quarta-feira, 6 de março de 2013

O momento é de “fair play”

Uma coisa que me chamou bastante a atenção na noite da última sexta-feira (1º) no auditório do Centro de Educação Permanente de Xapuri (CEDUP), onde o governador Tião Viana fez o anúncio de mais de R$ 80 milhões em investimentos no município para os próximos dois anos, foi o discurso do prefeito Marcinho Miranda, que tratou o chefe do Executivo estadual com bastante gentileza e que não demonstrou outra coisa senão desejar paz e parcerias com o palácio Rio Branco no decorrer dos próximos quatro anos.

O posicionamento do prefeito tucano, no entanto, foi de encontro ao que esperavam gregos e troianos na terra de Chico Mendes, para quem a próxima eleição começa quando termina a última. Alguns dos principais aliados de Marcinho Miranda têm justificado na suposta falta de apoio do governo do Estado o início não muito animador da nova administração municipal. Esperavam, talvez, um tom mais enfático e um discurso menos elogioso e concordante por parte do prefeito que desde que foi eleito acena para Tião Viana.

Já a oposição, comandada pelo PT, aguardava ansiosa que Marcinho Miranda mantivesse o tom da campanha, quando seu principal argumento foi o de criticar incisivamente a administração de seu adversário separando rigorosamente aquilo o que foi ação do governo do Estado daquilo que foi levado a efeito pela administração municipal e estabelecendo uma lógica talvez irracional segundo a qual investimentos da esfera estadual não rendem mérito algum para quem está no exercício do poder municipal .  

Agora no lado oposto, o PT dá o troco e comemora o anúncio de investimentos relevantes que segundo a tal lógica não trarão qualquer mérito nem dividendo político ao prefeito do PSDB. É mais ou menos como se acima do interesse coletivo estivesse colocada uma rinha onde aqueles que se acham a verdadeira representação do bem se digladiam contra aqueles a quem consideram a mais completa representação do mal ou vice-versa. Um círculo vicioso baseado na falta de bom senso e que a cada ciclo de 4 anos desemboca em incompetência administrativa.

Os dois lados fazem vista grossa para uma enorme verdade que é a incapacidade que todas as últimas administrações municipais de Xapuri têm demonstrado em prover uma mínima experiência de gestão pública capaz de pelo menos manter a casa arrumada. Bira não conseguiu fazer isso e muito menos Marcinho conseguirá se a disputa pelo parco poder paroquiano continuar se sobrepondo aos interesses da população de uma cidade que está aos frangalhos.

Alheios a essa pendenga histórica, o atual governo do Estado pavimenta sua caminhada para a reeleição de Tião Viana e a parcela da população de Xapuri realmente comprometida e esperançosa por mudanças em curto prazo aplaude a disposição conciliatória do atual prefeito, que já deve estar percebendo que sozinho ou à mercê da disposição de sua bancada no Congresso Nacional não fará mais que patinar nas ruas enlameadas e esburacadas da cidade. 

Não estou insinuando que situação e oposição devam se abraçar e trocar carícias, mas do alto de minha insignificância ouso perguntar se o atual momento não deveria ser de “far play”, termo disseminado no mundo esportivo com o significado de “jogo limpo”. Como no futebol, na política nem sempre quem ganha é o melhor ou quem perde é o pior. A diferença é que no segundo caso os gols são marcados pela livre e espontânea vontade popular. E bom ou ruim o vencedor tem que ser aceito por todos. Pelo menos é isso o que prega a regra democrática.

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