quarta-feira, 25 de abril de 2012

Produtos extrativistas do Acre

Cooperacre participará, entre os dias 07 e 10 de maio, da Feira da Associação Paulista de Supermercados (APAS) na Expo Center Norte, em São Paulo.

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Assessoria do MDA

A Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) participa, pela primeira vez, da Feira da Associação Paulista de Supermercados (APAS) entre os dias 07 e 10 de maio na Expo Center Norte, em São Paulo (SP). O empreendimento está entre os nove escolhidos para expor seus produtos no estande de 102 m² que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ocupará no evento.

A Cooperacre vai expor produtos extrativistas beneficiados: castanha do Brasil, borracha e polpas de frutas de graviola, acerola, cupuaçu, cajá, açaí, abacaxi e manga.

A delegada do MDA no Acre, Zenilda Lima, afirma que a Cooperacre é tão relevante na organização dos extrativistas e na comercialização dos produtos que não pode ser mensurada. “Ela acabou com os atravessadores, que consumiam grande parte dos lucros e deu ao produtor a oportunidade de comercializar a preço justo”.

Inserir e adequar os produtos da floresta ao mercado e facilitar a vida dos produtores familiares mantendo sempre a concepção de trabalho sustentável por meio de boas práticas é o objetivo principal da Central de Cooperativas, pioneira em comprar e beneficiar produtos agroecológicos no Acre.

“A Cooperacre é a empresa dos cooperados”, afirma o presidente fundador e seringueiro, Manuel José da Silva, de 73 anos. Devido ao nome que se dá as moradias no seringal, o presidente da instituição é conhecido na região como Manuel da Gameleira e assumiu a central de cooperativas em julho de 2001. “Não existia no nosso estado uma cooperativa que escoasse toda a produção extrativista e essa necessidade de agregar valor e garantir  renda justa ao trabalhador resultou na criação da Central”, relembra. 

Para o superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro de Oliveira, primeiro funcionário  e responsável pela gestão administrativa da Central, a participação na feira vai favorecer as parcerias e ampliar o mercado. “Na feira pretendemos buscar mercado e novas técnicas de produção que possibilitem maior comercialização”.

A castanha, carro-chefe da Cooperacre, normalmente é comercializada em embalagens de 20 quilos porque grande parte da produção é vendida para grandes empresas. Mas, a cooperativa entende que deve também olhar para diversos tipos de consumidor. “Já fabricamos castanha em embalagens de 500 e 250 gramas e pretendemos investir mais em subprodutos. O maquinário já está no galpão”, afirma o superintendente. “Queremos investir em barras de cereais, produtos para sorveterias, polpas de frutas e o que mais der para produzir”, conclui.

“Antigamente não tínhamos incentivo nenhum e o que recebíamos pela venda dos produtos não pagava nem o serviço que a gente tinha”, relembra o produtor Hernando Teixeira, morador do Seringal Macapá, em Rio Branco. Teixeira que também é presidente da Associação Sorriso do Riozinho do Rola, comemora as melhorias no setor deste a criação da Cooperacre. “Já melhorou muito, hoje temos dignidade e trabalhamos todos os dias para que melhore ainda mais”, finaliza.

Desenvolvimento sustentável e cooperação

A cooperativa que começou a operar em 2001 com um funcionário e mais de R$ 267 mil em dívidas com os trabalhadores, hoje movimenta mais de R$ 35 milhões ao ano, possui uma sede e três filiais, além de 243 funcionários devidamente registrados.

A Central reúne 33 cooperativas em 14 municípios do Acre e possui dois mil associados diretos, escoando mais de 80% da produção extrativista de castanha do Brasil no Acre. “Se considerarmos também as famílias que não são associadas, a Cooperacre beneficia mais de quatro mil famílias”, reitera o Superintende.

Um projeto de reflorestamento foi implantando há dois anos com apoio dos governos federal e estadual visando garantir o futuro das próximas gerações extrativistas. Por meio do projeto, os produtores replantaram cerca de mil hectares de florestas de seringa e castanha. Manoel da Gameleira explica a iniciativa. “A cultura do Acre é a floresta e precisamos pensar no sustento de nossos netos”, conclui.

Políticas Públicas e viabilidade de acesso

Em 2004, a Cooperacre fez a primeira venda para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade formação de estoques. O programa ajudou a equilibrar o preço da castanha, que em 2001 valia R$ 7,00 a lata de 10 Kg. Em 2004, com os recursos do PAA, o valor quase dobrou e na última safra, a lata chegou a R$27.

A partir de 2009, a cooperativa acessou a linha de Agroindústria do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que financia investimentos, inclusive em infraestrutura, para beneficiamento, processamento e comercialização da produção. Inicialmente a cooperativa acessou R$ 2 milhões e nestes quatro anos, por meio do MDA, os investimentos somam R$ 15 milhões.

Rede Brasil Rural

A Cooperacre já se cadastrou na Rede Brasil Rural, criada para aproximar os produtores dos fornecedores e consumidores finais. Os objetivos da rede são organizar e fortalecer a cadeia produtiva da agricultura familiar, beneficiando seus participantes. O site exige o cadastramento de cooperativas de agricultores familiares que poderão comprar, juntos, insumos como sementes, máquinas e equipamentos. A meta do MDA para o primeiro semestre de 2012 é capacitar e cadastrar 1,6 mil entidades, beneficiando mais de 200 mil agricultores em todo o país.

Outro objetivo da Rede Brasil Rural é reduzir o preço do produto para o consumidor final e aumentar a renda dos agricultores por meio de ganhos de eficiência em cada etapa da cadeia produtiva, preservando a identidade da agricultura familiar. O projeto também conta com apoio do BNDES como agente financiador e a parceria dos Correios, que cuida de toda a logística de entrega de produtos, tanto para os agricultores quanto para os clientes.

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