quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cruzar os braços, não!

Nader Sarkis

Indiscutivelmente a situação de Xapuri depois dessa alagação é lastimável. Alguns dias de trabalho intenso na tentativa de minimizar o sofrimento de nossos irmãos que tiveram seus lares tomados pelas águas do rio Acre, alguns desmoronaram no pós-cheia, outros definitivamente comprometidos, hoje interditados pela defesa civil. Quem viu certamente não se esquecerá.

No entanto, a solidariedade dos verdadeiros xapurienses, centenas de pessoas que arregaçaram as mangas e, principalmente, as calças, saias, bermudas foi fator primordial na parceria com os corajosos funcionários da prefeitura que antes dos bombeiros, polícia militar, exército e defesa civil se arriscaram dedicando seu tempo integral na ajuda humanitária.

Esse trabalho anterior ao qual me refiro foi decisivo pra diminuir a aflição das mais de 100 famílias desabrigados e desalojados, acomodadas no ginásio de esportes, salão paroquial, pousadas e casas de parentes e amigos. Foi uma demonstração de AMOR dos verdadeiros xapurienses.

Cometeria um equívoco se tentasse nominar todos esses verdadeiros xapurienses que em pelo menos um dia contribuíram nesse trabalho, porque não conseguiria, mas no fundo acredito que esse número de pessoas poderia ter sido maior, poderíamos ter aproveitado o feriadão do carnaval e contribuir em uma horinha, pelo menos, com nossos irmãos.

Mas a solidariedade não acaba na medida em que precisamos unir forças para o retorno das famílias às suas casas com a devida segurança. Lembrando que algumas não terão essa oportunidade devido à interdição de alguns imóveis e o desmoronamento de outros. Sabemos que já pagamos vários impostos e essa responsabilidade poderia ser exclusiva das diferentes esferas governamentais, mas acredito que pensar assim é endossar a burocracia brasileira, mesmo quando a situação é de emergência, esse país é lento.

Logo, cruzar nossos braços é esquecer tudo o que foi feito nesse período, então seja realmente xapuriense e procure a prefeitura, defesa civil, pastoral familiar e outros órgãos que se mantêm dispostos à causa. Faça suas doações: colchões, roupas, material de limpeza, higiene pessoal. Os verdadeiros xapurienses não podem cruzar os braços nesse momento, movam-se!

Nader Sarkis é radialista.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mirante da praça de São Sebastião

Antes de depois da enchente

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As imagens são de Haroldo Sarkis.

Ajuda

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Agência Saúde

A Força Nacional do Sistema Único da Saúde (FNSUS) envia ao Acre nesta terça-feira (28) mais uma equipe de profissionais para reforçar a assistência à população dos municípios mais afetados pelas fortes chuvas e pela elevação do nível do rio Acre. No sábado (3), partirão outras duas equipes, todas elas compostas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Trinta voluntários da FNSUS estão neste momento atuando em Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Xapuri, Brasiléia e Porto Acre.

A participação das equipes da FNSUS atende solicitação do governo do Acre, estado onde nove municípios foram atingidos pelas fortes chuvas: Rio Branco, Manuel Urbano, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Porto Acre e Epitaciolândia. Ao todo, 12.578 pessoas ficaram desabrigadas, necessitando de abrigos temporários para serem alojadas. Foram identificados 22 abrigos, que são avaliados pelas equipes da Vigilância em Saúde do ministério. Outras 116.151 pessoas ficaram desalojadas, com habitações danificadas ou destruídas, mas ainda sem necessidade de recorrer aos abrigos temporários. Não foi registrado óbito até agora no Acre por causa das enchentes.

Para o estado, o Ministério da Saúde já encaminhou em fevereiro 25 kits (o equivalente a mais de seis toneladas) de medicamentos e insumos estratégicos, o que permite o atendimento de até 12,5 mil pessoas desabrigadas e desalojadas por um período de três meses. Além de todo o trabalho de assistência, orientação, monitoramento e orientação técnica, a FNSUS tem realizado busca ativa de pacientes em tratamento de hemodiálise ou quimioterapia e de grávidas nas áreas inundadas. A FNSUS monitora também a quantidade de doses de vacinas e soros antiofídicos disponíveis. As equipes ainda estão distribuindo folhetos educativos em abrigos e para a população afetada pelas enchentes.

“A Força Nacional do SUS trabalha de forma integrada com o governo do estado do Acre, Exército, Força Aérea Brasileira, Defesa Civil Nacional e a Força de Segurança Pública. Essa atuação coordenada ajuda muito na troca de informações e na eficiência do nosso trabalho, com foco nas demandas da população e nas necessidades da rede pública local”, ressalta o secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Adriano Massuda.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Situação delicada

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Com a vazante do Rio Acre, a preocupação agora é outra: os desbarrancamentos que já engoliram algumas casas e resultaram na interdição de dezenas.

Dois engenheiros estão na cidade fazendo levantamentos da situação e laudo deverão ser emitidos em breve sobre o nível de risco a que estão expostos outros imóveis.

De acordo com o tenente-coronel Gundim, do Corpo de Bombeiros, cinco casas já desabaram e outras 30 foram isoladas a fim de manter a segurança das pessoas. “A alagação já passou, agora vem a segunda parte, que é o desmoronamento”, explicou ele.

Leia mais na Agência de Notícias do Acre.

Defesa Civil interdita casas em Xapuri

Várias casas nas ruas Plácido de Castro, 17 de Novembro, 6 de Agosto, Major Salinas e Dr. Batista de Morais já foram interditadas pela Defesa Civil. Prefeito Bira Vasconcelos concede entrevista à Rádio Educadora neste momento e informa que engenheiros avaliam situação dos barrancos do Rio Acre. Os locais que estão sendo interditados são considerados de alto risco e a orientação continua sendo a de que as pessoas aguardem pelas informações das autoridades.

A imagem é de Haroldo Sarkis.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O blog previu e cravou

Vasco eterno vice e Flu campeão da Taça Guanabara.

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O Fluminense derrota a empáfia vascaína e é campeão da Taça Guanabara, o primeiro turno do melhor e mais charmoso campeonato regional brasileiro. Com cardápio técnico variado e avassalador, tricolor mostra que trabalho supera arrogância e repreende time da Colina com lição dura e incontestável. Foi o fim, em grande estilo, de um longo jejum em clássicos.

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Que venha a Taça Rio.

Brasiléia

Prefeita decreta Estado de Calamidade Pública

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Do jornal A Tribuna

A prefeita de Brasileia, Leila Galvão, decretou Estado de Calamidade Pública em decorrência da enchente que atingiu 70% da área urbana da cidade. A Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública são duas possibilidades legais de exceção regulamentadas pelo Conselho Nacional de Defesa Civil desde 1999 e que são utilizadas para combater os efeitos de acidentes e desastres nos municípios.

De acordo com a prefeita, o Poder Executivo, ao reconhecer a situação de emergência ou estado de calamidade pública, apoiará, de forma complementar, os Estado, o Distrito Federal e os municípios, por meio dos mecanismos previstos em lei. Brasileia, segundo a prefeita, 70% da cidade foi destruída pela enchente, casas foram arrancadas e ruas destruídas pelos desbarrancamentos, além de outros prejuízos que precisam ser reparados.

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Segundo a prefeita Leila Galvão, o decreto de Calamidade Pública foi baseado em cima do impacto e prejuízos causados à população do município em decorrência da enchente. De acordo ela, além da área urbana, a zona rural também sofreu grandes prejuízos com a alagação. “Muitas famílias de ribeirinhos tiveram que abandonar suas casas e perderam toda a produção”, disse.

A Prefeitura, com a ajuda dos governos Federal e Estadual, já realizou levantamento dos prejuízos com o apoio de técnicos e ajuda das famílias atingidas pela enchente. “Espero que as autoridades reconheçam o Estado de Calamidade Pública e ajudem o município a se recuperar dos prejuízos e volte a sua vida normal no menor espaço de tempo possível”, concluiu a prefeita.

A energia elétrica começa a se normalizar em toda a cidade, inclusive nas áreas afetadas pela enchente. Os telefones, embora ainda em situação precária, começam a receber ligações, mas os serviços de internet ainda não estão funcionando. Para quem desejar ajudar as famílias atingidas pela enchente de Brasileia poderá depositar qualquer quantia pelo S.O.S Enchente Brasileia: C/C 1000-6, AG: 1662-4.

Redemoinhos

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José Cláudio Mota Porfiro

Fui à missa no mesmo dia da chegada, à noite. Estive presente ainda à celebração nos dias 17, 18 e 19. De lá, pelas três noites consecutivas, propus-me tomar um chocolate nas ruas da beira do rio, mas findei me achegando do bar do Dino. No primeiro dia, lá encontrei o Tatu, o moço de convés e, com ele, bebi umas quatro ou cinco cervejas. Depois, partimos para o Bilhar Clube, onde um baile se desenrolou até as três.

Às dez do dia 17, já estou em frente à igreja apreciando o movimento das famílias de seringueiros que chegam de todos os lados, em cima de burros, em carros de boi, carregando sacos de encauchado, feito formigas de roça que caminham para todos os sentidos debaixo de pesos que ultrapassam até os limites do quão pesado ou leve é o seu próprio corpo.

Penso que este Padre Felipe me parece uma boa pessoa. Se for o caso  - se ele tiver tempo - trocaremos uns dedos de prosa. Gosto muito de conversar com os religiosos. Apesar de algumas leituras mais à esquerda, guardo comigo este costume desde as minhas origens cearenses.

Ademais, tenho-me enquanto uma pessoa capaz de, um dia, colocar em papel as impressões que levo do povo do Acre e o seu dilema amazônico.

O homem é italiano e, enquanto o espero numa antessala da casa paroquial, vem à memória o que me disse o Luís Amado, com quem cheguei a ter alguma amizade na escola superior, em Belém.

O ambiente eclesiástico, tranquilo, me permite viajar no tempo. Vêm à memória mil lembranças de tempos idos.

A mãe do português Luís Amado era siciliana e, segundo ele próprio, lá ela havia passado por poucas e boas, em vista do exercício da profissão mais antiga do mundo nos portos da Calábria. Ali ela conheceu todos os tipos humanos. Por isto, as más impressões de uma prostituta acerca da humanidade se impregnaram na cabeça do filho, uma espécie de Oliver Twist à europeia.

Mas ele não era um sujeito desumanizado. Não tinha traumas e, muito pelo contrário, tornava-se um falastrão quando colocava ao nosso dispor uma análise muito sua acerca do mundo e dos homens.

Gina, a mãe do Luís, depois, fugiu para Portugal porque, quase todos os dias, depois de cumprir o seu papel em camas fétidas, ainda apanhava dos homens vindos dos mais distantes portos do mundo.

Para ele, os italianos são todos uns escroques. Aliás, para esse mal Amado, três quartos da humanidade significa pouquíssima coisa. Conforme os comentários feitos por ele, e por mim anotados em caderneta de campo, o humano nascido na Itália, com raras exceções, é inconfiável, mentiroso, vil, traidor, sente-se mais à vontade com o punhal que com a espada, melhor com o veneno que com o fármaco, é escorregadio nas negociações e coerente apenas em trocar de bandeira a cada vento.

Sobre napolitanos e sicilianos -  mulatos não por erro de mães meretrizes - mas pela história das gerações, diz-se terem nascido de cruzamentos entre levantinos desleais, árabes suarentos e ostrogodos degenerados, que herdaram o pior dos seus antepassados híbridos: dos sarracenos a indolência, dos suevos a ferocidade, dos gregos a irresolução e o gosto por se perder em tagarelices, até procurar cabelo em ovo.

Para o Luís, os judeus têm olhos invisíveis que nos espreitam. Os sorrisos maldosos, aqueles lábios de hiena arreganhados sobre os dentes, aqueles olhares pesados, infectos, embrutecidos, aquelas dobras entre nariz e lábios sempre inquietas, escavadas pelo ódio, aquele nariz que parece o grande bico de uma ave do gelo, tudo é de má recomendação. Fora os olhos que giram febris nas pupilas da cor de pão tostado e revelam enfermidades do fígado corrompido por um ódio de vinte séculos, que se apertam em pequenas rugas e se acentuam com a idade. Quando sorri, as pálpebras inchadas se cerram a ponto de deixarem apenas uma linha imperceptível, sinal de astúcia, para uns, ou de luxúria, dizem os demais.

O judeu, além de vaidoso como um espanhol, é ignorante como um croata, cúpido quanto um sérvio, ingrato como um maltês, insolente como um cigano, sujo como um inglês, untuoso como um belga, autoritário como um prussiano e maldizente como um albanês, é adúltero por um cio irrefreável  -  resultado da circuncisão, que os torna mais eréteis, dizem eles.

Nenhuma boa recomendação o Amado faz com relação aos alemães. Trata-se do mais baixo nível concebível de humanidade. Um alemão produz em média o dobro das fezes de um francês. É a hiperatividade das funções intestinais, em detrimento das cerebrais, o que demonstra a sua inferioridade fisiológica. No tempo das invasões bárbaras, as hordas germânicas espalhavam nos caminhos e percursos das guerras montes descomunais de matéria fecal. Qualquer forasteiro rapidamente percebe quando ultrapassa a fronteira germânica pelo volume anormal de excrementos abandonados ao longo das estradas. É típico do alemão o odor repugnante do suor, e está provado que a urina de um alemão contém vinte por cento de azoto, ao passo que a das outras raças, somente quinze.

O alemão vive em estado de perpétuo transtorno intestinal, resultante do excesso de cerveja e daquelas salsichas de porco com as quais se empanturra. Eles habitam aqueles ambientes fedorentos a sebo e a toucinho, até mesmo a dois, ele e ela, mãos apertadas em torno daquelas canecas de bebida, nariz com nariz, num bestial diálogo amoroso, como dois cães que se farejam, com as suas risadas fragorosas e deselegantes. Eles falam do seu espírito  -  geist  -  alemão, mas é o espírito da cerveja que os estupidifica desde jovens.

É verdade. O abuso da cerveja torna os alemães incapazes de ter a mínima ideia da sua vulgaridade, mas o superlativo da sua vulgaridade é que não se envergonham de ser alemães. Levam a sério um monge glutão e luxurioso como Lutero, só porque arruinou a Bíblia traduzindo-a para a língua deles.

Os alemães se consideram profundos porque a sua língua é vaga, não tem a clareza do português, por exemplo, e nunca diz exatamente o que deveria, de modo que nenhum alemão sabe jamais o que queria dizer - e toma essa incerteza por profundidade. Com os alemães é como com as mulheres, nunca se chega ao fundo.

As crises econômicas e financeiras rondarão para todo o sempre a nação francesa porque os franceses são extremamente preguiçosos, além de trapaceiros, pedantes, rancorosos, ciumentos, orgulhosos além de todos os limites - a ponto de pensarem que quem não é francês é um selvagem - e incapazes de aceitar críticas.

Para induzir um francês a reconhecer uma tara da sua corja, basta lhe falar mal de outro povo, por exemplo, “nós, poloneses, temos esse ou aquele defeito”. E, como não querem ficar atrás de ninguém, nem sequer no mal, eles reagem com “oh, não, aqui na França somos piores” e passam a difamar os franceses até notarem que você os apanhou na armadilha.

Os franceses não amam os seus semelhantes, nem quando tiram vantagem deles. Ninguém é tão mal educado como um taberneiro francês, que parece odiar os fregueses e desejar que não estivessem ali. São maus. Matam por tédio. É o único povo que durante vários anos manteve seus cidadãos ocupados em se cortarem reciprocamente as cabeças. E a sorte foi que Napoleão desviou-lhes a raiva para os de outras raças, enfileirando-os para destruir a Europa.

Acham que o mundo inteiro fala francês. Para eles, as memórias antigas de gente como Calígula, Cleópatra e Júlio César foram escritas em francês, quando qualquer criancinha sabe que a língua usada pelos eruditos na idade média era o latim. Os doutos franceses não fazem ideia de que outros povos falam de modo diferente do francês.

Talvez a ignorância seja efeito da sua avareza, o vício nacional que eles tomam por virtude e chamam de parcimônia. Vê-se a avareza pelos seus aposentos empoeirados, pela forma nunca refeita, pelas banheiras que remontam aos ancestrais, pelas escadas em caracol, de madeira instável, pra aproveitar sovinamente pouco espaço. Enxertem, como se faz com as plantas, um francês com um judeu de origem alemã e terão aquilo que temos, uma França eternamente à beira da ruína.

As mulheres fazem mal até de longe, é o que acha o Luís, sempre entre muitas gargalhadas, principalmente, depois que ele foi traído por uma zinha da Rua dos Inválidos. Segundo ele, alguns homens odeiam as mulheres apenas pelo pouco que sabem delas. E mais: nós não sabemos se os espíritos animais e o líquido genital são a mesma coisa, mas é certo que esses dois fluídos têm uma certa analogia. É por isto que, depois de uma boa noite de sexo, nós perdemos as forças, o corpo emagrece, o rosto empalidece, a memória se desfaz, a vista se enevoa, a voz se faz rouca, o sono é perturbado por sonhos irrequietos, sentem-se dores nos olhos e aparecem manchas vermelhas na face; alguns cospem matérias calcinadas, outros reclamam de prisão de ventre ou de emissões cada vez mais fétidas. Por fim, vem a cegueira.

Quanto aos padres, a opinião do nosso tratadista é que eles têm, em sua maioria, olhos fugidios, dentaduras estragadas, hálitos pesados e mãos suadas e libidinosas. Ociosos, pertencem às classes perigosas, como os ladrões e os vagabundos. O sujeito se faz frade só para viver no ócio e, entre os padres mais indignos, a Santa Sé escolhe os mais estúpidos e os faz bispos.

Conforme prega o Luís, você começa a ter os padres ao seu redor quando nasce, já no batizado. São depois reencontrados nas escolas. Estão depois no catecismo, na primeira comunhão e na crisma. Lá está o padre no dia do seu casamento a lhe dizer o que você deve fazer no quarto e, no dia seguinte, a lhe perguntar, para poder se excitar atrás da treliça, quantas vezes você fez aquilo. Enfim, segundo o nosso tratadista, a civilização não alcançará a perfeição enquanto a última pedra da última igreja não houver caído sobre o último padre, e a Terra estiver livre dessa corja.

Esse Luís é, na verdade, mais um dentre uns tantos escroques que se fizeram advogados na minha classe, em Belém.

A plenos pulmões, em meio às tertúlias dos acadêmicos paraenses, solenemente, bradava o Luís Amado:

- Os brasileiros são hoje, e serão para todo o sempre, o melhor povo da Terra. Prestem atenção! A cada dia tenho mais certeza do que advogo. Ainda escreverei uma tese sobre este tema.

José Cláudio Mota Porfiro é xapuriense, professor universitário, escritor, cronista…

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sequência dramática

Casas são engolidas pelo Rio Acre, na Rua Major Salinas, em Xapuri. A sequência mostrada pelas imagens de Haroldo Sarkis causaram alvoroço e apreensão nas pessoas que assistiam à cena.

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A enorme cratera que ficou ameaça apartar uma das ruas mais antigas e tradicionais de Xapuri.

Efeito da enchente histórica

Ponto turístico de Xapuri ameaça ruir e imagem de São Sebastião é removida.

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Um dos principais locais de visitação de Xapuri, a Praça de São Sebastião, localizada no centro histórico da cidade, começou a desabar na tarde deste sábado (25), em virtude da rápida vazante do Rio Acre, proporcionando uma imagem jamais vista pela população: a ausência da imagem do santo padroeiro em seu pedestal ao centro do logradouro.

A imagem foi removida pela prefeitura, com a autorização do padre Francisco das Chagas, pároco de Xapuri, como medida de segurança. O inusitado acontecimento chamou a atenção de muitas pessoas, umas assustadas, outras incrédulas com as consequências que o fenômeno da enchente está causando em Xapuri e outros municípios do Acre.

Ao lado da praça de São Sebastião, o Mirantes Bar, um dos locais mais conhecidos e frequentados da cidade, também foi duramente afetado pela força da enchente. A casa noturna foi quase que completamente encoberta pelas águas e ficou em situação precária com a vazante. Interditada pela Defesa Civil, seu futuro deve ser a demolição.

Destruição em Brasiléia

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Estive, neste sábado (25), no município vizinho prestando solidariedade aos colegas do Sistema Público de Comunicação do Acre. No prédio da Rádio e TV Aldeia o prejuízo foi mínimo graças ao heroísmo dos funcionários, entre eles meu amigo Joncirley Barbosa, que enfrentaram a madrugada para salvar os principais equipamentos.

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No centro da cidade o cenário é devastador. A imagem acima é da Rua Odilon Pratagy, que mesmo depois de alguns dias depois do começo da vazante do Rio Acre, permanecia na manhã de hoje com um volume gigantesco de água empoçada, lama e entulhos. Abaixo, uma sequencia de imagens que ilustram um pouco da destruição ocorrida em Brasiléia.

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Na rua do comércio a destruição da parte que se precipitava à beira do rio ficou quase que totalmente destruída. Algumas casas comerciais desabaram completamente, outras parcialmente, mas a impressão que tem é a de que a erosão irá avançar sobre o que restou da devastação. É o rio cobrando dos homens o que por natureza lhe pertence.

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Lojas sendo sugadas pelo barranco.

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Bairros periféricos também sofreram com a alagação. Veja na parte de cima da foto que a imagem não é em preto e branco.

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o Parque Centenário de Brasiléia, um espaço de mais de oito hectares construído em uma área conhecida como Igapó do Kayrala/Bacurim, inaugurado no último ano da gestão do ex-governador Binho Marques como homenagem aos 100 anos de Brasiléia e aos 50 anos de Brasília, também foi devastado pela força das águas. Clique aqui para ver como era o parque antes da enchente.

Mutirão

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Moradores do bairro Braga Sobrinho, um dos mais atingidos pela enchente em Xapuri, se uniram para fazer a limpeza de casas e do trecho de rua atingido pelas águas do Rio Acre. A população receberá neste sábado (25) os kits de limpeza para que seja feita a desinfecção das residências.

O trabalho será coordenado pela Defesa Civil, que nesse momento de vazante do rio faz um trabalho de conscientização em todos os bairros atingidos pela cheia para que as pessoas não precipitem o retorno para suas residências.

O biomédico Thiago Viana, da Secretaria Estadual de Saúde, coordena, na manhã deste sábado, a distribuição dos kits de limpeza e as orientações sobre os cuidados que a população desabrigada deve tomar na volta para casa.

“É importante que as pessoas aguardem o momento certo para voltar para casa. Com a descida das águas é necessário que a Defesa Civil faça averiguações relacionadas à segurança das edificações e proporcione as condições de desinfecção e higienização”.

O apoio do governo do Estado e a organização das frentes de atendimento às vítimas da enchente em Xapuri têm se manifestado nos mais diversos aspectos. O secretário-adjunto de Segurança Pública, Ermício Sena, diz que o apoio do governo será intenso e constante até que cesse a situação de emergência gerada pela alagação.

“O apoio do governo do Estado à população de Xapuri tem sido intenso e constante e assim será até que tenha fim o estado de emergência por que passa a cidade. Recebi ordens diretas do governador para aqui permanecer prestando ajuda e solidariedade”.

Em Xapuri, a enchente do Rio Acre afetou 1.194 pessoas. O número de desalojados e desabrigados somou 497. Na zona rural, 40 casas foram atingidas desalojando um total de 132 pessoas. Não foram registrados óbitos pela inundação e nem ocorrências policiais nos abrigos públicos organizados por prefeitura e governo do Estado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mundo pequeno

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Manoel Domingos da Silva, 42, é motorista do Tribunal de Contas do Estado do Acre. Foi enviado a Xapuri, sua terra natal, pelo presidente Ronald Polanco para auxiliar, na sua função, a Defesa Civil na assistência aos desabrigados pela alagação do Rio Acre.

Domingos me reconheceu dos tempos de seringal Novo Catete, local onde ele estudou na infância, na escola Epaminondas Martins, há mais de 30 anos. Fiquei surpreso com a memória do sujeito simples que fugiu de casa com 15 anos para ganhar a vida em Rio Branco.

O motorista é filho de Cornélio de Souza Silva, mais conhecido na região da colocação Simitumba como ‘velho’ Gaudêncio. “Meu pai era muito carrasco e só permaneci em Rio Branco por causa da interferência de minhas irmãs”, diz se referindo à rigidez do patriarca.

Domingos nasceu no seringal Barra, colocação Boa Vista, nas margens do rio Espalha. Ingressou na Polícia Militar do Acre no ano de 1987 e foi para a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) em 2004, de onde foi solicitado para prestar serviços ao TCE pelo presidente Polanco, que já o conhecia das suas andanças pelos seringais de Xapuri.

Almoçamos juntos no restaurante da pousada Ayshawa – eu, ele, o secretário-adjunto de Segurança Pública Ermício Sena e o biomédico Thiago Viana, sobrinho do governador Tião Viana - e falávamos do quanto o mundo é pequeno.

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Thiago Viana é filho de um xapuriense do pé rachado, o músico Luiz Carlos, do grupo musical Os Siderais, formado no ano de 1968 com os seguintes integrantes: Luiz Carlos (Bateria), Zequinha dos Correios (Guitarra Base), Tatu (Guitarra Solo), Cardosinho in memorian (Voz e Guitarra Base) e Raimundinho Boy (Voz e Guitarra Base). A primeira música executada pelos Siderais foi “Sentado à beira do caminho” da dupla Roberto e Erasmo Carlos.

No início dos anos 70, o grupo teve sua segunda formação e Luiz Carlos também estava lá junto com Guilherme Ferreira (Bateria) in memorian, Carlos Koury (Contrabaixo), hoje guitarrista da Banda Mugs II, Zequinha (Órgão), Tatu (Guitarra Solo), Roberto Eluan (Guitarra Base), Hiran Melo (Guitarra Base), Gualberto in memorian (Bateria), Geraldo Leite (Voz e Fátima Figueiredo (Voz).

Thiago Viana é diretor de Apoio e Diagnóstico da Secretaria Estadual de Saúde e tem participação importante no processo de volta pra casa das pessoas desalojadas e desabrigadas pela enchente do Rio Acre. Na manhã deste sábado ele coordena a distribuição dos kits de limpeza e as orientações para que as famílias retomem com segurança suas rotinas de vida.

Ao fundo, na segunda imagem, está o secretário-adjunto de Segurança Pública, Ermício Sena, que recebeu determinação do governador Tião Viana para permanecer em Xapuri até o desfecho desse momento de crise gerado pelo fenômeno natural mais avassalador dos últimos 15 anos no estado do Acre. Apoio justo e merecido ao povo de Xapuri e ao prefeito Bira Vasconcelos, que têm passado noites insone em razão do momento difícil que o município atravessa.

Passeio pelo Rio Acre

Belo e assustador

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Assim é o Rio Acre visto de dentro, na força de uma das maiores cheias da história do município de Xapuri. Passeio é maneira de falar, na verdade acompanhava o trabalho das equipes da Defesa Civil no atendimento às vítimas do bairro Bolívia, um dos mais atingidos da cidade.

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O trabalho, no entanto, rendeu imagens belíssimas como a da imagem acima, no encontro dos rios Acre e Xapuri. Abaixo, a foz do igarapé Santa Rosa, manancial que represado pelo Rio Acre causou a inundação de parte do bairro Bolívia, e, em seguida, a Casa Branca, patrimônio histórico e cultural do município, ameaçada pela erosão.

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Uma coisa que nos dispensa ser especialistas para perceber é que a povoação dessa região da cidade é totalmente incompatível com o regime das águas. O bairro Bolívia está situado na margem de ataque do rio, que faz apenas o seu trabalho natural: alagar e erodir.

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Lá atrás, no comando da “voadeira” da Polícia Militar, o bom velho Orlando Chegué, foi garantia de um passeio tranquilo pelo rio agitado. O empenho de profissionais das mais diversas áreas e voluntários em geral foi fundamental no atendimento ao desabrigados.

Emergência no Acre

Da Agência Saúde

Equipes da Força Nacional do Sistema Único da Saúde (FNSUS) estão atuando na frente de emergências do estado do Acre. Ao todo são 27 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, profissionais de Vigilância em Saúde fazendo trabalho de assistência, levantamento de possíveis doenças secundárias em virtude das enchentes e de danos à rede de Saúde Pública, além de apoio a coordenação do Estado. A atuação ocorre em cinco municípios: Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Xapuri, Brasiléia e Porto Acre.

Mais informações sobre enchentes e desastres naturais.

O Ministério da Saúde também encaminhou duas toneladas e meia de medicamentos e insumos estratégicos que correspondem a 10 kits para assistência farmacêutica aos atingidos por desastres de origem natural. Cada kit de medicamentos e insumos estratégicos pode suprir a necessidade de até 500 pessoas desabrigadas e desalojadas, por um período de três meses.

A participação das equipes da FNSUS atende a uma solicitação do governo do estado do Acre. O estado está com nove municípios afetados pelas chuvas e consequente elevação do nível do rio Acre: Rio Branco, Manuel Urbano, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Porto Acre e Epitaciolândia – este último sem informações precisas sobre danos. Ao todo são 9.304 desabrigados e 57.185 desalojados.

“A Força Nacional do SUS está atuando de forma coordenada e decisiva, sempre que é convocada. Atendemos prontamente à solicitação do governo do Estado, entendo a urgência da população e as necessidades da Rede Pública local que também foi atingida pelas águas”, esclarece Adriano Massuda, secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde.

A FNSUS dá apoio às ações assistenciais imediatas que estão sendo implementadas pelos gestores locais. Os profissionais seguiram para o Acre no último domingo (19) e mais dois técnicos foram nesta quinta-feira (23) para apoiar as atividades de Vigilância em Saúde. Até o próximo domingo (26) mais duas equipes assistências estão embarcando para o Estado, totalizando sete equipes trabalhando.

Além de todo trabalho de assistência, orientação, monitoramento e orientação técnica, a FNSUS está enviando folhetos educativos para abrigos e população afetada por enchentes, busca ativa a pacientes em tratamento com hemodiálise, quimioterapia nas áreas inundadas e de Grávidas, levantamento de doses de vacinas e soros antiofídicos.

O trabalho da FNSUS reúne representantes das Secretarias de Atenção à Saúde, Vigilância em Saúde - incluindo o Departamento de Saúde Ambiental e do Trabalhador - e Saúde Indígena. Uma das maiores preocupações do Ministério da Saúde é com a população vulnerável dentre eles indígenas e imigrantes haitianos.

Atualmente, sete aldeias estão inundadas (quatro parcialmente e três totalmente), com 94 indígenas desabrigados no município de Santa Rosa do Purus. As equipes do FNSUS estão percorrendo o Rio Purus visitando as aldeias realizando atendimento aos indígenas e ribeirinhos e identificando as maiores necessidades.

FNSUS – a Força Nacional do SUS foi criada ano passado para agir no atendimento a vítimas de desastres naturais, calamidades públicas ou situações de risco epidemiológico que exijam uma resposta rápida e coordenada, apoio logístico e equipamentos adequados de saúde.

Catraia motorizada

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Embarcação tradicional do Acre, cuja característica principal foi sempre foi o uso de remos como força motriz, adere ao igualmente tradicional motor de popa. Uma combinação que deu certo.

Bairro Bolívia, Xapuri

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Mesmo com a baixa de 20 centímetros, a situação ainda era essa no bairro Braga Sobrinho, popular bairro da Bolívia, na manhã desta sexta-feira.

Vazante

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Depois de alcançar a marca de 15 metros e 57 centímetros na noite desta quinta-feira (23), o nível do Rio Acre em Xapuri desceu para 15,36 metros na manhã desta sexta-feira, numa decrescente de mais de 20 centímetros. O ritmo da vazante é considerado rápido: cerca de 2 centímetros por hora nas últimas 8 horas.

Apesar da tendência de vazante, a Defesa Civil continua mobilizada com a mesma intensidade em Xapuri. De acordo com o prefeito Bira Vasconcelos, o contingente de mais de 240 pessoas, entre efetivos da prefeitura, governo do Estado, exército brasileiro e voluntariado, permanecem atendendo as vítimas da enchente e tomando as mesmas medidas preventivas de antes.

Mais de mil pessoas foram afetadas pela inundação em Xapuri, sendo que destas, cerca de 400 foram desalojadas de suas residências e se dirigiram para casas de parentes e amigos. Cerca de 120 pessoas estão abrigadas no ginásio de esportes Álvaro Mota, no Núcleo da Ufac, na Loja Maçônica Bandeirantes do Acre Nº 1 e no Salão Paroquial da Igreja de São Sebastião.

A prefeitura do município está divulgando através dos veículos de comunicação uma campanha de doações de alimentos e produtos destinados à saúde bucal e corporal para as famílias que estão alojadas nos abrigos públicos. Quem desejar ajudar de alguma maneira essas pessoas deve se dirigir a esses abrigos e entrar em contato com as equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Imagens da alagação

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Alheia aos transtornos causados pela maior alagação dos últimos 32 anos em Xapuri, garota brinca com sua bicicleta nas águas que cobrem a Ponte da Bolívia, sobre o igarapé Santa Rosa, que liga o bairro Braga Sobrinho ao centro da cidade.

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A enchente não poupou o tradicional “Ninho do Urubu”, de meu primo Julinho Figueiredo, point obrigatório dos sábados xapurienses. Ilhados, sobre as mesas, os instrumentos musicais que ditam o ritmo do pagode e a mais importante de todas as figuras: a freezer responsável por deixar as loirinhas no ponto de degustação. 

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Celso Paraná, proprietário da Drogaria Paraná, bolou uma solução inusitada para barrar a entrada da água em seu estabelecimento. A ideia foi seguida por outros comerciantes da Rua 6 de Agosto, no centro da cidade. Se a medida terá eficácia, somente o rio poderá dizer.

Rio Acre continua subindo

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O município de Xapuri está enfrentando a maior enchente do Rio Acre desde o ano de 1978. Até o momento, 1.080 pessoas foram afetadas pela inundação, sendo que destas, 374 foram desalojadas de suas residências e se dirigiram para casas de parentes e amigos. Outras 113 pessoas estão abrigadas no ginásio de esportes Álvaro Mota, no Núcleo da Ufac, na Loja Maçônica Bandeirantes do Acre Nº 1 e no Salão Paroquial da Igreja de São Sebastião.

A Defesa Civil trabalha com um contingente de 224 pessoas em Xapuri, entre efetivos da prefeitura, exército e voluntários. Depois de remover a grande maioria das pessoas localizadas em áreas de risco, as equipes estão encontrando dificuldades para convencer algumas que relutam em permanecer em suas casas, principalmente no bairro Bolívia, mesmo diante do perigo iminente.

As imagens das partes afetadas da cidade são desoladoras. Ruas inteiras foram invadidas pelas águas e muitas pessoas tiveram perdas de pertences domésticos e animais de estimação. A ponte que liga o bairro Braga Sobrinho ao centro de Xapuri foi encoberta pelas águas. No bairro Sibéria, o acesso à balsa que faz a travessia entre os dois lados da cidade também já está praticamente interditado.

Na região do rio localizada em frente ao centro comercial da cidade, o nível das águas está se aproximando perigosamente da rede elétrica que segue para o bairro Sibéria, oferecendo um enorme risco de ser arrastada pelos balseiros, fato que se ocorrer deixará cerca de 2 mil pessoas sem energia.

Em entrevista concedida na manhã de hoje, o prefeito Bira Vasconcelos afirmou que a previsão é de que as águas continuem subindo em Xapuri durante esta quinta-feira. O gabinete de emergência montado na prefeitura realizou reunião às 11 horas e as deliberações foram de que todo o efetivo engajado no atendimento às vítimas deve continuar operando de acordo com as previsões mais pessimistas.

A prefeitura do município está divulgando através dos veículos de comunicação uma campanha de doações de alimentos e produtos destinados à saúde bucal e corporal para as famílias que estão alojadas nos abrigos públicos. Quem desejar ajudar de alguma maneira essas pessoas deve se dirigir a esses abrigos e entrar em contato com as equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social.

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A primeira imagem é da rua Benjamin Constant, ao lado do Quartel da Polícia Militar; a segunda é da rua Floriano Peixoto, próximo à esquina com a Major Salinas.

Ponte da Bolívia

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Apesar de ter sido levantada em um metro e meio quando foi reconstruída em 2010, a Ponte da Bolívia não conseguiu passar incólume pela cheia do Rio Acre.

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As casas localizadas na proximidades da ponte, que corta o igarapé Santa Rosa, estão com a água quase chegando ao teto.

Rua Major Salinas

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Xapuri amanheceu com chuva fina e nível do rio a 15 metros e 52 centímetros. O aumento das águas das 17 horas de ontem às 6 horas da manhã de hoje foi de 18 centímetros.

Vasco vence e será mais uma vez vice

Ronaldinho Conjuntivite não jogou bulhufas. Cruz-maltinos aproveitam incompetência da mulambada e mais uma vez se contentarão com o vice da Taça Guanabara. Quem viver…

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Praça de São Sebastião

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Foto feita às 17 horas desta quarta-feira. Nível do Rio Acre: 15,34m.

Apoio e solidariedade

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O governador Tião Viana desembarcou em Xapuri na manhã desta quarta-feira (22) em um helicóptero do IBAMA. Acompanhado do General Poty, da 7ª Brigada de Infantaria de Selva, e do chefe do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Defesa Civil Nacional, Armin Braun, o governador fez um apelo à população do município localizada nas áreas ameaçadas pela enchente do Rio Acre.

“Peço encarecidamente a essas pessoas que não resistam à força da natureza e deixem suas casas antes que as proporções dessa enchente se agravem, pois sabemos que isso vai realmente acontecer. Sabemos que o patrimônio é importante, mas a vida, a saúde e a segurança de todas as nossas famílias de Xapuri valem muito mais”, disse o governador através da Rádio Educadora 6 de Agosto.

Tião Viana falou embasado nas informações da Defesa Civil de que houve uma baixa de 55 centímetros no nível do Rio Acre em Brasiléia. A dinâmica das enchentes diz que a água que baixa na fronteira será responsável pela subida do nível nas cidades que estão localizadas ao longo do rio.

Armin Braun, coordenador nacional da Defesa Civil prevê que a água ainda suba mais de um metro em Xapuri. Ele acrescentou que a única coisa que pode ser feita pelo Estado é a retirada das pessoas das áreas afetadas garantindo a elas as condições mais dignas possíveis durante esse momento de muito sofrimento e preocupação.

“A dinâmica da enchente assegura que o rio não baixará de nível em Xapuri nas próximas 72 horas, pelo contrário, a água ainda subirá bastante, por isso reforçamos o apelo do governador Tião Viana para que a população das áreas de risco seja evacuada o mais rapidamente possível. Sabemos que algumas pessoas estão resistindo em sair, mas temos o dever de convencê-las e retirá-las daqui”, afirmou.

General Poty, da 7ª Brigada de Infantaria de Selva, se colocou à inteira disposição do prefeito Bira Vasconcelos no apoio às vítimas da alagação. O município já está contando com o reforço de 46 soldados do Exército Brasileiro e deve receber o quantitativo de mais 25 homens até o final desta quarta-feira.

“O momento é de muita dificuldade, mas estamos ao lado da população. A determinação da presidente Dilma Rousseff é para que o Acre receba todo o apoio necessário para superar esse momento de aflição”, afirmou.

O governador Tião Viana visitou também o Hospital Epaminondas Jácome, onde 11 pacientes se encontram hospitalizados. A casa de saúde de Xapuri está localizada a poucos metros de onde a água do Rio Acre está nesse momento, mas apesar da proximidade a situação ainda é considerada segura.

“Viemos aqui trazer ajuda, mas também muita solidariedade e carinho a essas pessoas que passam por momentos de muita aflição”, completou o governador.

O prefeito Bira Vasconcelos acompanhou o governador Tião Viana durante sua estada em Xapuri e agradeceu pelo apoio recebido do governo do Estado.

“Decretamos estado de emergência porque exaurimos nossa capacidade de atender à população. Nossa situação seria catastrófica se não tivéssemos ao nosso lado os governos estadual e federal para nos socorrer num dos momentos mais difíceis da história do município!, afirmou o prefeito de Xapuri.

Solidariedade

Xapuri tem se descoberto uma cidade muito solidária nessa enchente histórica que assola o município. Como prova disso, o dado informado pela prefeitura de que mais de dois terços das pessoas desabrigadas pelas águas do Rio Acre estão em casas de amigos e parentes.

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O governador Tião Viana averiguando a situação da Ponte da Bolívia acompanhado do prefeito Bira Vasconcelos, do General Poty, da 7ª Brigada de Infantaria de Selva, e do chefe do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Defesa Civil Nacional, Armin Braun.

As imagens são do Assessor de Divulgação da Prefeitura de Xapuri, Haroldo Sarkis.