sábado, 4 de junho de 2011

Xapuri nunca teve aterro controlado

O vídeo acima, mostrado pelo blogueiro Joscíres Ângelo no seu blog Xapuri News na semana passada em post intitulado DENUNCIA: Aterro Controlado em Xapuri vira Lixão à céu aberto (sic), pelo teor da citada denúncia, é muito oportuno, não se pode negar, mas seria mais útil se não induzisse o leitor mais desavisado a crer, com base no título da postagem, que em Xapuri já houve um aterro controlado que hoje teria, supostamente por desleixo da atual administração municipal, se tornado um mero lixão a céu aberto.

A verdade, conhecida de todos, é que Xapuri jamais chegou a possuir um aterro sanitário devidamente controlado. Deveria ter, mas nunca teve, nunquinha. Fomos o único município acreano a participar de uma experiência piloto de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, financiada pelo Ministério do Meio Ambiente, que envolveu dez municípios da Amazônia, a partir do ano de 2001, mas o projeto resultou em um imenso fracasso, jogando literalmente no lixo o dinheiro público ali empregado.

A inclusão de Xapuri nesse projeto se deu, acredito, em razão do grande paradoxo que existia e ainda impera até os dias atuais entre uma imagem divulgada lá fora por uma cambada de espertalhões, de cidade ecológica, de uma população ambiental e ecologicamente conscientizada, e a realidade aqui vista a olho nu, de um município que durante décadas não conseguiu fazer promover sequer as políticas mais básicas voltadas para as questões ambientais.

Prova disso é que o projeto acima citado começou a fracassar ainda durante a gestão do ex-prefeito Júlio Barbosa. Com o retorno de Wanderley Viana à prefeitura, em 2005, o projeto foi abandonado de vez. No decorrer desse ano, o município de Xapuri deveria ter confeccionado o projeto relativo à segunda fase do empreendimento, a ser apresentado ao Ministério do Meio Ambiente como requisito para acessar os recursos que seriam destinados à implantação das unidades de queima do biogás gerado pela decomposição dos resíduos sólidos enterrados e das lagoas anaeróbias. Mas isso não aconteceu, como bem sabe o blogueiro Joscíres, que foi assessor especial da prefeitura àquela época.

O não cumprimento dos prazos impostos pelo Ministério do Meio Ambiente para a apresentação do projeto impossibilitou a continuidade dos investimentos, e Xapuri foi o único dos 10 municípios participantes da experiência piloto do MMA a não acessar os recursos, se tornando, a despeito de toda a retórica existente em torno da questão ambiental, um dos piores exemplos do Brasil no que tange à destinação e acomodação adequada dos resíduos sólidos produzidos por sua população, e essa a realidade  de todas as últimas gestões municipais de Xapuri, sem exceção.

A incapacidade dos prefeitos de Xapuri – todos eles – de tratar dessa questão foi tamanha que o lixão, antes localizado nas proximidades da pista de pouso, na entrada da cidade, trocou apenas de lugar, sendo removido para a estrada da Variante. Nem as autuações pelo IBAMA, muito menos a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o município, o IBAMA e o Ministério Público do Estado do Acre, por imposição deste último, foi capaz de mudar alguma coisa.

O propósito desta argumentação, que fique bem claro, não é o de promover defesa para o atual prefeito ou sua administração, mas de emitir a opinião de que problemas como o do lixão de Xapuri, que é apenas um entre tantos, não pode ser atribuído a este ou daquele administrador. Wanderley Viana herdou essa situação, com a qual não soube lidar, e a legou a Ubiracy, que não nega a incapacidade da prefeitura de fazer diferente. 

Por outro lado, a obrigação de quem se propõe a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos no dia a dia da cidade sob a ótica de qualquer veículo de comunicação e interação com a massa, é informar bem a população, deixando de lado a péssima ideia de subestimar a inteligência do povo, que de bobo não tem quase nada, só a cara.

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