quarta-feira, 22 de abril de 2015

DESABRIGADOS COBRAM MORADIAS EM XAPURI

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A convivência entre as 23 famílias desabrigadas pela enchente do rio Acre que ainda estão alojadas no ginásio de esportes de Xapuri começa a dar sinais de que está se tornando insustentável. Na manhã desta terça-feira, 21, duas faixas com os dizeres: “Não aguentamos mais. S.O.S” e “Queremos moradia”, denunciavam a insatisfação dos ocupantes do abrigo, além da pressa por uma solução.

Entre os problemas relatados pelos desabrigados estão desentendimentos entre vizinhos de boxes, já tendo sido registrado um caso em que uma pessoa chegou a puxar uma arma branca contra outra, além de uma série de furtos. A limpeza e a manutenção do espaço, que são de responsabilidade dos ocupantes, também têm sido motivos de discórdia, segundo explica a faxineira Andréia Rodrigues.

“A convivência nesse lugar está muito difícil. Além das brigas e de gente puxando faca e terçado dentro do abrigo, se uma pessoa que limpeza no local duas não querem. A única coisa da qual não podemos reclamar é do atendimento que recebemos. Aqui nunca faltou o que a gente comer, mas o que precisamos mesmo é ter novamente um lugar para recomeçar a vida”, desabafou.

As famílias que ainda estão no abrigo são aquelas que tiveram suas casas perdidas após a alagação. Elas dependem das ações de governo voltadas para a construção de unidades habitacionais que sanem ou minimizem o déficit provocado pelo desastre natural. Os recursos destinados ao pagamento do aluguel social ainda não foram liberados pelo governo federal.

Diante da situação, o prefeito Marcinho Miranda resolveu tomar uma medida emergencial. Discutiu com os governos federal e estadual a criação uma bolsa moradia transitória a ser paga com os recursos próprios do município às famílias que ainda estão no abrigo, enquanto se aguarda a liberação do recurso federal. O Ministério Público deu seu aval à prefeitura quanto a legalidade do ato.

Ainda na  manhã da terça-feira, o prefeito, acompanhado do secretário de Assistência Social, Juarez Maciel, e do presidente da Câmara de Vereadores Gessi Capelão, se reuniu com os desabrigados e anunciou o pagamento do auxílio, que deverá ocorrer até o fim do mês de abril. O valor da ajuda será de R$ 350,00 e a própria família buscará um imóvel para alugar.

A medida, no entanto, não tem a garantia de promover a solução para o problema da permanência das famílias no abrigo. É que dificilmente todas elas encontrarão imóveis disponíveis para alugar. Andréia, a faxineira, sabe disso, mas não desanima com a realidade. Entregou à fé o fim do seu sofrimento e daqueles que dividem com ela o inadequado espaço do abrigo de Xapuri.

“Temos que acreditar em Deus e nos nossos governantes”.

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