quinta-feira, 9 de agosto de 2012

“Rendez-vous da alta Sociedade Acreana”

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Nesta sexta-feira (10), o museu Casa Branca, um dos principais cartões postais de Xapuri, será reinaugurado depois de receber algumas reformas na estrutura física e a instalação de uma estação digital, além da reativação da Biblioteca Pública Municipal.

Na ocasião, o espaço estará recebendo a exposição Xapuri fotografada: Muitas histórias, várias memórias, promovida pela Associação Filhos e Amigos de Xapuri e organizada pelo historiador xapuriense Sérgio Roberto Gomes de Souza.

A imagem da qual fiz o recorte abaixo, postada no Facebook e enviada ao blog por Sérgio Roberto, via e-mail, não consta no acervo da exposição, mas poderia. Trata-se de um anúncio do “Hotel Casa Branca” no jornal Folha do Acre, edição do distante dia 29 de novembro do ano de 1910. 

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O anúncio corrobora o que o historiador Marcos Vinícius das Neves chama de “estelionato histórico”, se referindo à falsa atribuição de que o patrimônio histórico tenha sido a intendência boliviana onde se iniciou a Revolução Acreana, em 6 de agosto de 1902.

Segundo Marcos Vinícius, o prédio foi erguido em 1910 para servir como hotel e restaurante, como deixa bastante evidente o antigo anúncio de jornal desencavado por Sérgio Roberto. Veja o que o historiador diz em dois artigos publicados na coluna Miolo de Pote, do jornal Página 20, dos quais extraí os trechos abaixo (leia aqui e aqui):

"Isso me lembra a atrocidade cometida há alguns anos quando um doido inventou que a Casa Branca de Xapuri tinha sido a Intendência Boliviana atacada por Plácido de Castro em 06 de agosto de 1902. Mesmo que os velhos senhores de Xapuri contassem que a verdadeira Intendência Boliviana tinha sido no local onde hoje está o Hospital Epaminondas Jácome. Só importava que parecia uma boa ideia ter o local do início da Revolução pros turistas visitarem e pronto! Uma mentira que de tão repetida acaba tomando foros de verdade.”

“Não bastaram, para desfazer a “invencionice” de quem queria a todo custo produzir atrativos turísticos, os protestos de antigos xapurienses que sabiam que ali nunca tinha sido a Intendência Boliviana de Mariscal Sucre. Assim como não foi suficiente o desenvolvimento de trabalhos de historiadores dando conta de que aquele prédio era mais recente que os acontecimentos da Revolução Acreana e que havia abrigado apenas atividades comerciais”.

“Até hoje a fraude da “Casa Branca” de Xapuri continua sendo ensinada às novas gerações de acreanos e prejudica enormemente a compreensão da formação de uma das cidades mais importantes da história do Acre. Afinal, na verdade, a Intendência boliviana ficava abaixo da boca do rio Xapuri (e não acima como está a “Casa Branca”) para viabilizar a cobrança de impostos sobre a borracha produzida nos seringais desse rio além dos seringais do rio Acre. Assim turistas acreanos, brasileiros e estrangeiros seguem sendo enganados por um verdadeiro estelionato histórico. E infelizmente existem muitos outros exemplos de ações semelhantes por todo o Acre”.

No anúncio do jornal Folha do Acre lê-se: “HOTEL E RESTAURANT DE PRIMEIRA ORDEM. Commodos para famílias e viajantes. No andar superior acha-se installada uma luxuosa sala para espetáculos denominada ‘Arthur Azevedo’. Incontestavelmente é o primeiro estabelecimento do futuro Estado. Rendez-vous da alta Sociedade Acreana”.

Abaixo, a imagem na íntegra.

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Jornal Folha do Acre, 29-11-1910, Ano I, N. 12, p. 4

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