segunda-feira, 18 de abril de 2011

O papel da oposição

Leonildo Rosas, na coluna Poronga de domingo.

Semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou artigo explicitando qual seria o papel da oposição no campo político nacional.

Longo, o texto do sociólogo tucano teve o condão de desagradar governistas e oposicionistas. Até quem não teve paciência para ler criticou.

As mais de 10 páginas foram resumidas em poucas linhas, principalmente quando ele aponta que a oposição deveria deixar de disputar com o PT os votos do “povão” para investir numa nova classe média.

Fernando Henrique Cardoso visivelmente tenta salvar sua biografia como ex-mandatário da nação. Não se conforma que seus oito anos no governo sejam ignorados até por quem deveria ser aliado.

Quase octogenário, o ex-presidente ainda quer protagonizar na política nacional. Sabe que o PSDB (partido que ajudou a fundar) perdeu o prumo desde que o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu subir a rampa do Palácio do Planalto como presidente.

O que acontece em nível nacional não é diferente do que ocorre no Acre.

Há mais de 12 anos sem saborear o poder, a oposição acreana tem se limitado a tecer críticas contra o governo, sem apontar rumos e projeto alternativo para o Acre.

Não é certo agir como biruta de aeroporto e se comportar ao sabor do vento. Qualquer grupo político que pense chegar ao poder tem que agir diferente, de forma mais responsável.

O pessoal que governa o Estado e a maioria dos municípios agiu assim. Capitaneados pelo PT, os governistas sabiam fazer oposição e construíram um projeto que foi aprovado em mais de uma oportunidade pela população.

De certa forma, a oposição carrega nas costas o dever de ter mais responsabilidade do que quem está no poder, pois representa a renovação e a esperança de dias melhores para uma gama considerável de cidadãos e cidadãs.

Mas, pelo que se tem visto no Acre, não há o compromisso nem a responsabilidade dos opositores. Eles não conseguem se entender entre eles.

Não há um projeto coletivo, mas um ajuntamento desorganizado de interesses individuais sobrepondo a capacidade de formular um projeto político e economicamente viável para o Estado.

A própria eleição de Sérgio Petecão é reflexo dessa desorganização. Recém-convertido ao campo oposicionista, ele aproveitou a falta de projetos e o medo de perder de outras lideranças oposicionistas para viabilizar seu projeto pessoal. Acabou ganhando um mandato de senador.

Fernando Henrique Cardoso fez críticas acerbas à oposição em nível nacional. Imagine o que diria se conhecesse a oposição no Acre...

Leonildo Rosas é colunista do jornal Página 20.

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