sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A unanimidade é burra

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O vereador Ronaldo Cosmo Ferraz (PMDB) comentou postagem minha no Facebook na qual mencionei um e-mail com comentário mal educado que recebi por ter endossado minha opinião sobre a continuidade do edil na presidência da Câmara de Xapuri.

Afirmou o vereador:

“Com certeza que da minha parte nunca fiz qualquer comentário. Até porque minha vida é limpa, minha vida sempre foi sofrida, com 8 anos eu andava nas ruas de Xapuri vendendo cambadas de peixes que meu pai passava a noite pescando, e ainda com tabuleiros na porta das escolas. Trabalhei como lixeiro na prefeitura por 7 anos, os xapuriense sem paixão partidária me conhecem. Direito de imprensa é diferente de pensamento pessoal. Fui aplaudido por todos os presentes (na solenidade de posse), já outros foram vaiados. Por que a imprensa não fala isso?”

Meu comentário:

Tenho certeza absoluta que o vereador não fez qualquer comentário ofensivo a mim. Devo dizer que sempre deixei bastante claras as minhas opiniões sobre a atuação de Ronaldo Ferraz na Câmara e o mesmo jamais deixou de me tratar decentemente em razão disso. Conheço a história de vida de sua família, pela qual nutro profundo respeito. Ocorre que não estamos tratando de valores familiares, mas sim da velha política paroquiana e seus nada imprevisíveis desdobramentos.

Já afirmei ali embaixo e vou repetir: minhas reservas se relacionam com a atual presidência da Câmara e não com a pessoa do presidente. Considero esse continuísmo nocivo para o resgate da instituição que precisa ser atuante e transparente para que a população se sinta bem representada. É bem possível que mudanças ocorram mesmo com a permanência de Ronaldo no comando da Mesa Diretora, mas eu não acredito nisso. É minha opinião.

E essa maneira de pensar não se deve a “paixão partidária”, mas ao fato de a Câmara vir sendo há bastante tempo um verdadeiro monumento à infrutuosidade, razão da indiferença e da desconfiança que a população lhe reserva. Penso que há muito a ser feito em vez de se gastar energia para combater a opinião livre e as críticas contra o corporativismo e a falta de transparência que vêm manchando a imagem do chamado legislativo-mirim nas últimas décadas.

Quanto à cobrança do vereador para que os aplausos que recebeu sejam registrados, quando diz: “Fui aplaudido por todos os presentes (na solenidade de posse), já outros foram vaiados. Por que a imprensa não fala isso?”, não me oponho a atendê-lo, considerando que um político que se elege para seis mandatos realmente merece aplausos. Mas não devemos esquecer que, como bem apregoou Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.

Como já disse Wilson Reeberg, um remador do Clube de Regatas Flamengo das décadas de 1960 e 1970, a unanimidade é o esforço para inibir a criatividade, reprimir a reflexão e enterrar a capacidade crítica. Unanimidade é o fim da discussão. Quem pensa com a unanimidade nem precisa pensar.

Unanimidade deveria ser a última coisa a ser buscada por um dirigente, seja de que área for, pois ela sempre vai deixá-lo em situação de risco. A unanimidade leva-o à acomodação, a achar que está tudo bem quando na verdade não está, a correr o risco de ser surpreendido por acontecimentos desastrosos e irreversíveis porque não foram percebidos a tempo.

A unanimidade persistente também pode levar o dirigente à paranoia, a partir do momento em que sua autoridade começar a ser contestada, com todos passando a ser vistos como “traidores” e até os colaboradores mais chegados considerados como “potenciais inimigos”.

Logo, seria prudente e de bom alvitre que as críticas também continuassem a ser bem recepcionadas.

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