quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

310 alunos têm ano letivo incerto em Xapuri

Diretor diz que problema gerado pela doação do prédio da “escola padrão” ao IFAC é grave e pede sensibilidade e bom senso para que as crianças não sejam prejudicadas

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O diretor da escola municipal de ensino fundamental Rita Maia, Janardes Moreira (foto), fez um apelo às secretarias estadual e municipal de Educação, através da Rádio Educadora 6 de Agosto, na manhã desta quinta-feira (7), para que uma solução seja encontrada para o impasse criado pela doação feita pelo governo do Acre ao Instituto de Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC) do prédio da “escola padrão”, construído nos anos 1990 e cedido ao município.

A escola Rita Maia ocupa o prédio há 11 anos, mas desde 2010 divide o espaço com o IFAC, que recebeu a doação do patrimônio através da Lei nº 2.394 de 17/12/2010. Entre os termos das negociações entre os governos federal, estadual e municipal para a implantação do Instituto na terra de Chico Mendes, constava a construção de um novo prédio para acomodar a escola municipal, mas esse importante detalhe não saiu do papel nos últimos 3 anos.

A convivência entre o IFAC e a escola Rita Maia no mesmo prédio tem sido pacífica e o local se tornou nos últimos anos a maior referência educacional da regional do Alto Acre. O instituto federal atende atualmente a cerca de 400 alunos com cursos de nível médio e superior e a escola municipal oferta a educação básica a mais de 300 alunos, tendo conquistado em 2012 o melhor resultado do ENEM entre todas as escolas de Xapuri.

O problema que ameaça o ano letivo dos alunos da escola Rita Maia começou quando o IFAC anunciou as obras de reforma e ampliação do prédio, que depois de executadas darão à instituição a capacidade para receber 1.200 alunos e de ampliar a gama de cursos oferecidos; e se agravou quando foi decidido que as obras começariam pela demolição da cantina da escola, o que inviabiliza a produção da merenda, sem a qual as aulas não podem funcionar.

Com as aulas marcadas para começar no dia 18 de fevereiro, a escola se encontra com 310 alunos matriculados e sem ter como cumprir com o prazo estabelecido para o início do ano letivo. Diante do imbróglio, Janardes Moreira, que dirige a escola há cinco anos, pediu sensibilidade e bom senso das autoridades responsáveis pela situação, e afirmou que pela primeira vez, durante esse período, sentiu vontade de não ser diretor da instituição de ensino. 

“Já conversei com o prefeito, com o secretário de educação, mas até o momento não temos qualquer solução para o problema. Espero que quem tem a obrigação de se preocupar com essa situação se sensibilizem e que o bom senso predomine. Pela primeira vez em anos como gestor da escola, senti a vontade de não estar na condição de diretor. Hoje, o que temos são apenas os alunos, os funcionários e mais nada”, desabafou o professor.

Janardes Moreira também já comunicou a situação ao promotor de justiça, Bernardo Albano, que prometeu tomar pé da situação para se posicionar diante da questão que preocupa pais e responsáveis por alunos. Apenas nesta semana, a escola já recebeu cerca de 30 pedidos de transferências, mas as demais escolas existentes em Xapuri, todas da rede estadual de ensino, já não contam mais com vagas para este ano letivo.

De acordo com o diretor da escola, uma das tentativas de encontrar uma alternativas feitas pelo prefeito Marcinho Miranda foi solicitar ao reitor da Universidade Federal do Acre, Minoru Kimpara, que cedesse o núcleo da instituição em Xapuri. A resposta, no entanto, foi negativa em razão da já anunciada implantação de dois cursos da UFAC no município a partir do mês de abril deste ano, com previsão da criação de mais dois a partir de agosto.

Na tarde desta quinta-feira, o professor Sérgio Flórido, diretor-geral do IFAC em Xapuri, afirmou que está ao lado de Janardes Moreira na busca de uma solução para o impasse. Comedido nas palavras, o dirigente do instituto federal deixou transparecer que já tem em mente uma saída para a questão, mas também demonstrou que apenas os dois diretores sozinhos talvez não possam equacionar o problema. É necessário que mais alguém se disponha a ajudar.

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