companhia da Polícia Federal e expulsou o mesmo de sua colocação, acusando o de invasor.

Indefeso e humilhado, o seringueiro não teve outra alternativa a não ser obedecer. Vejamos a que ponto nós chegamos. Lembro dolorosamente esse filme na época da ditadura militar, quando os seringueiros eram expulsos de suas colocações sob ameaça dos pistoleiros, jagunços e polícia, todos a serviço dos fazendeiros.

Jamais imaginei que no atual governo pudéssemos reviver fatos como esse. Funcionários do governo federal, exercendo os mesmos métodos da ditadura: terrorismo, humilhação, criminalizando os trabalhadores. Será que não basta os mesmos estarem condenados a fome e extinção por estarem proibidos de fazerem seus roçados de subsistência? Lembro toda nossa luta em defesa da floresta, quando tínhamos a ilusão de que estávamos defendendo o que era nosso. Grande engano. A prova está aí: só porque o seringueiro se ausentou três meses de sua colocação por motivo de doença perdeu o direito. Cadê o direito de posse que conquistamos? Não vale mais não? Quer dizer que se o trabalhador ficar doente é obrigado a morrer à mingua? Porque se sair perde o lugar.

Vale ressaltar que na colocação de Caboquinho foi realizada uma experiência de desenvolvimento sustentável, onde foram plantadas várias espécies que estão produzindo frutos e madeira, no caso do plantio de teca. Será que quem trabalhou e investiu não tem direito sequer a uma indenização?

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri repudia com veemência essa atitude do fiscal do ICMBio e solicita providência por parte de seus superiores no sentido de coibir os abusos, humilhações e constrangimentos causados pelo fiscal ao seringueiro.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri firme na luta.

Dercy Teles de Carvalho Cunha
Presidente"

terça-feira, 14 de julho de 2009

E-mails

Registro aqui algumas mensagens recebidas nos últimos dias. Uma delas é da Planeta Internacional, a maior editora de obras de pesquisas do mundo. No Brasil a sua maior obra é a enciclopédia Barsa Universal, que completa neste ano 6 décadas de existência. Na semana de 20 de julho, uma equipe da diretoria da editora em Curitiba estará visitando algumas cidades do Acre, entre elas Xapuri, para apresentar o projeto ECO-Planeta.

Outra mensagem é de Dilermando Cattaneo, geógrafo gaúcho que esteve com os colegas Carla Hirt e Tomás Rech em Xapuri no ano passado, num trabalho de campo para uma pesquisa sobre a Reserva Extrativista Chico Mendes. Dilermando escreve informando que estará voltando a Xapuri e à Resex entre os dias 20 e 24 de julho próximos, com mais dois outros colegas de projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Por fim, recebo e-mail de Carlos Celso de Melo Braga, acreano de Rio Branco mas morador da cidade do Rio de Janeiro desde a adolescência. Carlos Braga pretende manter contato com Nílson Mendes para se informar mais sobre plantas medicinais, depois de ter lido nota aqui no blog sobre o seringueiro. Enviarei o contato do Nílson juntamente com o do também xapuriense "Dr. Raiz".

Hoje com 64 anos, Braga diz conhecer nossa Xapuri a ponto de ter conhecido também a figura folclórica de "Bebé Jacinto", cujo hábito crônico os mais antigos da cidade devem muito bem lembrar. Bebé, assim como um mais recente que atende pela alcunha de "Panelada",  era o terror dos bêbados que desavisadamente adormeciam nas praças ou ruas de Xapuri. Este blog é a porta de Xapuri para o mundo.

Coisa do Braga

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Vale a pena visitar o blog dele.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vereadores podem se afastar

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O presidente da Câmara de Xapuri, Ronaldo Cosmo Ferraz (PMDB), deverá se afastar oficialmente do cargo nos próximos dias por problemas de saúde. Ferraz, que já se ausentou - de forma justificada - das últimas sessões, deve se submeter a uma cirurgia cardíaca, segundo informação do vice-presidente da Casa, vereador José Selmo Dantas (PT).

Ao se afastar, o vereador dará lugar ao suplente Antônio Maria Alves. É conhecida, no entanto, a resistência do titular da cadeira em dar a vez aos suplentes quando necessita se ausentar da cidade para cuidar de sua saúde, cujo estado há algum tempo não é dos melhores. O próprio Selmo Dantas, quando foi suplente na legislatura passada sentiu isso na pele (veja aqui).

A propósito, por falar em Selmo Dantas, ele próprio é outro que deve se afastar do cargo para assumir o comando do setor de apoio à produção do governo do estado em Xapuri, cargo hoje ocupado por Nilberto Menezes que acumula essa responsabilidade com a mesma função no município. Quem assume o lugar de Selmo Dantas, caso o afastamento se concretize, é Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão.

Na função de vice-presidente, Selmo Dantas fez hoje, em entrevista ao meu programa na Rádio Educadora 6 de Agosto, uma avaliação positiva da atuação da câmara nos primeiros 6 meses de trabalho desta legislatura. "Houve um avanço muito grande, tanto na relação do legislativo com o executivo, como com a sociedade de uma forma geral", disse ele.

domingo, 12 de julho de 2009

Ao mestre com carinho

Márcio Chocorosqui

O professor José Cláudio Mota Porfiro há muitos anos vem contribuindo com seus artigos nos jornais de Rio Branco, seja no Página 20 ou em A Gazeta. Ele acumulou uma vasta produção escrita a respeito do nosso Estado, focalizando, sobretudo, temas que nos remetem ao cotidiano da capital acriana. Nascido em Xapuri, a Princesinha do Acre, onde fez os primeiros estudos, Porfiro não deixa de extrair assuntos referentes ao município natal, com o qual mantém uma relação telúrica, embora residindo em Rio Branco.

Tratando de temas especificamente locais, o cronista expressa sua visão filosófica sobre o mundo e as situações que o cercam. A regularidade com que publica chegou a lhe render o livro Janelas do tempo, que através de textos selecionados revela bem a alma desse povo forjado nos seringais, de origem humilde e bem nordestina. No sentido de contribuir para o fortalecimento da identidade regional, Porfiro constitui-se num personagem que muito tem a dizer sobre sua gente, seu momento e sua terra, coisas que traduz em escritos semanalmente, hoje, publicados em A Gazeta, jornal de maior circulação do Estado.

Além disso, nesse mesmo periódico, Porfiro se lança ao desafio de publicar, a cada domingo, um capítulo de sua primeira obra de ficção, um romance folhetinesco, que remete à história da colonização acriana. Chama-se O inverno dos anjos do sol poente, nome pomposo para um texto escorreito e ensolarado. Enquanto o romance não é publicado em livro, podemos acompanhá-lo no referido jornal ou no blog do autor, cujo link é: http://www.claudioxapuri.blog.uol.com.br/.

Fica a sugestão de leitura, pois precisamos mesmo das produções dos artistas locais, no sentido de decifrarmos quem somos neste pedaço de chão encravado na ponta extrema do Brasil.

Clique aqui para conhecer o blog do autor do texto.