sábado, 30 de abril de 2011

O bode expiatório dos resíduos sólidos

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Alfredo Schmitt

Instigante polêmica jurídica, abordando a inconstitucionalidade de estados e municípios legislarem sobre a proibição do uso de sacolas plásticas no varejo, vem mobilizando o Ministério Público, tribunais de distintas instâncias, políticos, imprensa e opinião pública. A tendência, como se tem observado em sentenças proferidas em algumas unidades federativas, parece consagrar o conceito de que tal prerrogativa é mesmo da União. O curioso é que, independentemente dos atos já transitados em julgado, há uma verdadeira bateria de projetos de lei, em câmaras municipais e assembléias legislativas, voltada à execução sumária das “sacolinhas”.

Diante desse estranho movimento catártico, é essencial uma reflexão isenta, até agora não efetuada, em meio à retórica emocional que tem dominado o tema: antes de se especular e legislar sobre soluções sem embasamento para um único item, é preciso analisar a implementação em termos práticos da novíssima Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Como se sabe, a norma reúne o conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, metas, ações e instrumentos a serem adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em cooperação com estados, municípios, empresas e instituições da sociedade civil, para a gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente correto daqueles materiais.

O aspecto basilar da importante lei, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, é o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de duas décadas, a ser atualizado a cada quatro anos. Dentre outras lições de casa, o programa deve fazer o diagnóstico da situação, estabelecer metas de redução, reutilização, reciclagem e aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final, eliminação e recuperação de lixões, inclusão social e emancipação econômica de catadores de materiais (estes são essenciais para quaisquer ações táticas advindas das diretrizes estratégicas). Há, ainda, o imprescindível processo educacional relativo à coleta seletiva do lixo e a sua implementação em todo o País.

Tudo isso, inclusive em decorrência do curto espaço de tempo desde a sanção da lei, ainda está muito incipiente. É preciso, portanto, agilizar a implementação do plano instituído pelo marco legal, para que o Brasil possa dar um firme e largo passo no sentido de equacionar o problema dos resíduos sólidos, que será relevante avanço na melhoria do meio ambiente.

Ao se entender melhor todas as premissas, cronograma e diretrizes estabelecidas pela nova lei, é inevitável uma pergunta, que, curiosamente, ninguém fez até agora: por que, antes de se realizarem todas as lições de casa indicadas na legislação, crucificar as sacolas plásticas de modo precipitado e tão cruento? Dentre os resíduos sólidos, elas são apenas um dos itens — e dos menos complexos em termos de equacionamento! Há as placas de computadores, os telefones celulares e suas baterias, os televisores, os aparelhos de rádio, os pneus...

Com certeza, do Congresso Nacional às câmaras de vereadores dos menores municípios brasileiros, passando pelas assembléias legislativas, não existe um projeto de lei sequer proibindo a fabricação e uso daqueles produtos. Por que a sacola de plástico? A quem interessa tanto a desconstrução de sua imagem? Será que transportar alimentos da maneira mais segura que se conhece quanto à higiene é menos importante do que telefonar ou assistir a um filme, ou ouvir música? Será que o plástico é mais nocivo ao ambiente do que o lítio utilizado em baterias, inclusive nas dos marca-passos cardíacos, e poderia a medicina prescindir deste avanço? .

Mais do que responder as perguntas, é preciso uma ação nacional — urgente e eficaz —, no sentido de viabilizar o emprego da lei, programas e ações por ela delineados. Esta mobilização do setor público, iniciativa privada e a sociedade permitirá aos brasileiros usufruir sem culpa e de maneira ecologicamente correta todos os benefícios e confortos que a tecnologia tem propiciado ao ser humano. Assim, é infrutífero eleger a sacolinha de plástico, ou qualquer outro material, como bode expiatório, antes de se realizarem as tarefas necessárias e se vencer um dos grandes desafios de nossa civilização.

Ademais, há um aspecto inquestionável da lei: “O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será elaborado mediante processo de mobilização e participação social, incluindo a realização de audiências e consultas públicas”. Como subsídio ao cumprimento desse democrático preceito, aqui vai uma assertiva informação: pesquisa Ibope mostra que 71% das donas de casa brasileiras consideram as sacolinhas de plástico como o meio ideal para transportarem as compras. Além disso, 100% delas utilizam essas embalagens para acondicionar o lixo doméstico e outros reúsos, racionalizando sua utilização.

Alfredo Schmitt, empresário, é o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF).

Leia também: Sacolinha Plástica: Preocupação ambiental ou disputa por um mercado de R$ 450 milhões?

Imposto de Renda

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Na foto, um fiscal da Receita averiguando informações prestadas por um contribuinte.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

“Você é do PCC?”

Em seu blog Ecos Socialistas, o deputado estadual Moisés Diniz linkou site que traz uma entrevista supostamente feita por um repórter anônimo do jornal O Globo com o facínora Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, líder do famigerado Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que estaria por trás dos violentos ataques ocorridos na cidade de São Paulo no ano de 2006.

A entrevista é, na realidade, uma crônica do jornalista Arnaldo Jabor, publicada em sua coluna em O Globo, no dia 25 de maio daquele mesmo ano. Apesar de fictício, o diálogo foi tão bem escrito que muita gente culta acreditou ser verdadeiro. Outros, mesmo sabendo ser o texto da lavra de Jabor, acharam que o jornalista realmente havia entrevistado o bandido na prisão. 

Segue:

- Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...

- Mas... A solução seria...

- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

- Vocês não têm medo de morrer?

- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

- O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

- Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioactiva?

- Mas... não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!"

Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

Famílias do tráfico

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O tráfico de drogas em Xapuri está se tornando negócio de família. Pela ordem da imagem, Abílio da Silva de Oliveira, 31, Nemésio da Silva de Oliveira, 34, e Clemílson Ferreira, 19, presos e indiciados pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, com penas que variam de 5 a 15 anos de reclusão e de 3 a 10 anos de reclusão, respectivamente.

Com o trio foi apreendida uma quantidade de drogas não divulgada pela polícia, além de considerável quantia de dinheiro. O que chama mais a atenção é o fato de que Abílio e Nemésio são irmãos, e que há dois meses um outro irmão deles também foi preso pela Polícia Civil pelo crime de tráfico de drogas no mesmo local da atual prisão.

O jovem Clemílson também tem o envolvimento com o tráfico como uma herança de família. Dois irmãos seus já estão presos pelos crimes de tráfico de drogas, sendo um deles Manoel Martiliano de Souza, 32, o conhecido "Goma", preso pela Polícia Civil no ano passado e condenado a 7 anos de reclusão pelo crime de tráfico de drogas.

O trabalho de combate ao comércio de drogas em Xapuri é realizado conjuntamente pelas polícias civil e militar, com a coordenação do delegado Thiago Fernandes. Apenas no mês de abril, quatro flagrantes de drogas foram realizados, tendo sido retirados de circulação 8 traficantes, todos moradores de Xapuri. No total, foram realizados 8 flagrantes e 11 pessoas foram indiciadas pelos crimes de furto, roubo, porte ilegal de arma de fogo, além do tráfico de drogas.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A morte não é nada

Santo Agostinho

Mônica

"A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."

Homenagem do blog à minha colega Mônica, licenciada junto comigo em Geografia pela Universidade Federal do Acre, que Deus levou para o outro plano na manhã desta quarta-feira, aos 32 anos. Sua partida precoce deixa no coração dos amigos uma saudade profunda, que é nada diante da dor do esposo, da filha e dos demais familiares.

Sonho distante

Boa a crônica do blogueiro Maxsuel Maia sobre os bons tempos em que, mesmo sem ter iluminação no estádio, Xapuri possuía grandes espetáculos de futebol. Segue, na íntegra:

Derbys Xapurienses

Maxsuel Maia

O mundo do futebol viverá dias especiais ao longo desta semana. Vários clássicos vão ser disputados no Brasil e no mundo, o que certamente mexerá com os corações dos apaixonados por este esporte fantástico.

No Brasil tem clássico pra todos os gostos, Flamengo X Vasco no Rio, São Paulo X Santos e Corinthians X Palmeiras em São Paulo, jogos de muita rivalidade que decidem os dois maiores campeonatos do país. Além disso, teremos a oportunidade de acompanhar um dos maiores clássicos do planeta, o jogo entre Real Madrid X Barcelona válido pela liga dos campeões da Europa, ocasião em que estarão em campo craques como Cristiano Ronaldo, Kaká e Casilas, pelo lado do Real e Messi, Daniel Alves e Xavi, pelo lado do Barça.

Ao pensar na realização desses jogos comecei a puxar na memória os derbys que aconteciam em nossa querida Xapuri. No início, pra quem nunca viu um, pode até parecer engraçado, mas quem já assistiu aos bons duelos que eram realizados há anos atrás, sabe que de engraçado eles não tinham nada, pelo contrário, o que reinava era adrenalina e muita emoção.

Os clássicos xapurienses aconteciam tanto no Futebol quanto no Futsal. No futebol, os principais da minha época eram Limoeiro X América e Arauto X Flamenguinho, com destaque para o primeiro. Quando Limoeiro e América se enfrentavam, principalmente nas decisões de campeonato xapuriense, era garantia de jogo duro, rivalidade e muitas emoções. O limoeiro era liderado por craques do nosso futebol como Badaró, que também jogou no América, Jean, Ademir, Raimundinho Castelo e ainda traziam o Anjo, jogador de Brasiléia, para comandar o meio-campo. No América a coisa não era diferente, craques como Mar (pezão), Eriberto e Paulo (mocotó) lideravam o time, além do Raider, jogador de Brasiléia, que comandava o ataque dos vermelhos.

Quando a bola rolava, com arbitragem de Wanderlei Viana, Ormindo e Trajano, os dois times mostravam que realmente eram os maiores da cidade, tendo também as maiores torcidas. A do Limoeiro se instalava nas arquibancadas, já a do América, liderada pelas mulheres da família Mota, ficava bem no portão de entrada atrás do gol e era bem mais barulhenta e corneteira. Como o América era um time historicamente montado por jogadores da família Mota, a vitória para eles era questão de honra, o que não quer dizer que a vitória era menos significante para jogadores e torcida do "Limão".

Os clássicos do Futsal também eram sensacionais, lembro especialmente de dois: Casa Rural X Polícia Militar e Ponte Preta X Os Delegas. Quem viu esses confrontos certamente irá lembrar desses jogos épicos. O último clássico que eu tive o prazer de assistir entre Ponte Preta X Os Delegas foi simplesmente inesquecível. A Ponte era o time a ser batido, tendo em quadra craques como Neurandir, Chiquinho (olhão), Elielson, Elenilson, Maicon e o talismã Raimilson. Nos Delegas a muralha Badaró, Rafael, Kebim, Esquerda e o técnico Fabiano (bebé) buscavam vencer a favorita Ponte Preta. O jogo foi eletrizante, Os Delegas surpreenderam utilizando Kebim como goleiro-linha, a muralha Badaró entrava nos momentos mais críticos do jogo e dava seu show particular como nos tiros livres batidos por Elielson e defendidos por ele, a Ponte Preta vendeu caro o título, mas ao final Os Delegas foram campeões daquele ano.

Que saudade do futebol xapuriense e seus clássicos eletrizantes. Ah, antes que alguém pergunte, meus times de coração na cidade sempre foram o Limoeiro e Os Delegas.

A foto acima é meramente ilustrativa, nos tempos em que Limoeiro e América desfilavam talento no estádio de Xapuri a iluminação era apenas um sonho distante.

Acompanhe aqui o blog do autor.

Méritos irrisórios

“Não faz tanto tempo, li num almanaque pequeno texto da verve de Rui Barbosa. A memória está já embotada em vista dos anos que se foram. Todavia, o escrito trazia uma mensagem mais ou menos parecida com as assertivas a seguir. Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua atividade não pode ser avaliada por métodos comuns. Ganhar a vida é para o professor um acréscimo e não o objetivo maior. O que importa, afinal, não é a idéia que fazem dele os homens do seu tempo. O que verdadeiramente pesa na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro”.

Leia esta e outras crônicas de José Cláudio Mota Porfiro no blog Impressões Gerais.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O trânsito em Xapuri

As imagens abaixo, cedidas pela Polícia Militar, são das duas principais ruas da cidade, 24 de Janeiro e Cel. Brandão, nos horários considerados de pico, quando as crianças saem das escolas e os adultos deixam o trabalho.

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O comandante da PM em Xapuri, capitão Denílson Lopes, informa que pedidos para a instalação de redutores de velocidade em vários pontos da cidade, conforme mostra o esboço abaixo, vêm sendo feitos há mais de dois anos às instâncias responsáveis pelo assunto. Chegou, segundo ele, a ser feito um levantamento sobre a demanda, mas o resultado do trabalho foi a constatação de que, por possuir um trânsito tranquilo, a cidade não necessitava da medida. As imagens deixam claro que a coisa não é bem assim.

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Os pontos em vermelho indicam os locais onde devem, segundo a proposta da Polícia Militar, ser instalados os redutores de velocidade. Clique na imagem para vê-la ampliada.

A casa caiu

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Com caras bastante conhecidas em Xapuri, casal é preso como acusado de ser responsável pela larga série de roubos de motocicletas na fronteira. Leia tudo no jornal O Alto Acre.

domingo, 24 de abril de 2011

Sina tricolor

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Decisão por pênaltis é, definitivamente, uma questão para ser tratada por psicólogos no Fluminense. Mais uma vez, como no primeiro turno do Campeonato Carioca, quando o time foi desclassificado pelo fraco Boa Vista, a equipe das Laranjeiras cai para um time inferior ao seu na disputa de tiros livres diretos.

Outro problema do tricolor, ocorrido no jogo de hoje, é não saber transformar sua superioridade flagrante dentro de campo, principalmente no primeiro tempo, em vantagem no placar. O Flamengo, desfalcado e perdido em campo na primeira etapa, tirou da incapacidade de decidir do Flusão o empate que levou o jogo para os penais.

Que na decisão contra o Libertad, do Paraguai, a partir da próxima quarta-feira, pela Taça Libertadores da América, o time consiga resolver nos 180 minutos. Ou então que a diretoria contrate imediatamente uma equipe de terapeutas para cuidar da cabeça dos jogadores para que as derrotas dessa maneira não tornem sina tricolor.

A volta do puxa-encrenca

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O suplente de vereador pelo PT, José Maria Miranda (foto), que atualmente ocupa a vaga do titular João Ribeiro de Freitas, este afastado para conduzir a Secretaria Municipal de Saúde, voltou às turras nesta semana que finda com o ex-prefeito mais famoso do Acre, Wanderley Viana de Lima.

Segundo o vereador, o ex-prefeito encrencou com ele quando se cruzaram em uma calçada do centro da cidade, como costumava fazer antigamente. Antigos desafetos políticos, Miranda e Wanderley já alternaram diversas ações na justiça, que jamais redundaram em sentença relevante.

De tão antigas e recorrentes, as desavenças, assim como os personagens, já se imortalizaram no folclore local. Antes cômicas que ameaçadoras, as altercações sempre passam a ocupar lugar no rol de fatos engraçados e pitorescos da engessada política local, que, a propósito, só tem se destacado pela natureza lúdica de seus representantes.

Quanto a Wanderley, que ainda pensa em ser candidato a qualquer coisa, por mais pueris que sejam as arengas, elas têm um propósito definido. A estratégia de puxar encrenca com os adversários é manjada, mas eficiente, a julgar pela reação do vereador. Com as confusões públicas, a velha raposa ganha ibope, se tornando rapidamente vítima de perseguição daqueles que reagirem às suas provocações.

Viana é um defunto político sempre pronto a levantar do túmulo, como já aconteceu em passado recente, e assombrar aqueles que se dizem os “vivos” da putrefata política paroquiana. Basta, para isso, que voltem a dar atenção aos apelos messiânicos de uma espécie de fênix, sempre disposta a ressurgir das cinzas que são as atuais condições em que Xapuri se encontra, em vários aspectos de sua realidade.

Pai Ambrósio…

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Ou Pai Arnapio?

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Estamos no Brasil

Governo quer acabar com pensões por morte

É isso mesmo. O sujeito passa a vida sustentando o governo com impostos escorchantes, sem direito a saúde nem educação de qualidade, além de pagar uma alta contribuição previdenciária, e quando morrer, caso seja levada a efeito a medida desejada pelo Ministério da Previdência (para assinantes Folha e Uol), poderá não deixar pensão aos dependentes, que teriam que provar não ter condições de se sustentar sozinhos. E quanto às pensões dos ex-governadores, nada? Nada, estamos no Brasil.

sábado, 23 de abril de 2011

Os jornais em Xapuri no século XX

Republico post sobre um excepcional artigo, de autoria da professora Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes, que trata sobre a trajetória do jornalismo impresso em Xapuri durante o século XX e sua relação com a formação social, cultural e histórica da cidade. Com invejável formação acadêmica em Letras, Didática e Pesquisa, a professora Maria Alzenir  defendeu mestrado cujo tema foi Marcas da memória cultural nas crônicas jornalísticas de Xapuri - 1900 a 1920.

No artigo Os jornais em Xapuri (Acre) no século XX, a autora traça o percurso da formação da sociedade xapuriense através dos jornais que circularam na cidade durante o século passado. Formada não somente por brasileiros nordestinos, como também por sírios, libaneses, turcos, portugueses e italianos, que deram imensa contribuição cultural para o desenvolvimento da cidade, a sociedade xapuriense viveu um período de efervescência das atitudes artísticas e literárias nas primeiras décadas do século.

Eis um trecho:

"Embora Xapuri estivesse isolada, geograficamente, na selva amazônica, lá aportavam companhias de teatro nacionais e internacionais para se apresentarem no Teatro Variedade, onde eram representadas peças teatrais e concertos. Estes se davam sob a regência de maestros e pianistas, que pelo nome deviam ser estrangeiros, como por exemplo, o Professor Reffoli, as pianistas Emma Biari, Mile, Gerechter, que tocavam “Verdi a quatro mãos” (Jornal Acreano, 03 de maio de 1909). E pessoas que propiciavam shows musicais como a cantora Rosita de La Plata, para uma platéia que vestia “tailleur de cachimir e teissor” (Jornal Acreano, 04 de janeiro de 1908. p. 1; Jornal Correio do Acre, 1910; Jornal O Acre, 27 de março de 1913)".

Entre os muitos jornais que circularam em Xapuri, estão: o El Acre (1901), O Acre (1907), o jornal Acreano (1907-1910), O Correio do Acre (1910 a 1913), o Alto Acre (1914), semanário Commercio do Acre (1915) e muitos outros.

Seguem mais alguns trechos do artigo:

“A fundação de jornais em Xapuri iniciou-se ainda na época em que a cidade não dispunha de nenhum outro meio de comunicação além de cartas, bilhetes ou recados que eram confiados aos comandantes dos navios cargueiros, aos regatões, comboieiros ou aos membros da antiga Guarda Nacional.”

“A circulação do primeiro jornal em Xapuri, o El Acre, instalado na aduaneira de Porto Acre, em 1901 pelo governo boliviano, deu-se quando a cidade, sob o domínio boliviano, ainda se chamava Mariscal Sucre, antes da Revolução Acreana”.

“Em Xapuri, o afloramento da imprensa deu-se juntamente, e pode-se dizer em função dos gloriosos tempos propiciados pelo grande volume da produção extrativista. Os jornais da época dão conta de noticiar a saída de até 20 navios cargueiros, lotados, do porto de Xapuri em um só mês. (O Acreano, 04 de setembro de 1908. p. 1)".

“De 1915 a 1918, houve melhorias na zona urbana: a cidade recebeu mais uma escola, um matadouro, a fonte de água, além de possuir o maior centro comercial da região, chegando ao total de quarenta e quatro casas comerciais. Sendo a maior delas a da firma Belchior Gallo, A Limitada, uma das mais importantes casas aviadoras da região, com frota própria, navios para a época de chuvas e lanchas para o período de estiagem, quando os rios não permitiam a passagem dos navios de grande porte”.

“Os reflexos negativos da centralização do governo do Território atingiram a cidade de Xapuri. Pois, conforme se pode observar na entrevista da Irmã Serva de Maria Reparadora, Alfreda Patrini, concedida à pesquisadora do CNPq, Suzy Andréia, o quadro geral da cidade, em 1928, era de miséria. Segundo a freira, este foi o principal motivo pelo qual ela veio designada para servir no Colégio recém - fundado, Divina Providência. Irmã Alfreda disse que queria servir em um lugar onde houvesse maior necessidade e a mandaram para Xapuri, onde já se encontravam outros religiosos como o Pe. Felipe Galerani, Diretor do colégio, irmã Mercedes, Ester Bressan e a Madre Priscilliana Bellon. Esse grupo de Católicos europeus eram os promotores de eventos culturais, a partir de então, como representações de peças teatrais, manutenção de jornais de curta duração e agremiações estudantis. Além de propiciarem no colégio Divina Providência, aulas de piano, canto e balé, ministrados pela professora e maestrina, Elaís Meira Eluan. Ainda segundo o depoimento da irmã Alfreda, pelos idos de 1947 a 1949, quando a indústria gomífera da Amazônia tomava novo impulso em função da Segunda Guerra Mundial, havia muita pobreza em Xapuri, impondo às freiras, sob a direção de D. Júlio Mattiloli, então bispo da Prelazia Acre e Purus, fazer campanha de arrecadação de donativos junto aos seus familiares que ficaram na Europa. Assim, vinham roupas, remédios e alimentos, que eram distribuídos pela igreja à comunidade local”.

O artigo completo pode ser lido no blog Estudando a História, dos professores Eduardo Carneiro e Egina Carli. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Que p… é essa?

O futebol e a política

Eden Mota

O que tem a ver o futebol com a política? Em princípio, nada; no entanto, algumas correlações me levam a escrever sobre tal tema.

Enquanto a política tem por fundamento a organização do Estado, busca por melhores condições sociais de vida ao povo, dignidade da pessoa humana dentre tantos outros, o futebol tem por objetivo maior, a conquista. Mas, no fundo são fundamentos diferentes com um mesmo objetivo, vez que a conquista, sempre foi e será o ponto de chegada de qualquer homem.

O interessante nisso tudo é que nós, torcedores e eleitores, nos colocamos de maneira diversa em relação aos dois temas.

Enquanto torcedores: xingamos, protestamos, opinamos, nos manifestamos, exigimos saída muitas vezes de um jogador, de um técnico, de um dirigente, viramos técnicos, chamamos a responsabilidade para nós. E o engraçado é que muitos se envolvem nessa discussão. Acima de tudo queremos profissionalismo e compromisso de todos aqueles que dirigem nossas agremiações, mesmo porque essa é a chave para o sucesso.

E eu pergunto: apesar da imensa paixão que temos por nossos clubes, que conquista maior essa tal paixão nos traz a não ser apenas satisfazer o nosso ego voltado tão somente para a conquista?

Continue lendo no blog do autor, Xapuri Urgente.

Nunca duvide…

Quarto gol do Flu sobre o Argentinos Juniors pela Libertadores da América. Rolei de rir ao ver esse vídeo.

12 anos de alegrias

Teco

Súbito, percebo que já não sou o único homem da casa. Aqui, ao meu lado, silenciosamente, um sujeito cresceu e já calça o meu número de sapatos; e expressa, como jamais pude, ideias todas suas, criatividade surpreendente, dons variados e uma personalidade forte, cunhada por Deus em seu espírito de criança-adolescente.

Amigo carinhoso de sua família, Matheus Cardoso é uma força da natureza que há 12 anos tomou conta de nossas vidas. Sua existência é uma das grandes razões das batalhas deste blogueiro coruja que vê nele não meramente um filho, a quem se concebe, alimenta e educa, mas, acima disso, um presente de Deus, um parceiro para a vida.

- Desejo-te, cara, todas as coisas boas que a vida possa te ofertar, não gratuitamente, mas em troca da dedicação e do empenho com que tu deves te entregar a ela no caminho que trilharás. E que na caminhada tu sejas, como homem, assim como tens sido nos teus dias de infância. Um menino do bem, de Deus e dos que te amam.

- É claro que o viver não será para ti fácil, como não é para ninguém, em geral. Mas a luz e a alegria que trazes contigo desde que veio ao mundo são indicadores de que o sucesso está à tua espera. E são esses os votos sinceros de teu pai e de tua família neste dia especial em que completas 12 anos de idade e de alegrias em nossas vidas.   

Teco e Lily

Com a sobrinha e afilhada Anna Lya.

Tricolor

Matheus também é um “guerreiro tricolor”.

Feliz aniversário. Te amamos.

Aniversário do Zé Cláudio

Convite

“Tu estás convidado a + uma bebedeira – e uns tira gostos chinfrins – alusiva às minhas 54 primaveras, na minha residência, dia 23 de abril, a partir das 20h00. É PROIBIDA A ENTRADA DE BÊBADO. SAIR PODE”.

Infelizmente não poderei ir a Rio Branco neste fim de semana provar os tira gostos do meu amigo José Cláudio Mota Porfiro, que certamente serão de primeira, assim como o papo que rola nesses encontros dos quais já tive o prazer de participar de alguns, aqui mesmo, em Xapuri, na pousada do Garrinha. 

Quero, no entanto, desejar tudo de bom para esse sujeito doutor que tanto orgulha, com sua verve poderosa, a nossa terra xapuriense. Parabéns, Zé, pelas 54 primaveras, e que elas se tornem 108. Tenho a certeza de que sua presença não cansará este mundo tão dependente de criaturas como você para ser mais suportável.

Um grande abraço e boa bebedeira.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Do blog do Altino

Dantinha e sua casta acreana

Fátima Almeida

Que idéia estranha foi aquela de Francisco Wanderley Dantas, o Dantinha, que governou o Acre no período 1971-1974, de atrair pecuaristas do Centro-Sul, com a oferta de terras baratas, sem nunca ter passado pelo seu pensamento, entre um gole e outro de uísque, que nos seringais desativados habitavam famílias às centenas? Para onde elas iriam? Como viveriam? Ele nada pensou sobre isso.

À semelhança dos coronéis que mandavam localmente, por séculos, neste país, e que enviavam seus filhos para estudar em Lisboa ou Coimbra, os “coronéis de barranco” do Acre enviavam seus filhos para estudar no Rio de Janeiro. Aqueles, bacharéis, de retorno à pátria iam compor o corpo dirigente da nação.

Dantinha, filho de coronel de barranco, formado engenheiro no Rio segundo essa tradição, feito governador, promoveu o maior descalabro social, ambiental, cultural que já pode ter ocorrido no Acre. Mas o nome de seu pai, o coronel Sebastião Dantas, ainda infunde respeito, nas massas, e é nome de ponte e de corrida pedestre. Como explicar essa contradição?

As castas dirigentes lançam mão do recurso eleitoral com seus pacotes embrulhados com propagandas, distribuem cargos menores às camadas médias, instruídas, cabos eleitorais em potencial, estruturando desse modo um tipo de gestão pública que prioriza a manutenção do status quo.

Ficam de fora dessa esfera as massas que crescem como se nelas houvessem colocado fermento, perdidas nessa obscuridade que é a exclusão dos negócios rendosos estabelecidos no Estado.

Mas os muros de contenção estão cheio de fendas por toda parte, por onde a barbárie invade e vez por outra vem ceifar a vida dos bem nascidos, como ocorreu com Ana, assessora parlamentar assassinada em sua casa. Em seu próprio meio a violência é lugar comum, natural, diuturna, preponderante, constante. A barbárie põe seus ovos.

O coronelismo estará também botando os seus?

A Roma antiga, baluarte da civilização, não teve forças para barrar as invasões bárbaras e caiu. Em parte, a corrupção e sua companheira, a decadência, contribuíram internamente para que isso acontecesse. Da desagregação emergiu o império da fé cega.

Do mesmo modo como a expansão da consciência ilumina as zonas escuras do inconsciente de um indivíduo, as políticas educacionais deveriam ter como mote o alcance maior das luzes da arte e da ciência no meio das massas bárbaras. Mas as castas dirigentes não podem traçar estratégias no sentido da inclusão de fato pelo risco de vir a desaparecer.

Esse dilema é histórico e marca registrada da evolução histórica do país. Muitas ilusões ainda deverão vir abaixo, tais como a de se colocar um sociólogo da USP ou um metalúrgico sindicalista na presidência, ou ainda uma ex-militante de esquerda.

As práticas políticas ainda dão sustentação aos velhos quadros e por extensão ao latifúndio, hoje denominado com o pomposo nome de agronegócio. As massas continuam sendo deslocadas para um lado e para outro, porque, no Brasil, falar em migrações internas é eufemismo.

Teatro, cinema, literatura, música, ciência, não estão acessíveis às massas condenadas ao escravismo do salário mínimo, ao teto precário ou sem teto entregues a própria sorte.

Tanto progresso científico-tecnológico e a barbárie ganhando terreno!

As páginas policiais atestam isso todos os dias. Não será a sentença de um juiz que irá mudar esse estado de coisas porque é pontual ou casual. Mas foi a idéia estranha do governador Wanderley Dantas que quase acabou com o Acre que nada teve de casual.

Fátima Almeida é historiadora acreana.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia do índio

Reginaldo Trindade

O preconceito contra as comunidades indígenas no País - e a ignorância subjacente – só não é maior que o descaso a que estão relegados os povos da floresta pelo Governo Federal, notadamente por seu braço indigenista, a Fundação Nacional do Índio - Funai.

O Povo Cinta Larga, localizado nos Estados de Rondônia e Mato Grosso, não bastasse essa discriminação, ainda sofre com a desmesurada violência decorrente do garimpo de diamantes existente em seu território.

A exploração ostensiva já ultrapassou uma década e não há qualquer horizonte à vista quanto a seu término, muito menos quanto à sua regularização.

Nesse período, a Funai jamais conseguiu se desincumbir, com um mínimo de organização, de suas relevantes responsabilidades.

A descontinuidade administrativa decorrente da constante alteração das pessoas encarregadas de lidar com a questão, a ausência de estratégias adequadas, a escassez de recursos e suporte técnico-administrativo são apenas algumas das mazelas que podem ser citadas.

Impressiona a total falta de condições de trabalho deixada pela direção do órgão indigenista às pessoas que se embrenharam na hercúlea tarefa de conduzir os rumos da política pró-Cinta Larga - não havia o apoio necessário, nem recursos; sobravam desinteresse e promessas vazias. O resultado é de todos conhecido.

Assim, o governo que se encerrou em 2010 (ou se perpetua a partir do corrente) fez muito pouco, quase nada, para dizer o mínimo, pela causa indígena, ou, mais especificamente, pela causa indígena do Povo Cinta Larga.

Infelizmente, o governo anterior igualmente não tem muito o que comemorar também - se é que possui algo. Ou seja, o descaso para com a questão Cinta Larga, para o bem, ou para o mal, não tem escolhido partidos ou cores ideológicas; entra governo, sai governo, os índios continuam num estado absurdo de descaso e penúria.

O Ministério Público Federal - MPF já realçou a imperiosa necessidade de que a questão Cinta Larga seja tratada com prioridade e preferência. Mas a Funai não parece compreender, ou, se compreende, parece não se importar com a dimensão do problema Cinta Larga; haja vista que não tem tratado a questão com a primazia necessária.

Para o órgão indigenista, a questão Cinta Larga é somente mais uma a lhe abarrotar a mesa de trabalho. A problemática, assim, está abandonada na mesma vala comum em que se amontoam os mais variados problemas da Fundação e sem qualquer perspectiva conhecida para emergir.

A nação Cinta Larga é guerreira - na acepção mais tradicional possível do termo. Sua batalha agora, entretanto, não envolve arco e flecha, mas caneta e papel. Cada vez mais ela está convencida da necessidade de dialogar com a sociedade envolvente, na forma imposta por esta (projetos etc.).

Imprescindível que, nesta caminhada, os índios continuem a ter grande coração para não deixar a luta esmorecer. Infelizmente, a espera por dias melhores é muito cruel e angustiante.

Que assim seja, então. Que os índios Cinta Larga, nesta data tão marcante e em todos os dias porvir, sigam firmes no seu destino e inabaláveis em seus princípios e propósitos maiores, sem jamais perderem a fé e esperança. As grandes conquistas pertencem mesmo apenas aos povos maiores.

A Nação Cinta Larga, que já provou seu valor por simplesmente sobreviver ao contato violento e à maldita exploração, certamente não sucumbirá diante do mais novo inimigo: um governo omisso e indiferente.

Reginaldo Trindade é procurador da República, responsável, no Estado de Rondônia, pela defesa do Povo Indígena Cinta Larga.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O papel da oposição

Leonildo Rosas, na coluna Poronga de domingo.

Semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou artigo explicitando qual seria o papel da oposição no campo político nacional.

Longo, o texto do sociólogo tucano teve o condão de desagradar governistas e oposicionistas. Até quem não teve paciência para ler criticou.

As mais de 10 páginas foram resumidas em poucas linhas, principalmente quando ele aponta que a oposição deveria deixar de disputar com o PT os votos do “povão” para investir numa nova classe média.

Fernando Henrique Cardoso visivelmente tenta salvar sua biografia como ex-mandatário da nação. Não se conforma que seus oito anos no governo sejam ignorados até por quem deveria ser aliado.

Quase octogenário, o ex-presidente ainda quer protagonizar na política nacional. Sabe que o PSDB (partido que ajudou a fundar) perdeu o prumo desde que o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu subir a rampa do Palácio do Planalto como presidente.

O que acontece em nível nacional não é diferente do que ocorre no Acre.

Há mais de 12 anos sem saborear o poder, a oposição acreana tem se limitado a tecer críticas contra o governo, sem apontar rumos e projeto alternativo para o Acre.

Não é certo agir como biruta de aeroporto e se comportar ao sabor do vento. Qualquer grupo político que pense chegar ao poder tem que agir diferente, de forma mais responsável.

O pessoal que governa o Estado e a maioria dos municípios agiu assim. Capitaneados pelo PT, os governistas sabiam fazer oposição e construíram um projeto que foi aprovado em mais de uma oportunidade pela população.

De certa forma, a oposição carrega nas costas o dever de ter mais responsabilidade do que quem está no poder, pois representa a renovação e a esperança de dias melhores para uma gama considerável de cidadãos e cidadãs.

Mas, pelo que se tem visto no Acre, não há o compromisso nem a responsabilidade dos opositores. Eles não conseguem se entender entre eles.

Não há um projeto coletivo, mas um ajuntamento desorganizado de interesses individuais sobrepondo a capacidade de formular um projeto político e economicamente viável para o Estado.

A própria eleição de Sérgio Petecão é reflexo dessa desorganização. Recém-convertido ao campo oposicionista, ele aproveitou a falta de projetos e o medo de perder de outras lideranças oposicionistas para viabilizar seu projeto pessoal. Acabou ganhando um mandato de senador.

Fernando Henrique Cardoso fez críticas acerbas à oposição em nível nacional. Imagine o que diria se conhecesse a oposição no Acre...

Leonildo Rosas é colunista do jornal Página 20.

domingo, 17 de abril de 2011

Por onde anda Geovani, o neto do Zé Manduca

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Do site gaúcho Finalsports.com:

De Xapuri, no Acre, do outro lado do país, vem a arma do Ypiranga para o jogo contra o Grêmio, neste domingo, às 16h, em Erechim, em partida válida pelas quartas de final da Taça Farroupilha. É o meia Geovani, autor de quatro gols no Gauchão, e organizador das jogadas do Canarinho.

Nascido na terra de Chico Mendes, Geovani começou a carreira no Rio Branco, tradicional clube do Acre. Depois de ter destaque, veio para o Vasco e atuou com jogadores como Juninho Paulista, Juninho Pernambucano e Romário. Também passou por Cruzeiro e recentemente esteve no Duque de Caxias, tendo como último clube o Blooming, da Bolívia.

Para o jogo contra o Grêmio, o meia acredita que o Ypiranga pode surpreender, diferentemente do jogo das quartas de final do primeiro turno, quando o time acabou goleado por 5 a 0 pelo mesmo rival, só que a partida aconteceu no Olímpico, em Porto Alegre.

“No primeiro turno foi um jogo muito complicado e o Grêmio não deu chances para nossa equipe. Agora, em casa, onde perdemos apenas um jogo nesse Gauchão, esperamos um jogo mais duro e quem sabe não conseguir essa vaga. Já atuamos contra eles no Colosso da Lagoa e o jogo terminou empatado. Espero que a torcida compareça para nos ajudar”, disse Geovani.

Nota: a foto é da época em que o jogador defendia o time do Duque de Caxias, do Rio de Janeiro. Outras informações sobre Geovani aqui.

Atualização às 17h27: Geovani marcou um gol na partida contra o Grêmio, em Erechim, e o jogo terminou empatado em 1x1 pelas quartas de final do gauchão. Nos pênaltis, porém, o tricolor gaúcho levou a melhor por 4x2 e se classificou para a semifinal.

sábado, 16 de abril de 2011

Cooperativismo Musical

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A recém-criada Cooperativa De Música do Acre – Comac – já está com o seu núcleo em Xapuri devidamente montado e diretoria formada. De acordo com o músico Antônio Magão, um dos líderes do movimento no município, está sendo realizado agora o trabalho de cadastramento das pessoas ligadas a esse ramo de atividade em Xapuri.

Podem se cadastrar no Núcleo da Comac em Xapuri todas as pessoas que atuam profissionalmente com a música de maneira geral, desde os músicos propriamente ditos àqueles que trabalham no suporte a eventos musicais, como iluminadores, sonoplastas e dj’s, entre outros.

Para Antônio Magão, um dos músicos mais talentosos e dedicados de Xapuri, a Cooperativa de Música, que é a primeira do gênero no Brasil, segundo ele, chega legitimar e valorizar a atividade musical no Acre, onde a figura do música é muito desvalorizada e até mesmo explorada por promotores de eventos em geral.

Alarice Botelho, secretária do Núcleo de Xapuri, afirma que além de valorizar e representar o profissional da música no estado, a cooperativa vai promover o desenvolvimento da atividade musical, que ainda é vista por muitos como mera diversão para aqueles que tem nela meio de vida.

Mais informações sobre a Cooperativa de Música do Acre no blog Músicos do Acre.

Palavras que enganam

João Baptista Herkenhoff

A palavra é talvez a mais expressiva forma de comunicação humana.

As palavras, para cumprir seu destino ético, deveriam sempre traduzir mensagens verdadeiras.

Entretanto, com muita frequência, hoje como ontem, as palavras escondem, enganam, ludibriam.

Os mais idosos lembram-se certamente de uma expressão de largo curso em outros tempos: mundo livre.

O que era o mundo livre? Era o conjunto dos países que estavam sob a influência, ou a batuta, dos Estados Unidos.

Uma das mais sanguinárias ditaduras latino-americanas integrava o mundo livre porque estava alinhada aos interesses, principalmente aos interesses econômicos, da matriz do Norte. Não obstante a propaganda em massa, muitos conseguiam questionar: essa ditadura que tortura, que coloca serpentes nas celas das presas políticas, que mata os opositores e os enterra clandestinamente de modo que nem os corpos das vítimas deixem rastros, essa ditadura também faz parte do abençoado mundo livre? A propaganda respondia: Claro que sim. Essa ditadura é circunstancial, passageira. Assim, o ditador ficava a salvo porque fazia o dever de casa, reverenciava a Estátua da Liberdade.

Outra palavra de grande impacto naquela época: Cortina de Ferro.

O que era a Cortina de Ferro? Era o conjunto dos aparatos que cobriam os países da antiga União Soviética. Esses países não tinham a possibilidade de conhecer a verdade, pois a verdade era privilégio dos países que compunham o Mundo Livre. Pobres países da Cortina de Ferro! Não idolatravam Hollywood, não podiam contemplar a grandeza do capital financeiro, não aprenderam que se mede a felicidade de alguém pelos índices de consumo desse alguém.

Eu me refiro, neste artigo, ao uso da palavra como expediente para submeter as grandes massas ao domínio politico. Não me refiro aos slogans comerciais porque estes são inocentes, ou quase inocentes. O mundo não fica pior, nem melhor, porque o Sabonete Lever é o Sabonete das Estrelas. Já na propaganda da Coca-Cola vai embutida uma filosofia de vida: “Tudo vai melhor com Coca-Cola”; “Onde há Coca há hospitalidade”; “Coca-Cola dá mais vida”.

O uso da palavra, como instrumento de dominação política, é coisa do passado, dos tempos da Guerra Fria?

Nada disso. Nos tempos atuais a palavra continua desempenhando o papel de falsear os fatos, de subtrair a versão correta dos episódios.

Certas figuras que, com todos os seus erros, são óbice ao domínio do País do Norte, infalivelmente recebem o carimbo de ditador. Raramente uma notícia refere-se apenas ao nome dessa pessoa deixando a cargo de quem ouve ou lê a notícia colocar o epíteto de ditador. Outros ditadores, da mesma região, igualmente donos absolutos da vontade dos súditos, vizinhos do ditador abominável, nunca são apelidados de ditadores porque não incomodam a Pátria da Liberdade e dos Direitos Humanos.

A lavagem cerebral é muito poderosa. Não se pode negar sua capacidade de submeter milhões de pessoas à condição não pensante. É possível reagir? Sim, é difícil mas é possível, principalmente através do debate. O debate provoca a dúvida, a inquietação, o questionamento.

João Baptista Herkenhoff, 74 anos, magistrado aposentado, trabalha presentemente na Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES). É escritor. Faz palestras pelo Brasil afora. Autor do livro Mulheres no banco dos réus – o universo feminino sob o olhar de um juiz (Editora Forense, Rio).

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Fora de prioridade

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O BEA, Escritório Francês de Investigação e Análises para Segurança da Aviação Civil, informou nesta sexta-feira às famílias das vítimas do acidente com o avião da Air France que o resgate dos corpos que ainda estão no fundo do mar não será prioridade. O avião caiu no Oceano Atlântico quando ia do Rio para Paris, em 2009.

A prioridade, segundo o escritório francês, será a retirada dos destroços do avião e da caixa preta, e que algum corpo pode acabar sendo içado eventualmente junto com o que sobrou da fuselagem. Mais de 200 pessoas morreram no desastre e apenas cerca de 50 corpos foram resgatados.

No Brasil, várias famílias experimentam a terrível sensação de perder parentes de forma abrupta e não poder velar e sepultar seus corpos. Muitas também não tem ainda os atestados de óbitos de seus mortos. A notícia do achado de restos mortais entre os destroços recém encontrados reanimou uma chama de esperança já quase apagada.

A informação que agora chega surpreende e faz refletir sobre o valor que a vida humana e os mais sagrados sentimentos possuem nesse mundo em que o capital econômico é o deus. Não seria obrigação tanto moral quanto ética da empresa Air France devolver aos familiares, havendo essa possibilidade, os corpos de seus entes queridos?

Prioriza-se a recuperação das caixas pretas do avião para que se possa entender os motivos da catástrofe como maneira de que outras, semelhantes, não aconteçam e, assim, não gerem prejuízos dessa extensão para a aviação civil. A vida dos passageiros estará sempre em segundo plano ou, pior, fora de prioridade.

O drama do “Amigão”

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O drama do pequeno comerciante Nemézio Ferreira Lima, 48, ilustra um dos muitos contrastes da lei brasileira, muito rigorosa em alguns casos, excessivamente branda em outros e geralmente mais dura com os menos abastados, por sua menor capacidade de defesa, que com os mais fartos de poder social e econômico.

Conhecido em Xapuri pela alcunha de “Amigão”, Nemézio passou 60 dias recolhido a uma das celas da delegacia local por não pagamento de dívida resultante ação de pensão alimentícia de valor estratosférico movida por uma ex-mulher, razão pela qual ainda pode voltar ao xilindró.

A ex-esposa, Nicilda Magalhães Lima, cobra na justiça débitos atrasados em nome do filho Éberson Magalhães Lima, hoje maior de idade, que atualizados somam, segundo Nemézio, quase R$ 80.000,00. Isso mesmo, oitenta mil reais. Achando-se injustiçado, Amigão procurou por este blogueiro afim de tornar sua história pública.

Dono de uma pequena mercearia na rua 17 de novembro, no centro de Xapuri, cujo espaço é alugado, ele afirma que não tem como pagar os valores devidos ao filho com que não possui o menor contato desde que a ex-mulher foi embora para o estado do Mato-Grosso levando Éberson ainda criança.

Foi de lá que Nicilda Magalhães acionou a justiça para que Nemézio pagasse alimentos ao filho, então menor. Depois de notificado da decisão da justiça mato-grossense, o comerciante não cumpriu com o prazo estipulado para o pagamento e sua prisão foi solicitada por carta precatória ao juizado cível da comarca de Xapuri.

Nemézio foi executado com base no artigo 733 do Código de Processo Civil, execução essa que o levou à prisão por 60 dias, e depois pelo artigo 732, que determinou a penhora de bens que, por sua vez, não ocorreu porque o oficial de justiça não encontrou qualquer bem que pudesse ser penhorado.

Do pequeno comércio, onde funciona uma pequena sinuca, Amigão diz que tira uma pequena renda suficiente apenas para se manter junto com uma filha de 4 anos de idade que cria sozinho. “Queria que o juiz se sensibilizasse de que não possuo dinheiro nem bens para pagar um valor desses”, apela ele.

Homem de pouca instrução, Nemézio desconhece que ao juiz não cabe se sensibilizar com a sua situação. Nesse caso, como em outros, o magistrado da esfera cível cumpre com o que está na lei, sendo obrigado a mandar à cadeia quem não paga alimentos aos filhos, mesmo que o sujeito em questão seja “gente boa”, assim como o juiz da vara de execuções penais é obrigado a soltar criminosos de toda espécie para nos atormentar nas festas de fim de ano.

O comerciante está sendo assistido pela defensoria pública de Xapuri, que em razão da maioridade do rapaz, já pediu justiça do Mato Grosso a exoneração de pensão. Segundo a defensora Roberta Caminha, tudo o que poderia ser feito com relação ao caso já foi feito, restando apenas aguardar a decisão do juiz quanto ao pedido de exoneração de alimentos.

Como qualquer cidadão só estará isento de pagar pagar pensão alimentícia quando tiver o pedido de exoneração deferido pelo juiz, independentemente da idade do alimentando, o nosso Amigão ainda poderá voltar à cadeia caso o filho, hoje com 19 anos, venha cobrar na justiça o pagamento de pensão relativo aos últimos 3 meses, de acordo com o que informa a defensora pública de Xapuri.

Chapéu alheio

Archibaldo Antunes

Energia elétrica no Acre é artigo de luxo, certo?. E com cerca de 40% do valor pago apenas em impostos, o usufruto do serviço é coisa para gente bacana, como costuma dizer o deputado Moisés Diniz, do PCdoB.

O movimento que tenta amainar a voracidade do governo por tarifas escorchantes, responsáveis estas pela carestia das contas de luz, haverá de esbarrar na penúria dos cofres públicos.

Como a maré econômica não está pra peixe, minha opinião é que o movimento por menos tarifas e mais energia vai morrer na praia. Não bastasse o pessimismo dos que, como eu, sabem que os governos nada produzem a não ser despesas a serem pagas pela puleia, a companheirada resolveu passar o chapéu para ajudar os paraguaios. Isso mesmo, os paraguaios.

Como há certas notícias para as quais a imprensa do Acre faz ouvidos de mercador, nada foi dito sobre a aprovação na Câmara dos Deputados do projeto de decreto legislativo referente ao Tratado de Itaipu, na semana passada. Pela proposta do governo federal, os repasses da União ao governo dos hermanos - relativos ao uso do excedente de energia da usina hidrelétrica de Itaipu - seriam reajustados dos atuais R$ 120 milhões para R$ 360 milhões ao ano.

Os deputados federais da base governista conseguiram aprovar na Câmara Federal o projeto por 285 votos contra 54. Perpétua Almeida (PCdoB), Sibá Machado (PT), Taumaturgo Lima (PT) e Antonia Lúcia (PSC) ajudaram a salgar a conta para os brasileiros.

É preciso lembrar que esses mesmos parlamentares votaram contra o reajuste de 15 reais do salário mínimo. E que o aumento dos repasses ao governo paraguaio se dá em um momento em que o governo federal faz cortes bilionários no Orçamento.

Como a ordem do governo é aprovar a tunga no bolso do brasileiro, espera-se que os senadores Jorge Viana e Aníbal Diniz, do PT, além de Sérgio Petecão, do PMN, confirmem mais essa caridade com o chapéu alheio.

Archibaldo Antunes é jornalista, autor do livro Amazônia dos Brabos e também blogueiro.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Na tonga da mironga

Alguém me questionou sobre o porquê de a imagem que vai no frontispício do blog há alguns dias ter texto jornalístico escrito em alemão. Na verdade é uma imagem provisória que catei aleatoriamente na internet enquanto uma nova e definitiva não fica pronta. Mas que bom seria se soubesse escrever em alemão, pra fazer como Toquinho e Vinícius, que xingaram em nagô. Segue vídeo, letra e um bom dia a todos.

Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô

Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender

A tonga da mironga do kabuletê

Você que lê e não sabe
Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe
Você vai ter que viver

Na tonga da mironga do kabuletê

Você que fuma e não traga
E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você

Pra tonga da mironga do kabuletê...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Alaga-show

Josafá Batista

O rio Acre, como faz há milênios, recebeu nesse ano um grande volume de chuvas e transbordou. Não é inédito, mas provoca uma espécie de transe amnésia histérica: poucos lembram que todo ano é a mesma coisa, o que muda é a intensidade do fenômeno.

"Rio Acre desabriga 20 famílias", "Defesa Civil distribui alimentos e água potável para desabrigados", "nível do rio sobe", "nível do rio desce", "prefeitura distribuirá hipoclorito para famílias atingidas pela enchente", "volta para casa aumenta riscos de infecção por leptospirose, micoses e outras doenças" - são estas, dentre muitas outras, as manchetes dos jornais nessa época do ano.

Mas por que não questionar: essas famílias voltam para os bairros alagadiços só para sofrer, todos os anos, as mesmas dificuldades?

Elas voltam porque são pobres. Todos os programas habitacionais do governo para pessoas em áreas de risco fundam-se em um único pressuposto: transferir as famílias para regiões mais altas. Esquecem que, nos locais de origem, elas têm a mercearia onde compram fiado para pagar no fim do mês (quando sai o dinheiro da aposentadoria, da pensão ou do trabalho braçal). Têm a escola próxima para os filhos estudarem. Têm água potável, encanada ou "enganada" (os bairros alagadiços, por serem muito baixos, alcançam os lençóis freáticos com muita facilidade por meio de poços, construídos geralmente em mutirões).

As famílias não deixam os bairros alagadiços porque constituíram nesses locais uma rede de auxílio mútuo compatível com a sua baixa renda. As casas construídas pelo governo, até onde sei, sequer levam esses pontos em consideração. Pior que isso: submetem as "vítimas da enchente" (expressão que é outra violência de ordem simbólica):

- à mesma escassez de água potável sofrida pela classe média em outros bairros (e como essas regiões são muito altas, perfurar um poço ou "cacimba" a picaretadas é uma aventura quase sempre impossível, além de perigosa).

- a ausência de sistemas de saúde e de educação que tenham - no mínimo - os mesmos problemas de superlotação e escassez de fichas que existiam nos bairros de origem.

- a inexistência de mercearias ou pequenos estabelecimentos que aceitassem vender fiado e receber no final de cada mês.

- a falta de um policiamento ostensivo para inibir crimes contra o patrimônio, tráfico de drogas e desentendimentos comuns em qualquer comunidade.

Diante de tudo isso vale perguntar: o governo - de todas as esferas, municipal, estadual, federal - tem realmente políticas públicas de habitação popular? Ou apenas distribui casas (quando distribui)? Os documentos do principal programa do governo federal, "Minha Casa, Minha Vida" a que tive acesso não citam qualquer preocupação com as questões levantadas, no máximo citam a principal preocupação dos órgãos financiadores: a renda. O governo estadual sequer possui um site relacionado a seus programas habitacionais.

Certo, pra não dizerem que só reclamo darei alguns pitacos:

- Façam estudos sobre as formas de sociabilidade nos bairros alagadiços, as estratégias de sobrevivência das "vítimas da enchente". Conheçam as hortas caseiras ou comunitárias, as criações de galinhas, patos e porcos; confiram como os poços/cacimbas servem, às vezes, para as famílias de uma rua inteira durante o verão. Vejam como as pessoas se deslocam quando precisam de atendimento médico-hospitalar, suas dificuldades e limitações. Tentem compreender a importância do transporte público e das bicicletas, no trajeto das crianças para a escola ou para o culto/missa dominical. Enfim, tentem assimilar o básico: pessoas não são objetos para que sejam jogadas sem qualquer planejamento em outra região da cidade.

- De posse de todos esses estudos e diagnósticos sociais, tentem reaplicar o que puder ser reaplicado nos locais de destino, nesses conjuntos novos que o governo planeja entregar para famílias em áreas de risco. Partindo da compreensão básica de que a renda é muito baixa, pode ser mais produtivo compreender que um modo de vida que requer uma renda maior sempre será inexequível para os novos moradores. O resultado sempre será a volta para casa por conta própria. Acompanhada ou não da venda do imóvel.

- Por fim, e aproveitando uma "carona" no projeto de pavimentação com tijolos de todas as ruas da cidade prometido pelo governador Tião Viana (PT) na campanha eleitoral, será relativamente fácil fazer o seguinte: utilizar a mão-de-obra ociosa desses novos moradores para empregá-la em olarias públicas que podem ser construídas pelo próprio governo. Para evitar problemas com a Lei de Licitações e até com a Lei de Responsabilidade Fiscal, bastaria fomentar nos bairros (com auxílio da associação de moradores) um sistema de mutirões que reunissem todos esses pais e mães de famílias para participar de toda a nova cadeia econômica: desde a produção de tijolos até a pavimentação propriamente dita. É bom que se acrescente um importante detalhe: é nos bairros alagadiços de Rio Branco onde se encontra a argila de melhor qualidade para o fabrico dos tijolos - Taquari, Triângulo, Ayrton Senna, são alguns que me vêm à mente no momento.

Se essas questões forem levantadas, a títulos de problematização e cobrança pela nossa imprensa e pelos políticos realmente interessados em soluções para o povo, estaremos a meio caminho de transformar o "Alaga-show" anual que temos em uma política exemplar de promoção de cidadania.

Sugiro ainda que os colegas jornalistas encampem essa idéia, se a considerarem exequível. Em fenômenos sociais de larga magnitude é que se torna possível compreender que o papel da imprensa não é meramente narrativo. Se a imprensa é o "quarto poder", sua função é social. É ser o contra-poder instrumentalizado pelo povo, não mera transmissora de fatos. É dar voz aos que não têm voz porque a política no capitalismo concentra e se fecha em si mesma tanto quanto o próprio capital. Seu compromisso, portanto, é com o povo.

Josafá Batista é sociólogo e escreve aqui.

Cheia do Rio Acre

Nível das águas se manteve estável durante a terça-feira e prefeitura avalia ações de apoio às famílias desabrigadas em Xapuri

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A Prefeitura de Xapuri realizou reunião nessa terça-feira, dia 12 de abril, para avaliar as ações que estão sendo realizadas em apoio às famílias desabrigadas pela cheia do Rio Acre e prevenção às doenças durante a enchente e a vazante do rio.

Todas as secretarias municipais estão empenhadas no trabalho de ajuda aos desabrigados. A secretaria de Saúde está realizando visitas, entregando folhetos com informações de prevenção às doenças através dos agentes de saúde e auxiliando na identificação e apoio na retirada de pessoas das áreas de risco.

Com apoio do Depasa, Polícia Militar, Conselho Tutelar e da Vigilância Sanitária, a Defesa Civil Municipal está retirando o acúmulo de galhos e árvores que se acumulam nos barrancos do rio, fazendo o isolamento das áreas de risco e promovendo campanhas de conscientização para as pessoas evitarem contato com a água, principalmente as crianças. Durante toda terça-feira a cota do Rio Acre esteve estável em 14,20 cm.

Com informações do blog Xapuri em Destaque.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais um

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Boliviano é preso pela polícia de Xapuri ao tentar levar um quilo de cocaína até a Gameleira, em Rio Branco. Pelo serviço de mula, o patrício receberia a bagatela de R$ 500,00. Confira a história aqui.

Desenvolvimento econômico

Secretários de Estado e deputado Manoel Moraes visitam Xapuri para discutir o tema

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Da assessoria do deputado

Durante o último fim de semana, o deputado Manoel Moraes (PSB) em Xapuri acompanhado de três secretários de Estado discutindo linhas de produção para essa região. O parlamentar acompanhou três reuniões na sexta-feira e uma no sábado. As reuniões foram realizadas por Edvaldo Magalhães, secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Indústria e Comércio, José Carlos Reis, secretário de Pequenos Negócios e Ilmara Rodrigues, secretária de Esportes, Turismo e Lazer.

“Discutir o desenvolvimento da região é sempre algo de suma importância. A visita dos secretários ao nosso município nos deixa muito contentes; é bom saber que o governo do Estado está de prontidão para discutir o desenvolvimento do Alto Acre. Nós nos colocamos à disposição para ajudar no que for preciso o desenvolvimento do Acre”, afirmou o deputado.

A primeira reunião foi realizada no polo moveleiro do município e contou com a presença de dezenas de trabalhadores ligados à produção local, especificamente marceneiros, que aproveitaram a oportunidade para esclarecer dúvidas com o secretário da pasta. Para Patrício Silva, a reunião e os encaminhamentos da mesma são de fundamental importância para que se possa ter bons resultados no futuro.

“Estamos contentes com a visita do secretário Edvaldo e a iniciativa do deputado Manoel Moraes que está cumprindo um papel importante, que é de buscar alternativas para esta região”, declarou.

Edvaldo Magalhães afirmou que, enquanto secretário, buscará todas as medidas e usará todos os métodos necessários para que haja desenvolvimento eficaz neste setor, especificamente na marcenaria, que é meta de atenção nessa região. “O setor moveleiro é muito importante para esta região e estamos cientes de que hoje é um setor marginalizado. Queremos trabalhar para que estes profissionais tenham reais condições e melhoras efetivas. ”, disse.

O secretário colheu as demandas da reunião que incluíam melhorias nas condições de trabalho dos marceneiros locais e garantiu que as medidas serão tomadas com urgência e que até o fim do mês haverá um encontro estadual de marceneiros onde serão tratados das medidas de melhoria para a categoria.

Outra reunião com a presença do secretario Edvaldo Magalhães foi com os piscicultores do município de Xapuri. Apesar de praticamente todos os profissionais desta área morarem na zona rural, isso não impediu que mais de 80 de pessoas comparecessem à reunião. O secretário apresentou aos piscicultores da região as perspectivas para os próximos meses e deu a eles uma noticia que considera fundamental para a sobrevivência de quem trabalha nesta área: o governo do Estado incluirá no cardápio da merenda escolar o peixe, o que significa que o próprio governo se tornará um cliente na compra do produto desses piscicultores.

“Além desta noticia temos outras perspectivas com o projeto arrojado que temos para esta área. Estamos fazendo altos investimentos nesta área”, garantiu o secretário.

Para explicar os investimento na área de piscicultura, Edvaldo foi didático ao usar quadro e giz para explicar aos presentes o investimento inicial de 20 milhões de reais que será feito pelo governo do Estado , tendo como referencia um projeto do Mato Grosso do Sul.

“Um investimento que irá envolver mais de 12 mil pessoas e que dará oportunidades de crescimento aos piscicultores”, diz ele.

Para o Raimundo Mendonça, 51 anos, que está cheio de planos e projetos para ampliar os trabalhos com piscicultura, a reunião foi salutar. Ele que é morador da colocação São Miguel, zona rural de Xapuri, e possui 60 hectares onde trabalha com criação de peixes diz que pretende ampliar os trabalhos nesta área e está motivado com as perspectivas apresentadas pelo governo.

“Muito importante para a gente que mora aqui saber que estão sendo feitos trabalhos para esta região. Acho importante o que o deputado Manoel Moraes está fazendo em vir também para discutir as melhorias para quem mora em Xapuri”, declarou.

Igualmente empolgado com a reunião Manoel Mendes, morador do seringal Porto Franco, destacou a importância da reunião e garantiu que a partir de agora está mais motivado para trabalhar.

“Temos uma produção de 10 mil quilos por ano, o que é pouco, mas é dentro das nossas condições. Se tiver ajuda podemos fazer ainda mais”, afirmou.

Outra das reuniões aconteceu com a presença do secretário de estado de Pequenos Negócios, José Carlos Reis. A reunião realizada na Associação Comercial do município contou com a presença de mais de 100 pessoas.

Para o presidente da entidade, João Cardoso, receber o secretário de Pequenos Negócios em uma reunião aberta e ainda com a presença do deputado Estadual Manoel Moraes, eleito por aquela região, é uma grande oportunidade para discutir os gargalos e as perspectivas do desenvolvimento econômico do município.

“Sabemos que os pequenos empreendedores representam uma boa parte das pessoas que contribuem de forma decisiva para o desenvolvimento do município, Precisamos investir nestas pessoas”, declarou.

Se depender de investimento em pequenos negócios o município de Xapuri poderá se preparar para entrar em um novo patamar de desenvolvimento. O secretário João Reis garante que o Estado estará pronto a dar todo o suporte para quem deseje trabalhar de forma independente.

O deputado Manoel Moraes, que é conhecido empreendedor da região, fez questão de lembrar momentos decisivos para quem resolve trabalhar por conta própria e relembrou histórias de sucesso de pessoas do próprio município que começaram praticamente do zero.

“Temos este viés de empreendedorismo em nosso povo. Eu mesmo já ajudei, há tempos e com muito prazer, pessoas que queriam empreender em um negócio. Algumas dessas pessoas tiveram muito sucesso. Acreditamos que as pessoas do nosso município têm potencial o suficiente para tocar o próprio negócio”, declarou.

Na linha de discutir melhorias para a região, a última reunião foi realizada na manhã de sábado com a secretária de Esportes, Turismo e Lazer, Ilmara Rodrigues. O encontro foi realizado na fábrica de bolas ecológicas do município e contou com a presença de pessoas que trabalham no projeto . A secretaria visitou as instalações da fábrica e afirmou estar otimista com o projeto e com o potencial da região. A secretária e o deputado Manoel Moraes encerraram as atividades do fim de semana visitando a casa do artesão, também em Xapuri.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tarifa de energia elétrica no Acre

Mãos ao alto!

Rio Acre continua subindo em Xapuri

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Apesar de algumas notícias de sinal de vazante em Assis Brasil e Brasiléia o nível do rio Acre continuou subindo na manhã desta segunda-feira. Algumas famílias já tiveram que deixar suas casas e estão sendo assistidas pela prefeitura. Essas pessoas estão sendo hospedadas em hotéis da cidade e seus pertences estão sendo levados para o ginásio de esportes Álvaro da Silva Mota.

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Como mostra a régua acima, providenciada de última hora depois que a água ultrapassou a marca dos 14 metros, o nível do rio atingiu nesta segunda-feira 14 metros e 18 centímetros. Uma equipe da Defesa Civil chega a Xapuri na tarde de hoje, segundo informações da prefeitura, para fazer vistoria em algumas áreas consideradas de risco para a população e avaliar se mais pessoas deverão ser removidas. A última cheia dessa proporção em Xapuri ocorreu no ano de 1997.

Fórum de Segurança Pública é instalado em Xapuri

Instrumento vai potencializar a participação popular no combate à criminalidade

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Nonato Souza

A Secretaria Estado de Segurança Pública iniciou sexta-feira, 8, a instalação dos Fóruns Municipais de Segurança Pública. A iniciativa é inédita. O processo de instalação começou por Xapuri, no Salão Paroquial da Igreja São Sebastião.

Há no Brasil um movimento em torno de Conselhos de Segurança Pública, mas o modelo adotado no Acre é diferenciado porque permite uma flexibilidade na mobilização das instituições formais e das informais.

A cerimônia de instalação do primeiro Fórum Municipal de Segurança Pública contou com a participação de representantes dos poderes constituídos e da sociedade civil organizada, que puderam expor suas propostas de forma aberta e democrática. No geral, nos municípios, a prefeitura, o Ministério Público, a Defensoria, a Polícia Militar ,a Polícia Civil e a sociedade discutem o tema da segurança pública, mas o fazem de forma isolada.

A ideia dos fóruns é permitir que esse debate aconteça de forma integrada.Outra novidade é que o fórum não cria uma nova instituição, e sim atua como mobilizador das existentes.

O secretário adjunto de Segurança Pública, Ermício Sena, resume a iniciativa: “Os governos da Frente Popular, por meio da integração de nossas forças policiais, das conferências de segurança pública, da integração de políticas públicas e principalmente das oficinas do Plano de Governo Tião Viana, permitiram-nos construir um Plano de Metas de redução da criminalidade e da violência”.

Segundo Sena, o plano passou por várias fases na sua construção, mas uma das principais é a validação na sociedade. O secretário acrescenta que os fóruns permitirão que a sociedade debata e ajuste as operações que os órgãos de segurança pública definiram como prioritárias. “Outra novidade é que os resultados dessas reuniões poderão ser enviados ao Comitê de Governança, que se reúne quinzenalmente, sob a presidência do governador Tião Viana”, destacou.

Anfitrião, o prefeito Bira Vasconcelos (PT) argumentou que a iniciativa contribui sobremaneira para garantir a participação popular e das instituições para tornar a segurança mais eficaz e eficiente, por meio da integração de política públicas nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e assistência social.

“Estou muito animado com esse momento porque vai permitir que o debate acerca da Segurança Pública aconteça no município de forma integrada e participativa”, destacou o prefeito.

Fonte: Agência de Notícias do Acre.

Enchente

Rio Acre atinge os 14 metros em Xapuri e toma a praça São Sebastião, que se transformou em estacionamento para barcos.

No bairro da Bolívia, primeiras casas começam a ser desocupadas. Prefeitura garante apoio às famílias desabrigadas.

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Na praça, crianças brincam na água barrenta do rio, e adultos contemplam a beleza assustadora do repiquete.

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No Mirantes Bar, festança só para peixe.

domingo, 10 de abril de 2011

Alô realengo…

Não tinha amigos, não batia papo nem contava piada, nunca namorou, jamais lhe deram um cheiro no cangote ou alisaram sua mão, nunca transou, não torcia por time algum, nunca foi ao Maracanã, não xingou juiz de ladrão, de sua garganta jamais saiu um grito apaixonado de gol, não desfilou em qualquer bloco de carnaval. Passava o tempo na internet, em jogos eletrônicos, mas nunca recebeu um aviso no FaceBook solicitando: “me adicione como amigo”.

Continue a ler no Blog da Amazônia, assinado pelo jornalista Altino Machado.

Bullying

ei

Post reproduzido do excelente Blog do Josafá, autodestruído no começo de março e ressuscitado em 1º de abril para a alegria de quem aprecia uma leitura de qualidade:

"Caminar es un peligro y respirar es una hazaña en las grandes ciudad del mundo al revés. Quien no está preso de la necesidad, está preso del miedo: unos no duermen por la ansiedad de tener las cosas que no tienen, y otros no duermen por el pánico de perder las cosas que tienen. El mundo al revés nos entrena para ver al prójimo como una amenaza y no como una promesa, nos reduce a la soledad y nos consuela con drogas químicas y con amigos cibernéticos. Estamos condenados a morirnos de hambre, a morirnos de miedo o a morirnos de aburrimiento, si es que alguna bala perdida no nos abrevia la existencia".

Eduardo Galeano, em Patas arriba: la escuela del mundo al revés (disponível aqui).

Imagem do Arte/IG.

Adendo: Wellington Menezes de Oliveira, autor dos crimes que que chocaram o país numa escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro, na manhã de ontem, era chamado de "Al Qaeda" pelos colegas quando estudava na mesma escola. Wellington, segundo declarações de Marcio Vinicius Moraes da Silva, ex-colega dele, ao Portal R7, era "estranho e constantemente zombado, já que não gostava de interagir com outras pessoas".

Além de conferir as caras-e-bocas dos apresentadores de TV, a sociedade deveria aproveitar esse episódio para repensar a educação pública. Que geração estamos produzindo? Que tipo de educação torna as pessoas intolerantes para as diferenças - as muitas diferenças possíveis - entre os indivíduos?

Há um ano um estudo da ONG Plan Brasil afirmou que quase um terço das crianças de 5ª a 8ª série já foi vítima de agressão - no próprio ambiente escolar. Ou seja, estamos produzindo, nas escolas, uma geração de intolerantes que considera qualquer indício de pluralidade ou diferença digno de ser tratado a socos e pontapés.

Por que?