terça-feira, 31 de julho de 2012

Petição contra o Manejo Florestal

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A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Dercy Teles de Carvalho Cunha, criou na página da Ong Virtual Avaaz.org uma petição contra o Manejo Florestal Madeireiro na Reserva Extrativista Chico Mendes. A petição da sindicalista diz o que segue:

“O meu nome é DERCY TELES DE CARVALHO CUNHA, sou Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e desde de 2006, quando assumimos a presidência do Sindicato, que estamos luta contra o projeto do governo do Estado do Acre e as Empresas Madeiras, que sob a batuta do desenvolvimento sustentável planejaram a exploração madeira na RESERVA EXTRATIVISTA CHICO MENDES para exportação. Como compreendemos que na lógica do capital não existe sustentabilidade, resolvemos pedir apoio a conceituada comunidade da Avaaz para que nos ajude nessa batalha de salvar a RESERVA EXTRATIVISTA CHICO MENDES DA SANHA DO CAPITALISMO VESTIDO DE CAPITALISMO VERDE”.

Mas, quem é a Avaaz?

Avaaz, que significa "voz" em várias línguas europeias, do oriente médio e asiáticas, foi lançada em 2007 sob a suposta missão democrática de mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem.

Operando em 15 línguas por uma equipe profissional em quatro continentes e voluntários de todo o planeta, a comunidade Avaaz se mobiliza assinando petições, financiando campanhas de anúncios, enviando e-mails e telefonando para governos, organizando protestos e eventos nas ruas.

Desde 2007 os membros da Avaaz já fizeram mais de 32 milhões de ações, doaram mais de $15 milhões pela internet, organizaram mais de 10.000 manifestações, ganharam diversas vitórias significativas, entre elas a criação da maior área de preservação marítima do mundo, a manutenção das proibições da caça às baleias e do comércio de marfim, a promulgação de enérgicas leis florestais e de anticorrupção no Brasil e a mudança de políticas estatais sobre mudanças climáticas no Japão, Alemanha e Canadá.

As doações feitas ao grupo pela internet são rodeadas de suspeitas de fraude. Leia mais sobre o assunto no blog Defensores da Natureza.

Quanto à petição de Dercy Teles contra a exploração de madeira na Reserva Extrativista Chico Mendes, o assunto é um dos mais polêmicos da atualidade e deve continuar sendo tema de muitas discussões e debates acirrados.

O blog está aberto a opiniões.

Greve e churrasquinho

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Braços cruzados e carne na churrasqueira. Foi assim que os servidores do Poder Judiciário em Xapuri se posicionaram diante da falta de pronunciamento do Tribunal de Justiça com relação à contraproposta referente ao PCCR da categoria.

O Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Acreano (SINSPJAC ) acenou com o indicativo de Greve Geral por tempo indeterminado no último dia 24 de julho, caso o TJ não se posicionasse a respeito da contraproposta dos servidores até esta terça-feira.

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O SINSPJAC informa em nota divulgada em seu site que o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Adair Longuini, enfatiza sua preocupação com a Reforma Administrativa, relegando a discussão sobre o PCCR a um plano secundário.

“O presidente do Sindicato fez questão de informá-lo que a preocupação dos servidores é com o PCCR. Quanto à Reforma Administrativa, este é problema para o presidente do TJ resolver com seus pares, ou seja, com os demais desembargadores”, diz a nota.

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Em seu portal na internet, o Tribunal de Justiça informa que a minuta do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos servidores do Poder Judiciário permanece em discussão entre o TJ e o SINSPJAC. Na noite dessa segunda-feira (30), mais uma reunião foi realizada na sede do TJAC para discutir a formatação do PCCR, o que não evitou que o movimento grevista fosse deflagrado na manhã desta terça-feira.

O Tribunal de Justiça afirma que grande parte das reivindicações solicitadas pelos servidores já foi contemplada na redação do plano, inclusive com a elaboração da folha simulada de pagamento. No entanto, questões como curva de maturidade, escalonamento da implantação do plano e manutenção da gratificação de nível superior serão objeto de discussão de uma próxima reunião, agendada para o dia 2 de agosto.

Atualização: 15h35m

Aviso – Direção do Tribunal de Justiça

A Direção do Tribunal de Justiça do Estado do Acre, ante a comunicação oficial do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sinspjac) de realização de greve geral por tempo indeterminado, a partir desta terça-feira, dia 31 de julho, assegura à sociedade a regularidade do expediente forense e do atendimento nas unidades jurisdicionais e administrativas do Poder Judiciário do Estado.

O trabalho permanecerá sendo devidamente encaminhado pelos servidores comissionados e com função gratificada lotados em cada uma das unidades do Poder, de maneira que as audiências e demais atividades jurisdicionais programadas serão cumpridas sem quaisquer prejuízos para o cidadão e para a sociedade.

Direção do TJAC

segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Falhas pontuais"

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC – constatou em São Paulo um fato que ocorre em todo o país, inclusive em Xapuri. As instituições bancárias dificultam a contratação de pacotes de serviços gratuitos pelos seus clientes. Os bancos, é claro, negam a esperteza.

Desde o ano de 2008, os clientes bancários têm direito ao pacote gratuito estabelecido pelo Banco Central que inclui quatro saques (no caixa do banco ou nos caixas eletrônicos), duas transferências entre contas do mesmo banco, dois extratos do mês anterior, um extrato anual e dez folhas de cheque.

O Idec fez a pesquisa em agências do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander. Os pesquisadores pediram que suas contas correntes fossem alteradas para contas de serviços essenciais. Alguns funcionários, segundo o instituto, não tinham conhecimento desse direito e outros se negaram a fazer a conversão. Os bancos creditam o resultado do teste a “falhas pontuais”.

Clique aqui e descubra as sete coisas que os bancos não contam.

Clube do Bolinha

A Câmara Municipal de Xapuri, não diferentemente de outras tantas pelo Brasil, é um espaço amplamente dominado pelos homens. E mal dominado, por sinal.

Salvo um engano muito improvável, o Poder Legislativo da terra de Chico Mendes só teve três vereadoras em toda a sua nada gloriosa história: Fátima Santana (1993-1996), Elisabeth Farias (1997-2000) e Maria Luceni (2009-2012).

E apesar da legislação atual determinar que 30% das candidaturas proporcionais devem ser ocupadas por mulheres, o atual quadro vai perdurar.

Dando-se uma atenta espiada nas listas de candidatos das eleições deste ano, se nota que pouquíssimas mulheres estão realmente disputando uma vaga no parlamento-mirim. A maioria delas apenas atende ao chamado das agremiações para fechar a esdrúxula cota imposta pela lei.

Há, por exemplo, caso em que mãe e filha são candidatas em uma mesma coligação, estando evidente que uma não rivalizará com a outra. Aceitar tal situação chega a ser humilhante e apenas acentua o quadro de exclusão a que as mulheres estão submetidas no campo da efetiva participação política. Elas deveriam ser convidadas e incentivadas à atuação política plena e não apenas como maneira de os partidos se acertarem com a lei.

É evidente que a exigência legal não vai resolver a disparidade da proporção entre homens e mulheres no machista e corrupto mundo da política. Em Xapuri, elas aparentam não se identificar com a coisa e não mostram qualquer interesse em dividir com os homens a responsabilidade de representar a população, mesmo sendo maioria como eleitoras.

E o problema, obviamente, está na falta de protagonismo feminino nos partidos locais.

Se a pífia participação das mulheres na política partidária local não for ampliada, a situação nos tempos de eleições será sempre a mesma dos dias atuais. Nenhuma mulher fazendo parte do grupo de nomes cogitados para concorrer à prefeitura e pouquíssimas disputando uma vaga na Câmara com alguma chance de se eleger.

E pior: a chamada Casa do Povo continuará eternamente a ser um Clube do Bolinha, onde raramente surge algo de novo ou promissor.

A imagem que ilustra o post é do arquivo do blog e não é atual. Hoje, a Câmara de Xapuri está pintada de verde, e as inscrições da fachada ainda não foram providenciadas.

domingo, 29 de julho de 2012

A última idade do imprestável

A aposentadoria no Brasil não é apenas o início do fim. Seria romantismo demais. Ficar velho, aqui, é bem mais que isso e a terceira idade feliz na plenitude, como pregam alguns geriatras extremamente otimistas, é pura falácia desses que querem tapar a lua com a peneira, posto que o sol já se escondeu no ocidente da decrepitude desde algum tempo.

A decepção grita a plenos pulmões enfraquecidos dos que realmente trabalham. E não pergunte o que a pátria pode fazer por você, mas o que você pode fazer pela pátria. O John Kennedy plantou a ideia anterior há muito sentida, mas não percebida, principalmente, por boa parte dos oportunistas - deputados e senadores - que se acercam do poder sem as mínimas condições legais e intelectivas para representar o povo que lhes paga salários de fidalgos analfabetos. Além dos altíssimos salários, boa parte dos representantes da plebe ainda se sente no direito de assaltar o erário público.

No capitalismo é assim mesmo: o cidadão em idade produtiva paga impostos escorchantes para alimentar políticos fúteis e imbecilizados pela péssima formação moral e intelectual que herdou de pais também obtusos e ladrões.

Depois de velho, então, o trabalhador cansado vai para uma espécie de masmorra psicológica substanciada por um ostracismo que o definha e o mata em pouquíssimo tempo. Tiram-lhe o couro a partir das costelas, espremem a última gota de suor e de sangue e, depois, vem a aposentadoria aos setenta anos. E vêm os cortes das vantagens que o pacato contribuinte tinha. O vencimento mensal míngua ou quase deixa de existir. E todo o salário vai para o plano de saúde que cobra mensalidades escandalosas só porque o cidadão morrerá em poucos dias. E vem a conta da drogaria que despacha remédios contra hipertensão, úlcera, osteoporose, hepatite, trombose, diabetes, câncer, dentre outras, contraídas, muito provavelmente, em meio e devido às relações azedas no serviço público.

Continue lendo no blog do autor.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Jornalismo? Onde?

Beneilton Damasceno

Com o necessário e merecido respeito aos colegas de profissão, dos veteranos aos recém-formados (incluindo nessa confraria os assessores de imprensa), o jornalismo que vem sendo feito hoje no Acre, de um modo geral, está longe de receber esse nome. É uma coisa repetitiva, pouco esclarecedora, soporífera e sem sua finalidade basilar: a informação.

Estamos diante de dois extremos: os jornais, telejornais, blogs, sites e similares ou se esmeram em bajular com asquerosa volúpia os três Poderes - papel exclusivo de colunas sociais - ou os apedrejam sem piedade, desmerecendo realizações que são inegáveis e ajudam a engrandecer o Estado. Nesse meio-termo, ganha espaço o emergente noticiário estilo "mundo cão", para satisfazer as mentes sanguinárias pouco afeitas à política da floresta.

Com exceção de uma rede de TV local, que demonstra relativa isenção, o resto não passa de paus-mandados da situação - situação à qual tenho dedicado meu sufrágio a cada dois anos e estou disposto a repetir o ritual. Mas, no tocante ao trabalho do ex-"quarto poder", ratifico, muita coisa precisa mudar, principalmente num Estado que inventou de virar sede de Congresso de Jornalismo este ano. Que Deus tenha compaixão de nós, para que não venhamos a morrer de vergonha.

Beneilton Damasceno é jornalista.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mundo ao revés

"Caminar es un peligro y respirar es una hazaña en las grandes ciudad del mundo al revés. Quien no está preso de la necesidad, está preso del miedo: unos no duermen por la ansiedad de tener las cosas que no tienen, y otros no duermen por el pánico de perder las cosas que tienen. El mundo al revés nos entrena para ver al prójimo como una amenaza y no como una promesa, nos reduce a la soledad y nos consuela con drogas químicas y con amigos cibernéticos. Estamos condenados a morirnos de hambre, a morirnos de miedo o a morirnos de aburrimiento, si es que alguna bala perdida no nos abrevia la existencia".

Eduardo Galeano, em Patas arriba: la escuela del mundo al revés (disponível aqui).

Cigarro, um inimigo silencioso

Em Branco

Dra. Larriany Giglio

Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) o tabagismo já matou mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Número superior à soma das mortes provocadas por HIV, pelos acidentes de trânsito, pelo consumo de álcool, cocaína, heroína e pelo suicídio, sendo responsável por um em cada dez óbitos em adultos. Só no Brasil, morrem cerca de 200 mil pessoas por ano em decorrência de doenças relacionadas ao tabaco.

Diferente de drogas como álcool, morfina e crack, o vício do cigarro é rápido e provoca dependência física tão grave quanto a heroína. O fumante entra num quadro de ansiedade crescente que só passa com uma tragada, uma vez que as crises de abstinência da nicotina se sucedem em intervalos de minutos enquanto as demais drogas dão trégua de dias, ou pelo menos de horas.

Mulheres podem enfrentar barreiras diferentes das encontradas pelos homens para a cessação do tabagismo devido questões ligadas ao ciclo menstrual, o estresse da dupla jornada de trabalho, medo de ganhar peso, maior probabilidade de apresentar sintomas de depressão e ansiedade, que muitas vezes são mascarados pela nicotina.

Hoje, o tratamento do tabagismo tem uma média de 70% de êxito, com base em pacientes que atingem pelo menos três meses de abstinência. Considerado doença pela OMS, o fumo é considerado um problema de saúde pública no Brasil. A expectativa de vida de uma pessoa que fuma é 25% menor que a de uma não fumante. Dentre as 25 doenças relacionadas ao hábito de fumar, todas são causas de morte: doenças cardiovasculares (43%); câncer (36%); doenças respiratórias (20%); outras (1%).

A lei 12.546, passada pelo Congresso em 2011, que proíbe a propaganda de cigarros nos pontos de vendas mesmo com a exposição de produtos, deve ser regulamentada o quanto antes para ser aplicada, fiscalizada e não ceder à pressão da indústria fumageira nas decisões do Governo Federal. Assim como não admitimos comerciais de maconha, crack ou heroína, por que aceitar o marketing do tabaco?

Dra. Larriany Giglio é médica psiquiatra especialista em dependência química da clínica Instituto Novo Mundo.

Candidatos

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A 2ª Zona Eleitoral de Xapuri recebeu 74 pedidos de candidatura para o cobiçado cargo de vereador. Muitos deles, é bem sabido, não têm a menor intenção de se eleger; apenas fazem número na tentativa de somar alguns minguados e suados votinhos para reforçar a legenda do partido ou coligação e empurrar os “carros-chefe”.

Um fato nas eleições deste ano é a visível dificuldade de algumas siglas, emparedadas pelo rigor da Justiça Eleitoral, para dar conta de compor a cota de 30% de mulheres postulantes a sentar em uma das 9 cadeiras do masculinizado parlamento-mirim xapuriense. Atualmente, a Câmara local conta com apenas uma vereadora, situação que tende a piorar.

Até o momento, 2 solicitações de candidaturas para vereador foram impugnadas pela Justiça Eleitoral e 10 ainda aguardam deferimento. Um dos pedidos impugnados pertence ao médico Mário Perez Romero (PSC), que aparece na imagem extraída do DivulgaCand, página disponibilizada pelo TSE com todas as informações prestadas pelos candidatos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Considerações de um não-homofóbico

Beneilton Damasceno, via Facebook.

Longe de querer incitar à polêmica e ao bate-boca barato, tão corriqueiro nesse ringue virtual conhecido por "redes sociais", fico morto de espanto e sem graça quando vejo gente de todas as classes, sobretudo os que se intitulam esclarecidos, quase desmaiarem de surpresa quando uma figura pública "peso pesado" resolve revelar sua predileção por alguém do mesmo sexo. Ora, gentem, se a homossexualidade (masculina ou feminina) é algo tão natural, por que o mundo só falta desabar, como se a pessoa tivesse admitido um assassinato, um estupro ou nova data para o fim do mundo?

Nesse episódio da semana, por exemplo, envolvendo um ex-jogador de futebol bonitão e um apresentador galã, encarei como algo perfeitamente rotineiro. E olha que, aos 53 anos, sou da geração pós-Lampião e Maria Bonita, pertencente (ainda) à maioria dos chamados heteros, com tradição cristã e que já leu umas vinte vezes a Carta de Paulo aos Romanos, capítulo 1, das Sagradas Escrituras. O que me deixa ainda mais bestificado é ver integrantes do LGBT, com todo seu arsenal de teorias convincentes, ficarem se beliscando para checarem se a notícia é verdade, se é especulação ou pegadinha de primeiro de abril.

Voltando aos dois medalhões até então "insuspeitos", está na hora de os emergentes membros da "LGBT family", cuja opção sexual eu respeito com naturalidade, repito, tratarem o assunto sem alterar a pressão arterial quando ouvirem rumores dessa natureza. Também deveriam aprender a votar nos representantes da categoria. Quem sabe não teríamos até um senador para representá-la na capital federal? Afinal, eleitores abundam (o trocadilho foi involuntário). Estamos somente no começo, pessoal. Os canais continuam abertos para centenas de manchetes tidas como inusitadas. Vamos esperar?

Beneilton Damasceno é jornalista.

Sérgio Souto

Rua do Sossego

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Clique na imagem para ampliá-la.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Polo Industrial de Xapuri

Projeto do governo promete alavancar setor moveleiro do município

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O sonho de concentrar todos os marceneiros de Xapuri em um mesmo local é antigo. Remonta à época do primeiro mandato do ex-prefeito Júlio Barbosa de Aquino (PT), que chegou a ser agraciado, no ano de 2002, com o Prêmio Prefeito Empreendedor, promovido pelo SEBRAE, com o projeto Exploração Sustentável da Floresta, através do Polo Moveleiro da cidade.

A demora na emissão das licenças para a ampliação dos planos de manejo florestal comunitário, base do fornecimento de matéria-prima para o empreendimento, entre outros fatores, impediu que o projeto original do Polo Moveleiro de Xapuri avançasse a ponto de concretizar a concentração de todos os profissionais marceneiros da cidade no Polo Industrial do município.

Dez anos depois, o governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), começa a dar mais um passo rumo à consolidação do Polo Industrial de Xapuri. Uma obra orçada em mais de R$ 1,3 milhões vai construir 7 galpões de 15 metros de largura por 20 de comprimento para acomodar todos os marceneiros da cidade, que atualmente desenvolvem suas atividades em fundos de quintal, o que está em desacordo com a legislação ambiental.

No mês de novembro do ano passado, governo do Estado assumiu, através da assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), um compromisso com o Ministério Público do Meio Ambiente para regularizar a situação de todos os moveleiros do Acre. O prazo do MP para que isso aconteça é de 24 meses a partir da assinatura do termo, mas o governo garantiu que, em tempo bastante inferior, o Polo Moveleiro de Xapuri e dos demais municípios estarão funcionando dentro de todas as exigências legais.

As vantagens do acordo firmado entre o governo, MP e marceneiros começaram pela isenção, por parte do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), das taxas para o licenciamento das marcenarias, o que significa que os profissionais não tirarão nenhum dinheiro do bolso para legalizar os seus negócios. Em segundo lugar, o governo do Estado se compromete em fazer um pacto com a fábrica de pisos, que voltará a funcionar dentro de alguns dias, para que se torne a principal base de fornecimento de matéria-prima para as marcenarias de Xapuri.

Já a partir do mês de dezembro do ano passado, o governo passou a desenvolver um processo de compras governamentais, através das diversas secretarias de Estado, pelo qual todas as aquisições de mobiliário serão feitas junto às marcenarias de todo o Acre.

A previsão do secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, é de que até o fim deste ano todos os marceneiros de Xapuri estejam devidamente estabelecidos no Polo Industrial do município.

“O governo vai fazer os investimentos e nós teremos em breve o verdadeiro Polo Moveleiro de Xapuri efetivamente funcionando, oferecendo serviços à população e gerando renda para as famílias que vivem desse ofício”.

Renato Farias, representante da Sedens em Xapuri, explica que, diferentemente da primeira experiência do Polo Moveleiro, o governo está oferecendo aos marceneiros, além da estrutura básica para que eles efetivamente se estabeleçam no Polo Industrial, o acesso a linhas de financiamentos para os negócios através de acordos com as instituições financeiras.

“Além dos galpões, o governo estará proporcionando as condições para que esses profissionais sejam reconhecidos pelas instituições financeiras como empresários aptos a tomar empréstimos para investir na melhoria das condições de produção e trabalho”.

Usina de Beneficiamento de Castanha Chico Mendes

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A intenção do governo do Estado é revitalizar o Polo Industrial de Xapuri, abrindo espaço e proporcionando condições para que outras empresas de práticas sustentáveis se estabeleçam no município. Um exemplo disso é a Usina de Beneficiamento de Castanha Chico Mendes, gerenciada pela Cooperativa Central de Comercialização de Produtos Florestais (Cooperacre), que na próxima sexta-feira (27) será inaugurada na área do Polo.

Dizem que finjo ou minto

Fernando Pessoa

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê!

Poesia é sempre uma boa maneira de começar o dia.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Naquela mesa

Faz 6 anos

Wando Barros

Nelson Gonçalves

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor

Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Pato selvagem

Cairina moschata

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Flagrei o indivíduo acima em um banhado às margens da estrada que dá acesso ao seringal Cachoeira. O local, disputado por outras espécies como garças e socós, é uma ilha de vida selvagem numa região ameaçada por pastagens.

Clique na imagem para vê-la ampliada.

domingo, 22 de julho de 2012

A morte do finado

Rubens Santana de Menezes (Rubinho)

Jurandi Costa

Foto: Jurandir Lima.

E quando em Xapuri, além do centro antigo, só havia a rua da Palha e a Bolívia, nosso universo girava em torno da igreja matriz.

O cinema ficava ao lado e quando era anunciado um filme impróprio para menores de 18 anos, minha imaginação voava distante a supor o que assistiriam de tão escabroso as pessoas que ingressavam na sala de projeção em seus melhores trajes.

A alternativa eram os faroestes de Bob Hope e Hoppalong Cassidy, na matinê dos finais de semana. O calor era infernal, mas o ambiente era de magia.

Lembro que Cipião, em seu uniforme cáqui da Guarda Territorial, incutia-me verdadeiro terror, pelo fato de ter efetuado um disparo que atingiu a perna do “Coqueiro”, um sujeito alto e falastrão. Parecia onipresente: nos arraiais da paróquia, prá onde eu olhava, via o Cipião e sua arma na cinta. Seria bandido ou mocinho?

Os sinos da igreja alertavam para as horas de levantar, comer e da Ave-Maria.

Chamavam aos fiéis, também, para as novenas, missas das 7, das 9 e das 19 horas.

Serviam de avisos para falecimentos: os dobres pausados e graves anunciavam que adultos receberiam as bênçãos de Pe. João Palmieri; os dobres agudos indicavam que falecera uma criança ou “anjo”.

E certa vez, tocou o sino lugubremente e assustou ao “Bacana” que brincava no parque em frente à igreja.

O moleque largou o brinquedo e em desabalada correria dirigiu-se à casa de D. Linda Fonseca, sua avó, lá no início da rua 24 de janeiro.

Chegou esbaforido; os olhos arregalados do tamanho de pires! Com o fôlego de que ainda dispunha, foi logo anunciando:

- Vó... ô, vó...o FINADO MORREU!

Rubinho é ex-goleiro e professor aposentado da Universidade Federal do Acre. 

Chame o Braga

Dê um pulo no blog dele.

sábado, 21 de julho de 2012

Vida nova na Corte

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A sinuosidade do rio, agora, faz com que as distâncias amazônicas pareçam eternas. É lancinante a inalterabilidade de tudo. O tempo, deveras vagaroso, é como se descesse ou subisse por uma escada de linha zero. Até no voo dos pássaros há algo de mais lento. Em nada há pressa. A vida segue devagar e bem fria, principalmente, de madrugada ou de manhã cedo, entre uma friagem e outra.

Logo depois da Boca do Lago, de baixada, o Rio Acre faz três sacados como se fossem esses bem fechados um sobre o outro. No inverno, se duas embarcações passarem simultaneamente pelas curvas fechadas, dá para os viajantes de uma acenar para os da outra. É a natureza a ditar suas regras mais uma vez. A viagem é feita, sim, mas a estrada de água faz a sua cobrança ao exigir que o viajante pague a penitência que é percorrer todas as mil e uma curvas e voltas que nos levam a Rio Branco.

O olho espichado pelo longo estirão à frente parece cansar de tanta esperança que carrega a sua luz já enfadada. A cada hora, a paisagem constante é mudada, na maior tranquilidade, por uma pequena barraca de ribeirinho ou por um barracão de seringal à beira do rio. Afora isto, de vez em quando, desvia-nos a vista um jacaré ou um tracajá que mergulham mansamente, como se não os perturbássemos. É verão e a água corre mansa. Há espumas flutuantes, como os versos do poeta. É como se fosse um tapete lisinho que é cortado abruptamente pela força do pequeno barco. A monotonia é grande demais e a vontade de me tornar funcionário público é maior ainda. Enfim, como se vive sempre de esperar o dia seguinte, esperemos apegados à confiança em Deus.

Eu e o Ovídio fizemos um quebra jejum à base de pão de milho e carne moída. Depois das despedidas de uma ruma de gente  -  meus queridos amigos, com os quais convivi quase ano e meio  -  deixamos o Seringal Boca do Lago às cinco da manhã de um dos últimos dias de junho de 1940, debaixo de uma névoa úmida e fria aqui chamada cerração. 

Tinge-me a mente alguns pensamentos longínquos demais. Ah, a mulher amada! E os filhos queridos! Lembro os bons tempos do namoro em Belém que agora estarão de volta, no Acre. Assim espero. As saudades da esposa são indizíveis, mas podem ser escritas. O companheiro de viagem não diz uma palavra. Não vemos um barco maior que vá ou que venha. Poucas vezes, alguém nos acena de uma ou outra canoa movida a remo ou a varejão. Ele passa horas e horas com os olhos fitos no rio à frente. Com um lápis rústico, faço rabiscos num papel de embrulho, apesar da trepidação do motor atrás de mim. À moda dos poetas da Semana de Arte Moderna de 1922, elaboro uma poesia romântica  -  o que é controverso  -  inspirada numas poucas que li de Oswald e Mário de Andrade, paulistas. Vivo épocas de devastação íntima e é só assim que se faz a boa poesia. É muito bonita, pelo menos para mim que não sou crítico caótico de mim mesmo. Chama-se Canção em Retalhos.

Continue lendo no blog do autor: Impressões Gerais.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

“Mais calma e menos euforia”

Causou celeuma no final da tarde desta quinta-feira a notícia de que a Procuradoria Eleitoral em Brasília aceitou o recurso do Ministério Público Eleitoral no Acre contra a candidatura majoritária da Frente Popular, formada pelo governador Tião Viana (PT), o vice César Messias (então PP e hoje no PSB), o senador Jorge Viana (PT) e o candidato derrotado ao Senado Edvaldo Magalhães (PcdoB).

Tucanos logo soltaram fogos, comemorando, afirmando que logo mais Tião Bocalom subiria as escadarias do Palácio Rio Branco. Mais calma e menos euforia. Esta é a sugestão. Uma passada de olho no parecer da vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau mostra que ele está baseado nas denúncias dos procuradores no Acre, completamente rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral daqui em 2011.

Continue lendo no blog Política na Floresta, do jornalista Fábio Pontes.

“Corredor”

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O nome de batismo é Rotary, mas a ruazinha cheia de histórias também atende pela alcunha de “Corredor”. A placa, devidamente corrigida, anuncia um investimento há muito tempo aguardado pela população, formada por gente simples e trabalhadora. Mais um cantinho de Xapuri que passa a receber um pouco da atenção devida.

“Erros e absurdos”

Jorge Viana

O senador Jorge Viana (PT) enviou nota à imprensa classificando de “absurdas” as acusações feitas pelo Ministério Público Eleitoral em 2010 contra todo o primeiro escalão da Frente Popular do Acre (FPA). Na ação, o MP acusa o governador Tião Viana (PT), o vice César Messias (PSB), o senador eleito e outros membros da coligação de abuso de poder econômico e político.

Em 2011, o Tribunal Regional Eleitoral do Acre considerou improcedentes as denúncias e absolveu os acusados. Na última sexta-feira (20), a procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau emitiu parecer pedindo a cassação do diploma dos eleitos, tendo como base o processo inicial do Ministério Público acreano.

“O parecer da vice-procuradora-geral eleitoral repete os mesmos erros e absurdos perpetrados por seus colegas de Ministério Público Eleitoral do Acre”, diz Viana.

Eis a íntegra da nota:

O noticiário dos últimos dias projeta o parecer da vice-procuradora-geral-eleitoral, Sandra Verônica Cureau, sobre eventual cassação do meu mandato, dos meus suplentes, do governador Tião Viana, do seu vice César Messias e traz as mesmas e absurdas acusações que já foram julgadas como inverídicas por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral do Acre, que seguiu o voto do relator juiz federal Marcelo Bassetto. Em respeito à verdade esclareço que:

1. Um dia após o início do recesso parlamentar, eu me encontrava em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, trabalhando como membro da Comissão Especial de Senadores que avalia as propostas de mudança no Código Penal, no segundo encontro da série de debates que pretendo participar não só no Acre, mas também em outros estados do País;

2. O parecer da vice-procuradora-geral-eleitoral repete os mesmos erros e absurdos perpetrados por seus colegas de Ministério Público Eleitoral do Acre, em processo sobre as eleições de 2010;

3. Levado a julgamento, o processo foi julgado improcedente, tanto pelo juiz federal relator, quanto pelo voto unânime dos cinco integrantes do TRE do Acre;

4. O processo, derrotado soberanamente nas duas instâncias da Justiça, é, isso sim, fruto das ações de alguns que agiram fora da lei, associados a outros que, não contando com o apoio da cidadania, utilizam métodos escusos para tentar modificar a vontade popular manifestada nas urnas;

5. Aguardo apenas que a verdade dos fatos seja restabelecida pela mais alta Corte Eleitoral do País, para tomar as medidas judiciais cabíveis contra todos envolvidos em crimes que incluem forjamento de provas e falsidade ideológica, entre outros crimes.

Jorge Viana, senador da República.

Sanhaçu no caju

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Ele me acorda todas as manhãs.

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Clique nas imagens.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Manejo na Resex

A recente licença concedida pelo ICMBio para que 63 famílias de extrativistas da Resex Chico Mendes explorem madeira de forma manejada na área de conservação gerou um interessante debate de xapurienses no Facebook.

 Carlos Estevão Ferreira Castelo

Penso que os xapurienses devem refletir criticamente sobre essa tal economia verde, explicitada, em grande medida, no manejo de madeira. Em minhas andanças nos seringais este ano, vi alguns "estragos" que o manejo está fazendo no PAE Cachoeira.

Sem dúvidas, o manejo está gerando aumento na renda para alguns, mas acho que isso é temporário.Todos os seringueiros do PAE Cachoeira que entrevistei mostraram-se preocupados com o manejo, mas a força do Governo e seus colaboradores é violenta na região, a favor da atividade.

Eles afirmam que não tem mais caça e por aí vai. "Só no fundo da reserva". O pessoal da Resex "ali pelos lados da Sibéria" é contra, mas não resistirão, principalmente se a ponte for construída. Um senhor me afirmou: "essa ponte vai tirar meu sossego”. Só vai beneficiar essas empresas que querem nossa madeira.

Os seringueiros do PAE Cachoeira são conscientes dos prejuízos que o manejo tem causado. E que quem ganha mesmo são as triunfos da vida. Mas a TV potencializa os desejos da cidade. Para satisfazê-los precisam de dinheiro e, atualmente, o modo mais fácil de conseguir é com a madeira e com o gado. É preciso refletir criticamente sobre essas coisas.

 Rubens Santana

Cientificamente, há modelos eficazes. Mas se estás a se referir sobre a sua aplicabilidade, também tenho receios. Enfim, em frente caminhamos.

Carlos Estevão Ferreira Castelo

Os seringueiros do PAE Cachoeira são conscientes dos prejuízos que o manejo tem causado. E que quem ganha mesmo são as triunfos da vida. Mas a TV potencializa os desejos de cidade. Para satisfaze-los precisam de dinheiro e, atualmente, o modo mais fácil de conseguir e com a madeira e com o gado. É preciso refletir criticamente sobre essas coisas.

Rubens Santana

Estive no seringal Rio Branco neste final de semana. Ouvi algo preocupante: os jovens residentes na RESEX não sabem cortar seringa. E nem mesmo locomover-se dentro da floresta.

Carlos Estevão Ferreira Castelo

Também constatei isso na minha pesquisa.

José PorfiroRubens Santana

 Esta constatação preocupa em qual sentido?

Rubens Santana

A atividade extrativista preserva a floresta, seus habitantes e seus serviços, Isto é claro. As atividades e ocupações da população estão sob risco de desaparecer logo no momento em que a extração do látex, dentro da Resex e arredores, ganha novo impulso com a absorção da borracha produzida. A NATEX dobrará sua capacidade de produção em breve! Apenas nesta atividade, um seringueiro consegue renda mensal próxima aos R$ 1.000,00.

Almir Ribeiro

Êita, conterrâneos. Acho que estamos precisando nos debruçar sobre informações reais e realistas e vermos que o mundo mudou, os costumes mudaram, a forma de pensar das pessoas mudou e os modelos de desenvolvimento mais ainda. Acho que precisamos parar de achar que tudo vai ser consumido pela corrupção, pelo descaso e partirmos para uma visão macro economista, baseada nos princípios de respeito à natureza, mas explorando-a como fonte de grandes riquezas que ela é.

Rubens Santana

O que se deve evitar no Acre é o modelo de exploração de manejo rondoniense. Lá é em moldes empresariais e a posse de autorização virou mercadoria vendável nas esquinas. Qual o compromisso que um comprador terá com o projeto original.

Raimari Cardoso

Sem entrar no mérito da viabilidade ou não do manejo, lembro-me de como era a realidade de algumas décadas atrás. A madeira era explorada de maneira violenta e criminosa. Árvores inteiras eram vendidas para as serrarias por alguns minguados tostões. Uma dúzia de tábuas de segunda categoria era vendida a peso de ouro. Em suma, com manejo ou sem manejo a madeira vai continuar saindo da floresta. Acredito que mesmo sendo imperfeito, o manejo é um sistema mais equilibrado que gera maior ganho para o extrativista e que raciona a extração de árvores, nada muito além do que isso. Carlos Estevão está certo. Há que se refletir criticamente o assunto, mas a afirmação de que a ponte da Sibéria causa preocupação a alguém daquele lado do rio e a de que não existe mais caça em razão do manejo, não passam de mitos que não contribuem em nada com a discussão. Acredito que a madeira deva ser explorada da maneira mais correta possível, causando o menor dano, vendida a preço justo, chegando também de maneira acessível à comunidade local que precisa construir suas casas e suas esquadrias com matéria-prima de qualidade. Como isso será plenamente possível, não sei responder.

Melhorou

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Faz exatamente um mês que postei aqui no blog (leia aqui) a reclamação da vizinhança do antigo prédio do IBAMA em Xapuri. Nota-se pela imagem acima que o pedido fez o efeito desejado. O terreno foi limpo e a visão agora é bem melhor que a da foto abaixo.

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Apesar da medida elogiável, continua sendo inadmissível que um imóvel público de localização privilegiada continue abandonado da maneira que está. Poderia ser recuperado para alguma utilidade que tenha por objetivo prestar serviço à população.

O ontem e o hoje

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Esquina das ruas Sadala Koury e Dr. Batista de Moraes.

DivulgaCand

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A 2ª Zona Eleitoral do Acre, que compreende o município de Xapuri, vai funcionar nestas eleições com 56 seções distribuídas em 19 locais de votação. Seis seções serão instaladas na zona rural, nas localidades denominadas Vai-quem-quer, no seringal São José, Nova Vida, no seringal Floresta, Assentamento Tupá, no antigo seringal de mesmo nome, colocação Fazendinha, no seringal Cachoeira, e na sede do seringal Dois Irmãos.

11.338 eleitores estão aptos a votar em Xapuri nestas eleições, sendo que existem, no momento, 518 títulos de eleitor cancelados e 143 suspensos pela justiça eleitoral. Os títulos cancelados são de eleitores que deixaram de votar por duas eleições seguidas, sendo que cada turno de votação é considerado como uma eleição, e os títulos suspensos são de eleitores condenados em processos com trânsito em julgado.

Até o momento, a 2ª Zona Eleitoral de Xapuri tem 75 candidaturas registradas, 4 para prefeito e 71 para vereador, podendo esse número ser reduzido por conta dos julgamentos da justiça que estão em andamento. Em todo o Acre, foram registrados 73 pedidos da candidatura para prefeito e 2.161 para vereador. No Brasil, são 15.300 registros para prefeito e 434.721 para vereador.

O eleitor pode ter acesso a todas as informações prestadas pelos candidatos à Justiça Eleitoral, inclusive os planos de governo dos candidatos a prefeito, acessando a página DivulgaCand, disponibilizada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para acessar o sítio é necessário desativar o bloqueador de pop-ups do navegador.

Antenado

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Manejo Florestal na Resex

Jaqueline Teles (Sedens)

Um dia para entrar para a história. Pela primeira vez no país, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) concede Licença para Extração Florestal dentro de uma Reserva Extrativista.

Essa conquista é de 63 famílias que fazem parte da Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes de Xapuri (Amoprex) e do governo do Estado, que há oito anos lutavam com o Ibama e com o ICMBio por essa licença.

Na terça-feira, 17, líderes comunitários da Reserva se reuniram no Parque Industrial de Xapuri e receberam das mãos de Anselmo Gonçalves, analista ambiental do ICMBio, e de Marque Brito, diretor de Floresta da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), a Licença para Extração Florestal.

O governo do Estado, através Sedens, fomentou o equivalente a R$ 250 mil pelo plano de manejo e o inventário de quase 19 mil hectares de floresta, em 53 colocações. Para este ano foi autorizada a extração de madeira em mais de 1.200 hectares de floresta manejada. Estima-se que cada família receba em torno de R$ 8 mil.

Segundo Marque Brito, essa conquista é um salto na economia e na qualidade de vida das famílias. “Além de uma renda a mais que estarão recebendo com a venda da madeira, as comunidades serão beneficiadas diretamente com melhorias na infraestrutura dos ramais. Somente para este ano, o governo estará recuperando 38 quilômetros de ramais, com possibilidades de abrirmos mais de 40 quilômetros de novas estradas vicinais.”

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Pedro Rocha

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Nos dias atuais, ele é conhecido como Pedro Xapuri, na região do Assentamento Boa Sorte, localizado em Restinga–SP, onde é membro da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores sem Terra – MST. O apelido é herança dos tempos de Amazônia, há mais de 20 anos, quando foi um dos principais nomes da resistência social liderada pelo sindicalista Chico Mendes.

No Acre, Pedro Sebastião Rocha, 67, chegou em 1977, mesmo ano da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, onde foi vice-presidente ao lado da Sindicalista Dercy Teles de Carvalho, que hoje preside novamente a entidade símbolo do movimento dos seringueiros em defesa da permanência na floresta cobiçada pelos latifundiários.

Pedro Rocha chegou à região de Xapuri depois de ter migrado de sua terra natal, Quixadá-CE, para São Paulo. Ao desembarcar em Rio Branco, deixou a esposa, Almerinda, numa pensão e foi a Brasileia acreditando que o INCRA estivesse distribuindo terras, um ledo engano. Comprou então uma propriedade de 20 hectares às margem da Estrada Velha de Brasiléia.

Ele lembra que ao fechar o negócio e efetuar o pagamento da terra, o vendedor lhe disse que estava passando a propriedade adiante porque pretendia ganhar dinheiro cortando seringa na Bolívia e que era sabedor que mais tempo menos tempo o Dr. Adalcides Gallo iria tomar todas as terras daquela região sem dar nenhum direito aos posseiros.

- Se o doutor Adalcides fosse dono dessas terras, ele estaria aqui, agora, trabalhando nelas. Para me tomar esse lugar, ele terá que passar por cima de meu cadáver, afirma ter dito ao seu interlocutor, numa demonstração de que mesmo sem ter a menor ideia do movimento do qual viria a ser um dos símbolos, já trazia no sangue o dom de lutar pela terra.

Depois de tornar conhecido, Pedro foi convidado por Chico Mendes para se inserir no movimento sindical de Xapuri. Ele conta que naquela época, o patrimônio que o STRX possuía consistia em uma mesa, algumas cadeiras, um fogão e uma velha máquina de escrever Olivetti. Além disso, algumas centenas de associados, dos quais apenas uns três ou quatro estavam em dias com as contribuições sindicais.

Mesmo com tantas dificuldades, o sindicato foi capaz de melhor se estruturar, construir uma nova sede e mobilizar os seringueiros em torno de uma causa. O empate, segundo Pedro, foi a grande tática que tornou possível a resistência dos trabalhadores, mas que, por outro lado, foi também a grande razão pela qual muitos tombaram, entre eles o homem que personificou toda a luta dos povos da floresta: o seu grande amigo Chico Mendes.

Pedro Rocha deixou Xapuri e retornou para São Paulo meses depois da morte de Chico Mendes, se estabelecendo na cidade de Franca, onde conseguiu trabalho como zelador do Sindicato dos Sapateiros. Envolvido com este sindicato, foi convidado para participar da ocupação da Fazenda Boa Sorte, onde está até hoje.

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Na imagem acima, Pedro Rocha conversa com os irmãos Pedro e Dercy Teles na sede do Sindicato de Xapuri, na manhã desta terça-feira (17). Ele acabara de chegar do São João do Guarani, onde a esposa, Almerinda, tinha uma promessa a ser paga. Encontrei-me com o casal por acaso, e aproveitei para fazer esse breve registro de um personagem que tão bem simboliza a história de lutas que provocou grandes transformações na realidade do Acre.

Ipês que fascinam

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Nader Sarkis

Certo dia, passando pela estrada do entroncamento, logo ali, na saída da cidade, percebi o quanto as pessoas, assim como eu, gostam de contemplar a beleza dos ipês, quando eles estão no ápice da coloração promovendo um contraste sem medida com outras árvores que nesse mesmo período apresentam, devido à falta de chuva, uma coloração acinzentada.

Na verdade, essa contemplação precisa ser feita exaustivamente devido o curto espaço de tempo que os ipês ficam com suas folhas coloridas, irradiando beleza ao longo de nossas florestas. Pois logo as folhas brancas, roxas, amarelas, lilases se vão, sem, no entanto, dizer se voltam amanhã ou depois. Chega deixar saudades, devido a tanta beleza.

Desde aquele dia, me valendo de minha parca subjetividade, tento extrair uma relação entre a formosura dos ipês e os olhares contemplativos com desejo, quase que insano, da maioria dos nossos políticos que nessa época começam suas composições, seus acordos espalhafatosos, uns com alguns adjetivos até favoráveis, outros completamente desprovidos, almejando serem nossos representantes.

Cá com meus botões, essa relação ou comparação se dá da seguinte maneira: os ipês com suas belezas atraindo todos os olhares somos nós, cidadãos, compositores de uma sociedade desejosa de dias mais aliviados. Os olhares contemplativos vêm deles que, nessa época, com a polidez peculiar, entendem que somos extremamente importantes nos seus mirabolantes “projetos políticos”. São capazes de quaisquer coisas para conquistar a simpatia.

A propósito, nossos artifícios de contemplação têm prazo de validade, como, aliás, deveria ter muitas outras coisas. Quando os ipês não exibem cores estonteantes não são da mesma maneira observados pelos olhos aguçados dos seus observantes, ou seja, quase ninguém os vislumbra justamente por não chamarem atenção, suas folhas já não são iguais, ficaram verdes ou acinzentadas como as outras árvores. É ou não é?

Assim, nesse andamento, os anseios da sociedade já não são mais observados com contemplação, com tanto veemência. Pouquíssimo se dá importância aos “pobrezinhos dos ipês”, que já não chamam a atenção. Foi-se o seu encanto.

E os ipês belíssimos? Ficaram para trás? Sim, óbvio, só voltarão a ser imponentes depois de certo tempo.

Certamente os ipês se regozijam quando percebem tanta presença, assim como também são desejosos de que essa namoração seguisse dias a perder de vista. Mas essa, digamos, química, penso que não foi feita pra valer por longos dias, lamentavelmente.

De quem será a culpa? Ora, talvez seja mesmo dos ipês que não cobram um relacionamento mais intenso. Culpados são também porque não rezingam aos seus observadores por não serem apreciados em determinados momentos, justamente naqueles dias em que são acinzentados.

Portanto, definitivamente, está na hora de somente existirem ipês frondosos, roxos, brancos, vermelhos, amarelos, lilases, sei lá, azuis... Que haja sempre arrebatamento dos observadores e que se encontrem nos “pobrezinhos dos ipês”, diariamente, sua importância devida.

Nader Sarkis é professor e radialista.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Braga e Elson Dantas

O cartunista Francisco Braga demorou quatro anos para me agradecer no Facebook por uma postagem que fiz sobre ele aqui no blog. Resolvi, então, relembrar o post e acrescentar, no final, uma história engraçada que envolve o empresário Elson Dantas, dono do jornal Página 20.

Braga, 48 anos, é cearense radicado atualmente no Rio de Janeiro, de onde, entre outras estripulias, assina o seu Bragger, blog através do qual expressa sua opinião sobre o cotidiano brasileiro por meio da sua arte. Residiu no Acre por mais de 14 anos.

No ano de 2006, venceu a 7ª edição do prêmio José Chalub Leite de jornalismo com a charge Oh, Xapuri, sobre a polêmica poda feita naquele mesmo ano pelo prefeito Wanderley Viana nas árvores da praça de São Sebastião, peripécia que resultou em denúncia por crime ambiental.


Visitar o blog do Braga é garantia de informação mesclada com uma boa dose de bom humor e diversão. Confira mais algumas charges dele.

Propaganda eleitoral

Cotidiacre

Grampeado

ISO é Xapuri

Quando criou seu blog, em 2007, o Braga enviou um e-mail ao amigo Elson Dantas informando da novidade. A resposta foi a que segue, ipsis litteris:

Elson: Por favor, não importune. Eu lá quero saber se você tem um blog onde escreve suas besteiras. Pensei que estávamos livre de sua peçonhenta figura, como você assim o prometeu. Não mande mais e-mail para meu endereço. Faça como eu fiz em relação a sua pessoa. Me esqueça! Quer preencher o tempo ocioso? Arranje uma lavagem de roupa. Ingresse numa dessas quadrilhas que existem aí nos morros da cidade. Empreenda no ramo do mesclado. Não posso perder tempo com seus devaneios. Tenho que me concentrar em coisas úteis, tipo arranjar dinheiro para pagar o salário dos funcionários. Aproveite o bom tempo que está fazendo aí no Rio de Janeiro e vá gastar na praia o dinheiro da tua mulher. Xô!!! Desencarna! Tchau para sempre!”

Braga: Noffa! Pense num cabra que me quer bem! Ele já foi mais legal quando era solteiro e pobre... Sabe, Elson, talvez o Viagra resolva seu problema. Pede pro cara tomar.

Bicho solto

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Livres e leves.

Crime gramatical

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Fui repreendido pelo leitor Uidson por ter postado aqui no blog a placa acima e compartilhado o link no Facebook. A obra gráfica é – com requintes de crueldade - um verdadeiro assassínio das normas gramaticais mais básicas da língua portuguesa. 

O conjunto de equívocos começa pela palavra tijolos, que com a inversão das letras J e L se tornou “tilojos”. Até então, tudo não passaria de um mero erro de digitação caso o redator não tivesse tascado em seguida as pérolas “obejeto”, “términio” e “progama”, isso sem falar dos erros de concordância nominal.

A afixação de placa nas obras e serviços, mais que uma exigência legal, é um poderoso instrumento de divulgação do profissional e das empresas responsáveis. Além de facilitar o trabalho dos agentes de fiscalização, a placa mantêm a comunidade informada sobre valores e prazos de execução, por isso deve obedecer as normas da língua escrita.

Em todo caso, devo esclarecer que não foi intenção do blog ridicularizar ninguém, mas apenas chamar a atenção para um fato, digamos, pitoresco. Erros gramaticais quase todo mundo comete, e este escrevinhador não é a exceção. Mas é fato que corrigendas sempre resultam em aprendizado, razão pela qual apelo aos responsáveis pela placa para que não guardem rancor deste pobre blogueiro.

Conversei com o diretor de Convênios e Projetos da prefeitura de Xapuri, Josué Pereira, que explicou que a responsabilidade de confeccionar a placa é da empresa executora da obra, no caso a Solos Engenharia, que para tal contratou os serviços da gráfica J. Jotas. 

Depois de toda a repercussão causada pela divulgação, a placa que chamou mais a atenção do público pelos erros gramaticais que carregava que pelos benefícios que a obra trará para a comunidade foi ao chão na manhã desta terça-feira (17).

Errata

O comitê da coligação PSDB/PMDB não foi lançado nesta terça-feira (17), conforme foi informado aqui há alguns dias. Na verdade, o que ocorreu hoje foi uma reunião de planejamento de campanha. A informação foi dada por um candidato a vereador pela aliança política, mas o blog assume a responsabilidade pelo equívoco.

De acordo com o candidato a prefeito Marcinho Miranda, o lançamento do comitê de ocorrerá em data ainda a ser definida. Apesar disso, ele informou que sua equipe está em pleno trabalho de campanha nas zonas rural e urbana. Marcinho disputará a prefeitura pela segunda vez, tendo agora como colega de chapa o empresário Aílton Menezes.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

FAMP 2012: “Panelinha?”

Paolo Almeida

Depois de mais de dez anos de espera, o Festival Acreano de Música Popular – FAMP - retorna aos palcos acreanos gerando uma grande expectativa na classe artística e, é claro, na galera que curte boa música. E se tratando de música acreana, podemos afirmar de quão grande riqueza musical o nosso estado dispõe. Infelizmente, a produção e a valorização musical estão muito aquém do merecido.

O FAMP, que em décadas passadas revelou tantos nomes importantes para a música brasileira, retorna em 2012 causando descontentamentos para muitos artistas, bem como para a população de algumas regiões de nosso estado. Se tratando da pré-classificação das músicas escolhidas, podemos afirmar que a comissão que analisou as inscrições não agiu de forma democrática, é bem verdade que existe uma supervalorização para os artistas da capital, dando assim uma atenção maior para os mesmos.

Não queremos discriminá-los, mas o povo do interior, no qual me incluo muito bem, precisa ter seu espaço devidamente respeitado e valorizado, não falo aqui pela região do Juruá, que foi muito bem representada por grandes artistas vencedores de outros festivais, mas na região do Alto Acre fomos prejudicados, onde uma região com tanto potencial musical só pode contar com a representação do maestro Magão de Xapuri com a música “20 anos sem Chico”, sendo esta uma bela composição para a disputa no festival, sendo eliminada na primeira noite de apresentação.

Nossa indignação é pela falta compromisso e respeito da parte da organização do evento em não pluralizar, preferindo destacar artistas da capital e do Juruá (Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Rodrigues Alves e Mâncio Lima). Essas regiões tiveram mais de quinze artistas classificados representando seus municípios. A nossa pergunta é por que o Alto Acre teve apenas um artista classificado, onde tínhamos outros artistas inscritos com ótimas condições de participarem do festival?

O lamentável é ver o dinheiro público financiado pelo governo através da FEM em um evento que não abrange todo o estado, a desorganização dos ensaios e passagens de som, deixando os artistas do interior a mercê de suas vontades dos organizadores, trazendo assim um desgaste para os participantes.

O que me parecia tão inspirador e relevante para a música acreana não passou de uma “panelinha”, empobrecendo assim a nossa arte. Durante alguns meses eu me preparei para esse festival, onde compus com a inspiração de Deus uma canção com o título “Caminho das Águas”, retratando a importância vital dos nossos rios e da responsabilidade que nós temos em preservar e usufruir de forma racional essa riqueza que aos poucos é destruída pelas nossas ações irracionais, mas infelizmente fiquei de fora, sem nenhum argumento que me desclassificasse ou que me impedisse de participar do festival.

Esperamos que os próximos festivais que virão se possa de forma efetiva valorizar os artistas genuinamente acreanos com representatividade de todas as regiões de nosso estado tão abençoado por Deus.

Paolo Almeida é músico xapuriense.

Nota do blog: Por telefone, a produtora do FAMP 2012, Alcinete Damasceno, a Cecé, da empresa Ciranda - Cultura, Comunicação e Meio Ambiente – respondeu não haver recebido nenhuma comunicação formal por parte do músico dando conta de ter sido impedido de participar do evento. Segundo ela, a ideia central do Festival é incluir e não excluir as pessoas que fazem música no estado. Sobre a organização, Cecé afirmou que, apesar das dificuldades comuns à realização desse tipo de evento, foram feitos todos os esforços para que o FAMP 2012 obtivesse o sucesso planejado. A produtora prometeu analisar melhor a crítica do músico para se posicionar mais detalhadamente sobre suas reivindicações.

Conversa franca

Deputado rejeita ser chamado de mandachuva e nega perseguição a colega de partido

Conversei por algumas horas, neste fim de semana, com o deputado estadual Manoel Moraes (PSB). Os assuntos foram do futebol – ele ainda comemora o título do Corinthians na Copa Libertadores da América - à política local, com ênfase, é óbvio, nas eleições de outubro próximo, quando os socialistas tentarão mais uma vez chegar à prefeitura de Xapuri. 

O parlamentar não estava satisfeito com o fato de eu haver me referido a ele em uma postagem como “mandachuva” do PSB. Também se queixava de que alguns comentários meus sobre sua divergência com o vereador Erivélton Soares o tivessem colocado na posição de perseguidor e o edil de seu partido na condição de vítima, o que jamais foi minha intenção.

As discordâncias, no entanto, não foram motivo para que a conversa não fluísse de maneira cordial e o diálogo não se mostrasse produtivo e esclarecedor, tanto para mim quanto para ele. Manoel sempre foi bom interlocutor, e resta claro que a experiência como deputado tem lhe aperfeiçoado essa qualidade. 

Manelão chegou ao PSB em 2006 e se tornou aquilo que o partido jamais possuíra: uma liderança capaz de alavancar a sigla partidária da condição de mera coadjuvante do PT dentro da Frente Popular em Xapuri para se tornar, a despeito da posição firme de apoio ao governo petista no âmbito estadual, uma força antagônica aos companheiros no cenário municipal.

Desde que chegou ao partido, Manoel Moraes disputou três eleições, sendo duas para deputado e uma para a prefeitura. A vitória para a Assembleia Legislativa, depois de haver alcançado a suplência na eleição anterior e uma terceira colocação no último pleito municipal, consolidou de vez sua condição de maior nome da agremiação.

Apesar de sua incontestável influência dentro do PSB, o deputado rejeita ser chamado de mandachuva e garante que sua condição de mandatário não interfere nas decisões do partido que, segundo ele, tanto na executiva estadual quanto nos diretórios municipais, são tomadas com base no debate democrático entre suas lideranças e filiados.

Durante  a conversa, Manelão garantiu que não é responsável por nenhum tipo de perseguição ou manobra contra qualquer membro de seu partido, se referindo à relação arruinada entre ele e o vereador Erivélton Soares que, na Tribuna da Câmara, acusou o deputado de ser o maior responsável por sua provável saída do Partido Socialista Brasileiro.

Demonstrando não querer polemizar ainda mais o assunto, o deputado ofereceu sua versão sobre o fato público que é sua incompatibilidade com o vereador. De acordo com ele, a crise entre os dois chegou a esse ponto depois de uma longa série de atitudes e comportamentos da parte de Erivélton Soares que não foram compatíveis com as posições do partido.

“Ele apenas está colhendo aquilo que plantou”, completou.

Com relação às eleições deste ano, o deputado afirmou que está tranquilo quanto às decisões tomadas pelo partido em Xapuri e ressaltou que o professor Wágner Menezes sempre foi o nome mais indicado para encabeçar a chapa liderada pelo PSB na disputa pela prefeitura do município. Oséias D’Ávila também é considerado um nome positivo para o cargo de vice.

“O professor Wágner é um sujeito sério, cuja trajetória como homem de bem, professor e militante político o credencia para ser candidato a prefeito de Xapuri. Já o Oséias é um jovem inteligente e determinado, que muito bem representa a comunidade evangélica do município, tendo muito em que contribuir para o nosso projeto que é chegar à prefeitura”.

Nos últimos dias, o deputado esteve ao lado do governador Tião Viana na entrega de obras do programa Ruas do Povos em todos os municípios do Alto Acre mais Capixaba e Senador Guiomard. Para ele, as obras estruturantes da atual gestão estadual mostram o grau de comprometimento do governo com a população de todos os municípios acreanos.

Com o recesso da Assembleia Legislativa, que começou na última sexta-feira (13), os próximos 20 dias serão inteiramente dedicados pelo deputado às candidaturas do partido pelo estado, mas a atenção especial estará voltada para Xapuri, município que foi a base de sua eleição e onde o PSB possui a chapa mais emblemática para os socialistas, segundo o próprio Manoel Moraes.

domingo, 15 de julho de 2012

Comitês de campanha

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A Frente Popular de Xapuri foi a primeira coligação a lançar o seu comitê de campanha para estas eleições. O ato foi realizado na última sexta-feira… 13.

Os candidatos majoritários, Bira e França aproveitaram a data coincidente com o número do PT para receberem a militância companheira e comunista para dar a largada na busca pela reeleição. Na ocasião, foram apresentados o slogan e a música oficial da campanha, que este ano tem o tema “Parceria e Respeito”.

O lançamento dos demais comitês, assim como as informações de campanha de todas as chapas, terão garantido o mesmo espaço aqui no blog.

A coligação PSDB/PMDB, de Marcinho Miranda e Aílton Menezes, lança seu comitê majoritário na próxima terça-feira (17), a partir das 8 horas da noite.

A aliança PSB/PSC – Wágner Menezes e Oséias D’Ávila - ainda não tem data marcada, assim, também, como o PV – João Jorge –, que devem marcar data para o lançamento dos seus respectivos comitês nos próximos dias.

Ventos frios benfazejos

José Cláudio Mota Porfiro

O crime nunca é necessário, nem o seu relato, talvez. A crueza dos fatos causa repugnância em quem deles toma conhecimento. O asco é consequência do nível de desumanidade nas relações até entre parentes de primeiro grau. O ser humano é, sim, a pior obra que partiu das mãos de Deus. Felizmente, dentre tantos párias voejando ou mourejando pelo paraíso terrestre, há uma parte considerável que deixa o Altíssimo acima de qualquer crítica fortuita, como a que acabo de tecer. Tem gente boa no mundo, certamente. É claro que Ele não há de levar em consideração a blasfêmia proferida, aqui, por este pecador contumaz e farofeiro. O meu envolvimento com o caso é justificado pela preocupação que tenho por afastar-me tanto da carreira jurídica. Também sou formado causídico, assim como me formei nas artes econômicas enquanto a ciência que combina os números com o bem-estar dos homens. Ora, pois!

É maio sonolento por estas plagas de Deus meu. O rio já está lá embaixo, mais uma vez. Conto vinte e um degraus até a ubá e o batelão, este com motor e gasolina, sempre prontos para qualquer emergência. São seis e meia da manhã. Hoje, muito especialmente, amanheceu uma névoa por sobre a copa da mata e por sobre o rio. No rés da água, não se vê cinco metros à frente. Isto é que é a floresta amazônica. Que silêncio aterrador. Os pássaros emudeceram. Há alguma coisa que se aproxima, sorrateiramente. Quanto encantamento. Que clima doido!

Surge uma novidade de saias por aqui. Chegou ontem, vinda do Seringal Porto Carlos. Há uma canção bonita nos lábios de Maria Mercedes, a nova empregada do barracão, de origem peruana, mas, pelo visto e sentido, amante da música brasileira. Diz-nos ela que a modinha é Serenata, cantada por Vicente Celestino, o indescritível.

Na Guanabara um barco a vela navegava dentro de um raio de luar franjado em prata e um bandolim lá no barquinho alguém tocava a mais sublime e deliciosa serenata. Segui o barco em outro barco para ver quem manejava o bandolim com tanto ardor e uma sereia ouço cantando assim dizer: onde estará meu grande amor (...)

São quatro da tarde. Cai, agora, uma chuva fininha de dar sono, muito sono. O tempo passa sem nenhuma pressa. Morro de saudades, apesar dos olhos peruanos furtivos que me seguem. Lá pelas dez da noite, rajadas de vento fazem um intenso e constante barulho nas folhas dos coqueiros, mangueiras, e, parece-me, rasga o matagal de bananeiras bravas do outro lado do rio, de fora a fora, com fúria... É a friagem.

Uma vez mais, todo o rigor do tempo se abate sobre os amazônicos. E eu, cá com os meus botões, penso agora nos entes queridos que estão distantes. Como posso estar tão longe dos filhos e da esposa? Eu não sou um perseguido. Sempre tive condições materiais para manter a mim e à família, tranquilamente, sem maiores sustos, sem a necessidade da ajuda de quem quer que seja, uma vez que tenho talentos para várias coisas, inclusive, para a vadiagem compulsiva e sadia dos meus fins de semana na urbi. Então, o que importuna é a alma cigana sem paradeiro. Tenho a impressão que jamais vou me sentir sossegado, num canto, cochilando, meditabundo, posto que nunca procurei sossego e sempre fui da pá virada; tenho sangue no olho e fogo nas ventas. Mas tudo passa, até esse período em que rumino tantas recordações boas dos meus que foram ficando pelo caminho, inclusive, as três tias cearenses.

Pela manhãzinha, cessa a ventania. Depois, daqui a alguns dias, ela voltará para encerrar a friagem. É real demais. Deus dá o frio conforme o cobertor e a rede, ou a tipóia. As crianças deixam escorrer dos narizes um catarrinho fino, mas constante, sobre o qual passam as mãos sujas e as levam rumo à boca. Estão vestidas em pijamas confeccionados e até bem feitos pelas mães habilidosas na costura à mão. Os agasalhos são de flanela de qualidade inferior comprada aqui mesmo no armazém, que é a nossa loja de secos e molhados, de tecido, de sal, de querosene, de agulha, de anzol e linha de pescar, e muito mais.

Passados dois dias, as castanheiras já estão desfolhadas, o que é natural; é próprio do ciclo produtivo delas. Os lábios de todos estão ressequidos em vista da necessidade de passar a língua nos beiços para minorar a sequidão deixada pelo vento. As pernas estão cinzentas e os mais morenos não podem sequer se coçar porque a pele mestiça é tomada por um branco acinzentado muito próprio da estação.

As famílias estão mais unidas. Os cobertores são usados também no decorrer do dia. Todos ficam à beira dos fogões de barro, para se aquecer. As mulheres cozinham se espremendo entre os filhos. Os homens vão para o eito em busca do alimento que vem da terra, ou para as missões de comboieiros, no centro do seringal, porque a vida continua e a miséria corre solta por este mundão amazônico de meu Deus. Lembro-me que, no ano passado, aqui mesmo, um velhinho morreu de frio, e de abandono.

À noitinha, fogueiras crepitam bem próximas aos banquinhos onde todos se sentam para a conversa que os torna mais vivos e mais animados. Muitas histórias amazônicas tristes são contadas pelo Sororoca. Vem à tona a sua solidão e a lembrança da quenga que o traiu e ainda consentiu em que o matassem. Penso, então, naqueles que, como o Abidoral Sampaio, moram sozinhos em colocações situadas a quatro ou cinco horas de viagem do barracão à beira do rio.

Mercedes diz que a friagem vem do Peru, lá das cordilheiras. Já eu penso que esse vento (dela) passa bem por cima, se é que consegue transpor as montanhas geladas de lá. Suponho que a friagem vem do sul, da Patagônia e, depois, se engancha na mata e, por aqui, passa dias e dias.

Sento-me debaixo de um pé de jenipapo acompanhado da Mercedes e do velho amigo Sororoca, para que este não me deixe mentir nem me atrapalhe se por acaso a minha conversa e os meus tais encantos falarem mais alto. Ela é morena trigueira, pele cor de jambo bem tratada. Parece que nunca foi do seringal. É falante e um pouco engraçada. De estatura média, cabelos lisos, negros e amarrados ao estilo rabo de cavalo, usa saias rodadas, quadriculadas e muitos já desconfiam. Logo de mim que sou quase um santo. Pela manhã, eu juntara uma pipira morta com as asas tesas. Agora, um bem-te-vi morto cai do jenipapeiro mesmo nas saias da nossa interlocutora. Digo-lhe que não pode haver nenhum presságio negativo, uma vez que mais dois outros pássaros do mesmo tamanho também morreram de frio e jazem ali pertinho.

- Cumpade Melqui! Vosmecê já viu que os cachorros não se levantam e ficam deitados por todo o dia? É que eles são muito magros e lá, debaixo da barraca, aquela terra solta deixada pelas galinhas é bem quentinha devido o contato com o corpo deles. Ói o galo! Ainda tá pegando é galinha. - Eis as observações do mestre Sororoca.

- É mestre. O que o senhor está dizendo é pertinente. Primeiro, as galinhas tem uma plumagem que as deixa aquecidas se não estiverem em contato com o gelo ou com a água. Apesar do frio, o sangue mais espesso que corre nas veias desses animais - como nós mesmos - continua quente. Se esfriar, coitado dos cachorros. Serão jogados para os peixes.

Estou quase dando aula de anatomia. O atencioso aluno é um tanto ensimesmado, mas meu tom é professoral. Os dois prestam uma atenção danada ao que digo. Não estão surpresos, mas ficam boquiabertos. Talvez eu queira impressionar. Ela me acha um sábio e eu me sinto um perfeito cavalheiro como nunca fui.

Daí, foram quinze dias sem a luz do sol. Depois, um céu azul e um vento seco cortante que ainda deixa as noites bem frias. Ontem mesmo, passados já dezoito noites da primeira ventania, fomos à praia, eu, Estácio e Sororoca, com porongas na cabeça, à noite, para uma pescaria diferente cuja denominação é faxiar.

Há um espécime aquático da família das arraias, de nome sôia, sem ferrão, que, no verão, gosta de se esconder debaixo da areia fininha, na água rasa, quando escurece. Como se trata de um peixe muito besta, no dizer dos amazônicos, basta furá-la com um terçado e jogá-la num cesto de cipó. Fresquinha, ainda na janta ela é frita na banha de porco e traçada com macaxeira ou arroz. É uma gostoseira de lamber os beiços e muitos ainda a comem no quebra jejum. É bom deixar registrado que me abespinhei e, empolgado com a pescaria, caí numa ponta de praia, onde o rio de repente se torna mais fundo, e tive que nadar, à noite, de camisa, calça e sapato de seringa. Como os meus amigos mangaram de mim!

Em uma ou duas semanas, como por premonição, todas as contas estão bem passadas no borrador e, inclusive, as que dizem respeito às relações comerciais com as praças de Belém e Manaus.
Agora, é esperar a primeira viagem do comboio às colocações e já teremos novas cadernetas para cada um dos seringueiros, visto que, ainda em junho, muita borracha virá para o embarque ou para a descida no rumo da Boca do Acre, através das balsas.

Na segunda-feira seguinte, já bem de tarde, apareceu uma lanchinha conduzida por um fulano de tal Ovídio, vinda de Xapuri. A embarcação é de mais ou menos uns cinco metros, e só, mas tem o motor no meio do casco, o que lhe dá uma certa velocidade, e se chama Projeto. Quando a ocasião é importante, é uma espécie de correio mais ou menos rápido que pode resolver tudo com muito mais facilidade.

O Ovídio me entregou um envelope com as armas e o selo nacional, onde se lia República Federativa do Brasil. Lá estava o meu nome enquanto destinatário. Fiquei logo arrupiado e pensei na importância de tudo antes de ler o conteúdo da correspondência. A interferência do pessoal de Belém tornara realidade uma sonhada nomeação para chefiar a Mesa de Renda Federal do Acre, em Rio Branco.

Não há o que esperar. Tudo o que tenho de meu, inclusive os livros, é arrumado em duas malotas. Depois da janta, largamos o pau num vinho português. De madrugada, à custa do patrão, como presente, agradecimento, partimos para Rio Branco à bordo da lanchinha Projeto.

Sou feliz por um dia ter nascido abençoado pelas graças de Deus.E tudo está apenas começando...

Como diria o Francisco Braga, José Cláudio Mota Porfiro é uma ruma de coisas, inclusive escritor.